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Nos últimos anos, os sites de apostas se popularizaram rapidamente, impulsionados por propagandas e pela promessa de ganhos fáceis. O setor movimenta bilhões anualmente, mas seu impacto na vida dos brasileiros vai além dos lucros das empresas. Em 2023, mais de 300 empresas de apostas esportivas movimentaram entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões no Brasil, o equivalente a quase 1% do PIB, de acordo com projeções da Strategy& Brasil, consultoria estratégica da PwC. Para muitas famílias, as apostas se tornaram um problema financeiro e emocional, levando ao endividamento e até a dependência compulsiva.
Diante desse cenário, o governo federal tem manifestado preocupação com o avanço das apostas no país. Em 3 de outubro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou a população sobre os riscos do vício em jogos de azar e seus impactos financeiros. “Tem muita gente se endividando, gastando o que não tem, e nós achamos que isso precisa ser tratado como uma questão de dependência”, afirmou o presidente.
Ainda naquele mês, o governo anunciou uma ofensiva contra sites de apostas ilegais. Em uma ação conjunta, o Ministério da Fazenda e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) retiraram do ar cerca de 2 mil plataformas irregulares, como parte da estratégia para regular o setor e minimizar seus efeitos nocivos.
A preocupação com os impactos financeiros das apostas também é compartilhada por especialistas. Um estudo da consultoria PWC, publicado em agosto de 2024, revelou que os jogos de azar já representam 76% dos gastos das classes mais baixas com lazer e cultura.
Um relatório do Instituto Locomotiva de Pesquisa, especializado em análises de comportamento, consumo e tendências, entrevistou por telefone 2.060 adultos em 142 cidades brasileiras na primeira semana de agosto. Com base nos dados coletados, os resultados foram projetados para a população adulta, revelando que 52 milhões de brasileiros já fizeram apostas esportivas on-line. Desses, quase metade (25 milhões) seriam novos apostadores, que iniciaram em 2024. Além disso, 45% dos jogadores entrevistados afirmaram ter registrado prejuízos financeiros, e 37% relataram ter utilizado para apostas em dinheiro originalmente destinado a outras despesas essenciais
Além dos prejuízos financeiros, os sites de apostas podem trazer consequências psicológicas severas. A psicóloga clínica Larissa Araújo explica que a promessa de ganhos rápidos cria uma armadilha mental, especialmente em um cenário em que há uma busca incessante por emoções intensas. “Do ponto de vista da saúde mental, isso pode comprometer relacionamentos com familiares e amigos, além de causar prejuízos financeiros significativos”, alerta a especialista.