Ações da CVC despencam em 2024, mas concorrente dispara 104%. Veja por quê

A empresa argentina é líder em tecnologia de viagens na América Latina e é negociada na Bolsa de Nova York com o ticker DESP. Não há um BDR (Brazilian Depositary Receipt) disponível na B3 que represente as ações da Despegar.com Corp.

A diferença reflete a abordagem das empresas no setor de turismo, com a primeira enfrentando muitos desafios. A começar pela estrutura tradicional de negócio por meio de agências físicas, além de um processo de recuperação financeira. A conjuntura de alta intensa do dólar e dos juros futuros no Brasil também pressiona a operação, já que o gasto com turismo é mais sensível ao ciclo econômico.

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Por outro lado, a Despegar tem se beneficiado de um modelo de negócios online, atraindo a confiança dos investidores. Maior prova disso foi a última notícia que envolveu a companhia, antes do Natal, com a dona do Ifood anunciando um acordo definitivo para adquirir a operação por US$ 19,50 por ação. Esse é um prêmio de 34% sobre o preço médio das ações dos últimos três meses. Uma proposta de US$ 1,7 bilhão pela empresa.

Segundo análises do mercado, a aquisição permitirá à Despegar acessar recursos estratégicos, expertise operacional e tecnologias avançadas da Prosus, acelerando sua expansão e fortalecendo presença no mercado latino-americano.

Ao longo de 2024, a Despegar apresentou recordes operacionais, como aumento de 94% no Ebtida ajustado (métrica de lucro operacional sem efeitos temporários), com uma margem de lucro de 3,3% e um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 37,49% nos últimos 12 meses. Também assinou um contrato de terceirização de hospedagem de 10 anos com a Expedia Group (EXGR34) e lançou a Sophia, uma assistente de viagens com IA, oferecida como software as a service (SaaS) para parceiros comerciais.

Assim como a CVCB3, a Despegar também sofreu com o fortalecimento do dólar ao longo do ano, com suas reservas brutas reduzindo em US$ 1,3 bilhão, especialmente nas operações do Brasil e México.

Para a CVC, os últimos meses de 2024 pareciam promissores. No terceiro trimestre, a empresa reportou um lucro líquido de R$ 14,4 milhões, marcando o fim de uma sequência de 20 trimestres consecutivos de prejuízos. O resultado positivo foi reflexo de melhorias operacionais e uma gestão financeira mais eficiente.

A mudança injetou um ânimo nas ações, com especialistas do Itaú BBA indicando, em setembro, que os papéis da companhia poderiam encerrar o ano cotados a R$ 5,10, uma alta de 180% na comparação do fechamento de 12 de setembro, a R$ 1,82. Foi neste mês que a CVC anunciou medidas para reestruturar suas dívidas e melhorar sua posição financeira.

Essas iniciativas resultaram em uma valorização acumulada de 56% de janeiro até o pico de valorização de suas ações em 26 de novembro, a R$ 2,84. Mas a perspectiva otimista dos investidores se esvaiu no dia seguinte, com a frustração do anúncio do pacote de contenção de gastos do Ministro Fernando Haddad, na quarta-feira, 27 de novembro. Desde então, a CVCB3 já perdeu cerca de 50% de seu valor de mercado, fechando cotada a R$ 1,43 no pregão desta terça-feira (26).

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