

As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta terça-feira (4), com aversão a risco dos investidores ditando o tom dos mercados em Wall Street diante das tensões nas relações comerciais globais com Donald Trump. A partir de hoje, produtos do Canadá e do México que chegarem no país norte-americano vão sofrer tarifas adicionais de 25%. No caso da China, a taxa foi dobrada, acumulada agora em 20%.
Os países já anunciaram novas taxas de importação aos produtos dos Estados Unidos em retaliação às tarifas impostas pelo governo americano. O Ministério das Finanças da China aplicou tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e tarifas de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios. Além disso, 15 empresas americanas não poderão mais comprar produtos chineses sem autorização especial.Veja os detalhes na cobertura do Estadão.
O índice Nasdaq recuou 0,35%, para 18.285 pontos. O S&P 500 fechou em queda de 1,22%, aos 5.778 pontos, enquanto o Dow Jones caiu 1,55%, aos 42.520 pontos. No acumulado do ano, todos os índices estão no vermelho, com destaque para o Nasdaq Composto, que registra perdas de 5,71%.
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O Morgan Stanley alerta que as tarifas sobre México, Canadá e China poderiam diminuir o lucro conjunto do S&P 500 entre 5% e 7% e consequências econômicas “significativas”. Dentre elas, estão o aumento da inflação nos EUA, menor crescimento e recessão no México, citam os estrategistas do banco americano, em comentário a clientes, segundo apurou o Broadcast.
Entre os destaques do pregão de hoje, as ações da Target e da Best Buy caíram 2,87% e 13,26%, respectivamente. As duas companhias mencionaram a investidores que as tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos podem resultar em aumentos de preço no curto prazo.
No setor de tecnologia, destaque para as ações da Nvidia (NASDAQ:NVDA), que fecharam em alta de 1,69%. Ontem, a Nvidia encerrou o pregão com o menor preço desde meados de setembro do ano passado. A empresa, porém, segue operando com valor de mercado abaixo dos US$ 3 trilhões.
Analistas do banco Mizuho apontam que o declínio no preço das ações da companhia ocorre por uma série de motivos, entre eles preocupações com potenciais restrições às exportações de equipamentos de inteligência artificial. Nem todas as ações de tecnologia, no entanto, tiveram recuperação. Os papéis da Tesla fecharam em queda de 4,43%, enquanto os da Apple caíram 0,88%.
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Os papéis de empresas de tecnologia asiáticas também caíram. As ações da Advantest, uma empresa japonesa de semicondutores, da sul-coreana SK Hynix e de empresas chinesas de inteligência artificial caíram após o anúncio das tarifas.
Bolsas europeias recuam em meio às tarifas de Donald Trump
As bolsas da Europa fecharam em queda, com os temores desencadeados pela entrada em vigência das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em queda de 1,27%, a 8.759,00 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 3,53%, a 22.328,91 pontos. O CAC 40, de Paris, caiu 1,85%, a 8.047,92 pontos. Em Madri, o Ibex 35 perdeu 2,49%, a 13.039,60 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 registrou baixa de 1,64%, a 6.700,33 pontos, enquanto em Milão, o FTSE MIB marcou variação negativa de 3,41%, a 37.736,16 pontos. As cotações são preliminares.
Em análise, o Deutsche Bank menciona que a Europa deve estar pronta para “um grande golpe em seu crescimento já anêmico”, à medida que a política tarifária americana se torna cada vez maior. De acordo com o banco alemão, ainda que a UE esteja menos exposta ao mercado dos EUA do que os vizinhos do país, a pressão tarifária ainda tiraria 1 ponto porcentual do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do continente. “Grandes mudanças na ordem global que influenciarão os mercados e as economias nos próximos anos estão, sem dúvida, surgindo agora”, pontua o Deustche Bank ao relembrar que os europeus devem ser alvos de tarifas de 25%, assim como os canadenses e mexicanos.
As principais montadoras europeias fecharam em queda, como a Ferrari (-3,95%), Mercedes-Benz (-5,34%), Volkswagen (-2,28%), Stellantis (-10,67%) e Renault (-4,85%).
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No entanto, de acordo com o Swissquote Bank, apesar dos temores, os investidores têm preferido ações europeias em vez das americanas devido a preocupações com o crescimento mais fraco nos EUA, considerando o impacto das tarifas. Além disso, é esperado que a UE realize mais investimentos no setor de defesa, o que pode dar suporte ao apetite de risco. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs um plano de 800 bilhões de euros, nomeado “REARM Europe”, para fortalecer as defesas.
*Com informações da Fortune e do Broadcast