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Mercado

O que muda nos mercados após Fed manter juros e falar em cortes em 2024?

Banco central americano optou nesta quarta-feira por manter a taxa de juros do país entre 5,25% e 5,5% ao ano

O que muda nos mercados após Fed manter juros e falar em cortes em 2024?
Edifício do Federal Reserve nos EUA, em Washington DC (Foto: Envato Elements)
  • O banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), optou pela manutenção da taxa de juros do país no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano
  • Segundo a ferramenta CME FedWatch, após a decisão, a chance do Fed cortar os juros em junho subiu de 64,7% para 73,2%
  • O BC americano manteve a projeção de 3 cortes de juros ainda em 2024; tom mais dovish animou os mercados e leva o Ibovespa ao maior patamar desde o início do mês

O banco central (BC) dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), optou pela manutenção da taxa de juros do país no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano na decisão desta quarta-feira (20). Já é a quinta reunião seguida em que a autoridade monetária mantém a taxa estabilizada no maior patamar em décadas.

O BC americano divulgou ainda que a mediana das expectativas do comitê de política monetária da instituição aponta para juros de 4,6% ao final do ano. Mesmo com a inflação e o crescimento econômico do país ainda fortes, o Fed espera três cortes na taxa ainda em 2024.

“Em suma, a decisão veio dentro do esperado, houve pouca mudança no comunicado e o foco recai sobre a entrevista de Jerome Powell (presidente do Fed). O impacto de curto prazo diz respeito à volatilidade nos diferentes mercados – juros, dólar e bolsa”, destaca William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. “Mas chama atenção o fato do Fomc ter revisado sua projeção de inflação (núcleo do PCE) para cima e ainda assim ter mantido a projeção de  três cortes de juros para o ano.”

Às 15h01, o Ibovespa operava na máxima do dia, 0,83%, aos 128.590,06 pontos, impulsionado pela decisão. O índice continuou em alta em meio ao discurso de Powell e às 16h07 subia 1,30%, aos 129.188,97 pontos. É a primeira vez que o Ibovespa retoma a casa dos 129 mil pontos desde o dia 07 de março.

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Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, explica que esse movimento positivo indica que as novas projeções do Fed vieram “melhor do que o que era temido”, dado que existia no mercado receio de que os dados mais recentes de atividade econômica nos EUA pudessem reduzir a projeção de três cortes para dois em 2024.

“Tal receio não se concretizou, o que causou uma reação positiva imediata nos ativos de risco. Porém, se debruçando nos detalhes das novas projeções de crescimento, inflação e expectativa da trajetória de juros para além de 2024, claramente percebe-se um movimento mais conservador que ainda sugere uma postura mais prudente da autoridade monetária americana”, destaca.

Impacto dos juros dos EUA nos mercados

A decisão pela manutenção do atual patamar de juros nos EUA não faz tanto peso nos mercados, pois já era esperada e estava amplamente precificada nos ativos. O grande ponto da reunião desta quarta-feira, no entanto, ficou com o comunicado e possíveis sinais que o presidente da instituição, Jerome Powell, poderia dar em seu discurso sobre o início dos cortes de juros.

Na virada do ano, os mercados acreditavam que o ciclo de aperto monetário norte-americano deveria ocorrer ainda no primeiro trimestre. Essa expectativa levou a uma onda de apetite a risco pelo mundo, levando as bolsas americanas ao seu “all time high” – termo usado no mercado para se referir à máxima histórica de um ativo. No Ibovespa não foi diferente e, depois de um rali de alta entre novembro e fevereiro, o índice da Bolsa brasileira encerrou 2023 em seu patamar recorde.

Ao longo dos primeiros meses de 2024, no entanto, as projeções mais otimistas foram sendo revertidas à medida que novos dados econômicos dos EUA foram divulgados. Prevalece essa dinâmica: qualquer indicativo de que os juros americanos podem cair antes do que se imagina leva os ativos de risco a uma alta, enquanto a perspectiva de que os juros fiquem mais altos por mais tempo penaliza os mercados globais.

Hoje, boa parte do mercado acredita no início dos cortes em meados de junho. Segundo a ferramenta CME FedWatch, após a decisão, a chance do Fed cortar os juros em junho subiu de 64,7% para 73,2%. Ainda assim, existem analistas mais pessimistas projetando a primeira redução só em setembro. “Em discurso, Powell citou mais uma vez que a política monetária já está em seu pico. Com isso, acredito que as apostas seguem firmes para junho em relação ao primeiro corte do juros americano”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Alívio no mercado

Na fala, Powell destacou que apesar de a inflação estar alta, o mercado de trabalho vem se reequilibrando, demonstrando uma desaceleração ainda que apertada, o que é muito positivo. Por causa disso, ainda que não tenha indicado quando o início dos cortes de juros devem começar, o discurso do presidente do Fed foi interpretado pelo mercado de forma mais “dovish”, um termo usado para designar políticas monetárias mais estimulantes – na prática, pode indicar o intuito de promover cortes de juros, por exemplo.

Para Danilo Igliori economista-chefe da Nomad, trata-se de uma ausência de surpresas, o que “frente às alternativas, deve ser recebido como um alívio”, diz. “Minha leitura é de que o FOMC não quis gerar qualquer sinal de que ocorreram mudanças na percepção dos participantes de janeiro para cá. Em resumo, repetiram a mensagem principal da reunião anterior. Estamos indo bem, mas será necessário esperar mais um pouco para ver o que nos espera mais para frente”, destaca.

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