- Apesar da crise, o setor de e-commerce se destacou em 2020 e Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3) tiveram desempenho muito acima do Ibovespa
- Para 2021, no entanto, o bom momento não deve continuar e as ações devem perder espaço para o varejo de vestuário
- Porém, isso não significa que os papéis vão performar mal, apenas que o desempenho não será tão bom como no ano passado
Apesar da crise causada pela pandemia de covid-19, o setor de e-commerce teve um 2020 muito positivo e foi o principal destaque da B3 no ano passado. Com as severas restrições sociais impostas, as vendas on-line foram impulsionadas e o crescimento que era esperado em anos aconteceu em apenas alguns meses para o segmento.
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O resultado disso foi percebido nas ações da Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3), que encerraram o ano com desempenhos muito acima do mercado. Em ordem, as performances foram de 109,84%, 44,67% e 20,67%. O Ibovespa subiu 2,92% no período.
Considerando a valorização dos ativos desde o pior momento na crise para a bolsa brasileira (23 de março), a alta dos papéis é ainda maior do que a do principal índice da B3, com exceção de BTOW3 – as performances foram tão boas, que as companhias ficaram conhecidas como as “queridinhas da B3”.
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Daquele inesquecível 23 de março até o último pregão de 2020, as ações subiram 230,46%, 266,44% e 66,76%, respectivamente – o IBOV valorizou 87,22% na mesma base de comparação.
No começo deste ano, no entanto, o bom momento das ações não continuou e os desempenhos são mais tímidos em 2021. Até às 12h50 desta quarta-feira (3), BTOW3 sobe 19,56%, a R$ 90,24, MGLU3 1,32%, a R$ 25,26, e VVAR3 cai 6,31%, a R$ 15,13.
“Ano passado foi excepcional para essas empresas, mas este ano o mercado está mais cauteloso. B2W é a única com um bom desempenho, porque caiu muito no final do ano passado e ficou para trás, mas não tem nada de concreto que justifique que ela vai se destacar”, diz Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos.
Varejo de vestuário em destaque
A cautela do mercado em relação às empresas de e-commerce acontece porque a valorização delas foi muito forte no ano passado e as companhias não devem conseguir manter o mesmo ritmo de crescimento nas vendas. Portanto, as ações também não devem apresentar grandes valorizações.
Especialistas do mercado consultados pelo E-Investidor explicam que o grande destaque do varejo em 2021 deve ser o setor de vestuário, modalidade que não é forte em nenhuma dessas empresas. “As vendas de roupas, calçados e acessórios não foram bem na pandemia e acreditamos que elas vão acelerar daqui para frente”, afirma José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Neste cenário, Cataldo pontua que a corretora mudou sua tese de investimento para o setor e agora o foco é justamente este segmento de vestuário. “Achamos a C&A (CEAB3) a mais atraente do setor, tanto que a incluímos em nossa carteira recomendada para fevereiro. Também gostamos de Enjoei (ENJU3) e Natura (NTCO3) para este ano”, diz o head da Ágora, salientando que Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3) têm recomendação “neutra” pela Ágora
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Apesar disso, Cavalheiro ressalta que isso não significa que as queridinhas da B3 e, consequentemente, as ações, terão um ano ruim, apenas que 2021 pode não ser tão positivo como foi 2020.
Segundo ele, o mercado espera um crescimento nas vendas de Magazine Luiza, Via Varejo e B2W em torno de 20%, o que é um bom número, só que mais baixo em relação ao ano passado. Os dados completos serão divulgados nos balanços das companhias do 4T20.
“As empresas estão mais otimistas e esperam crescer cerca de 50%. Se isso acontecer, será uma grande surpresa para o mercado e MGLU3, VVAR3 e BTOW3 poderão se valorizar bastante de novo”, afirma o fundador da Rio Verde.