- O aumento da dívida pública brasileira para além de 90% do PIB diminui os ganhos com títulos públicos
- A aplicação em crédito privado envolve maiores riscos: investidor precisa saber se o produto está de acordo com o seu perfil e objetivo
Desde que a sequência de cortes na Selic começou, levando-a ao menor patamar da história, de 2% ao ano, os ganhos em renda fixa diminuíram junto com a taxa básica de juros. Quem antes atingia um bom lucro com baixo risco foi obrigado a mexer no portfólio, sob o risco de ver suas aplicações perderem em rentabilidade para a inflação.
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Neste cenário, especialistas consultados pelo E-Investidor enxergam as aplicações em crédito privado uma boa oportunidade para diversificação. Isso porque os títulos públicos não estão mais tão atrativos por conta da questão fiscal brasileira.
Com a dívida chegando a mais de 90% do PIB nacional – R$ 6,534 trilhões, segundo o Banco Central-, o risco do País aumentou, diminuindo o ganho nestes produtos. “O aumento do endividamento piorou o ganho com títulos públicos, mas o crédito privado não sente isso”, diz Carlos Messa, responsável pelos fundos abertos da Quasar.
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Simone Albertoni, analista de produtos de renda fixa da Ágora Investimentos, concorda que o produto é uma boa forma de diversificação para quem busca maiores lucros dentro da renda fixa. “É uma excelente oportunidade”, afirma.
Por dentro do crédito privado
O mercado de crédito privado é formado por títulos de dívida de empresas privadas que o investidor pode comprar para financiar os projetos da companhia, recebendo o valor de volta com juros. O principal risco desta aplicação, portanto, está relacionado à inadimplência da empresa.
Além disso, o produto não tem garantia do FGC. Daí o fato de a aplicação ser uma das mais arriscadas dentro da renda fixa – ao mesmo tempo, é o que garante a sua boa rentabilidade. É fundamental que o investidor saiba de quais empresas está comprando a dívida, para não correr o risco de calote por parte da companhia.
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“A pessoa precisa ter em mente que está aumentando a volatilidade da sua carteira, deve avaliar se isso está de acordo com seu perfil e estratégia”, afirma Albertoni, ressaltando que os investidores têm que ficar atentos à classificação de risco das companhias, conferida pelas agências especializadas.
Além disso, a liquidez do produto é diferente e, muitas vezes, o retorno é de longo prazo. Ou seja, quem adquirir o crédito privado precisa estar ciente que não contará com o valor até a data de vencimento.
Messa, da Quasar, diz que a aplicação é recomendada para o investidor que se encaixa no perfil “conservador/moderado”, e está em busca de diversificação da carteira de renda fixa para melhor rentabilidade. “O produto tende a render 3% a 4% ao ano, enquanto os títulos públicos e os fundos DI estão abaixo disso”, afirma.