- A vacina contra a covid-19 foi um dos principais direcionadores da B3 no ano passado e sua boa perspectiva impulsionou o Ibovespa até seu patamar mais alto da história
- A aprovação do imunizante beneficia diretamente os setores aéreo, turismo e shoppings
- Outros ativos também possuem boas perspectivas, mas dependem da resolução de outros fatores para se destacarem
Um dos principais direcionadores do desempenho da B3 tem sido a expectativa de uma vacina contra a covid-19 e o início de sua aplicação. Sustentado por esta perspectiva positiva, o Ibovespa recuperou a queda de mais de 45% até seu pior momento na crise, encerrou 2020 no campo positivo e atingiu seu pico histórico neste ano, aos 125.076,63 pontos no dia 8 de janeiro.
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Neste domingo (17), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da CoronaVac e do imunizante da Universidade de Oxford contra a covid-19 no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o Plano Nacional de Imunização começou nesta segunda (18), às 17h. O IBOV encerrou o pregão do dia em alta de 0,74%, aos 121.241,63 pontos.
Com a possibilidade de a população do País ser vacinada, alguns setores podem se beneficiar, mas o investidor deve ficar atento.
Aéreas, turismo e shoppings
Para especialistas do mercado consultados pelo E-Investidor, a chegada das vacinas impacta diretamente as ações dos setores aéreo, turismo e shoppings. No Ibovespa, as empresas do segmento são Azul (AZUL4), GOL (GOLL4), Embraer (EMBR3), CVC (CVCB3), Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTA3), brMalls (BRML3) e Aliansce Sonae (ALSO3).
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“A volta do fluxo e do consumo das pessoas tende a melhorar diretamente essas empresas. Elas foram as que mais sofreram com o isolamento no ano passado e, com o fim dele oficialmente cada vez mais próximo, as companhias podem se recuperar ao patamar pré-crise”, afirma Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
Apesar disso, José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos, pontua que o investidor deve ficar atento antes de aplicar nestas ações. Isso porque o mercado sempre antecipa os acontecimentos e alguns destes ativos podem não ser mais tão atraentes. “Tem que fazer um stock picking bom, pois grande parte já foi precificado”, diz Cataldo.
Além disso, Carvalho ressalta que questões envolvendo a vacina ainda podem impactar negativamente o Ibovespa e, principalmente, estes papéis. Segundo o analista da Toro, há países na Europa que sofrem com a reposição do imunizante por questões de logística, o que também deve ocorrer por aqui. “Isso é uma realidade em outros países e será no Brasil também”, diz Carvalho.
Boas oportunidades com resolução de outros direcionadores
Mesmo que a chegada da vacina impacte diretamente o desempenho das ações citadas acima, isso não significa que outros papéis não são atrativos (ou até mais). “Acreditamos que há muitos setores bem posicionados e podem ser impulsionados em 2021 por outros direcionadores”, afirma Cataldo, da Ágora.
Entre os segmentos citados estão o de commodities e o de bancos, que são impactados pela retomada das economias e são ativos que atraem os investidores estrangeiros. “As commodities, principalmente, têm um ano muito promissor”, ressalta o analista da Toro.
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Para que isso aconteça, no entanto, outras questões precisam ser resolvidas. Isso porque com a confirmação do imunizante, a resolução de outros assuntos entra como prioridade para os investidores para que a economia se recupere rapidamente e, consequentemente, beneficiem estas ações.
“A questão fiscal vai guiar nosso longo prazo e as reformas e as privatizações necessárias também precisam ser desenvolvidas para o Ibovespa atingir patamares ainda maiores”, diz Cataldo, salientando que pode haver grande volatilidade na B3 caso haja complicações com estes temas.