- A Omega é uma empresa de geração de energias renováveis que atua com diferentes matrizes, entre elas solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas. Fundada em 2008, a companhia realizou IPO em 2017
- A companhia registrou um aumento de 144% na geração de energia, alcançando os 1.547,1 GWh frente aos 634,9 GWg apurados em 2019
Para Antonio Bastos Filho, CEO da Omega Geração (OMGE3), o modelo de subsídios implantado por meio do Proinfra em 2002, para difundir e viabilizar as fontes de energia renováveis, já não faz mais sentido. Bastos considera que mesmo sem o auxílio a atividade é rentável. Segundo ele, o custo da energia solar no Brasil caiu 90% entre o fim de 2009 e 2020.
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A Omega é uma empresa de geração de energias renováveis que atua com diferentes matrizes, entre elas solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas. Fundada em 2008, a companhia realizou sua Oferta Pública Inicial de Ações (IPO) em 2017.
No fim de abril, a Omega divulgou os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2021. Apesar de ter registrado prejuízo de R$ 93,8 milhões, 81% maior do que o do mesmo período de 2020, o Ebitda ajustado – lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – cresceu 137%, atingindo os R$ 236,8 milhões.
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A companhia também registrou um aumento de 144% na geração de energia, alcançando os 1.547,1 GWh frente aos 634,9 GWg apurados em 2019. No dia 5 de abril, a Omega adquiriu o projeto Assuruá 4, na Bahia, com capacidade de geração de 225 MW. A compra está prevista para ser concluída no primeiro trimestre de 2023.
Segundo Bastos, esse foi o primeiro trimestre em que a empresa reportou resultados com base no guidance – o conjunto de estimativas da própria empresa. “Neste primeiro trimestre, nós fechamos acima de cerca de 3% das nossas projeções”, diz.
Confira a entrevista na íntegra.
E-Investidor – A geração de energia renovável tem ganhado tração no mercado internacional nos últimos anos. O que é preciso para avançarmos ainda mais?
Antonio Bastos Filho – Nos últimos 10 anos, temos tido um protagonismo muito grande das energias renováveis, inclusive eu diria que ele é definitivo. Podemos dividir o avanço das energias renováveis em três fases. Primeiro aquele momento inicial, no qual a sociedade tinha que se esforçar para fazer energia limpa – que é super importante ambientalmente. Nessa época, havia subsídios como o Pró-Infra, que foi um programa do governo para fomentar a energia renovável.
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O segundo momento foi quando essas fontes começaram participar de leilões de maior escala e esses leilões começaram a mostrar que existia uma tendência do preço da energia solar e eólica baixar em função do avanço tecnológico. Esse avanço rápido, juntamente com os recursos naturais fabulosos do Brasil, já que nós temos o melhor vento do continente do mundo e um sol espetacular, nos levaram ao terceiro momento, que é o dia de hoje. É a fase em que, claramente, as energias mais baratas para expansão sem subsídio são a eólica e solar.
E-Investidor – Os investidores veem as ações do setor elétrico com bons olhos por conta dos dividendos. Porém, a Omega não distribui proventos desde 2018. Por quê? Há alguma previsão para retomá-los?
Bastos – Por enquanto não e a razão é muito simples. Um dos nossos principais atributos como empresa é a nossa habilidade para alocar capital, ou seja, fazer investimentos em nosso caixa em coisas que sejam tão ou mais rentáveis do que os retornos que nossos investidores desejam.
Nós temos um processo de crescimento derivado de novos investimentos. Desde o IPO da empresa, crescemos sete vezes a capacidade da companhia. Esse crescimento demanda caixa e hoje nossos acionistas gostam muito dessa filosofia. Portanto, estão satisfeitos com a nossa decisão de usar o dinheiro para comprar novos ativos e expandir a empresa versus pagar dividendos.
Somos uma companhia de geração que é high growth, é um setor que cresce muito rápido em comparação a companhias mais tradicionais, como distribuidoras e hidrelétricas, mais estáveis em mercados de crescimento mais tênue.
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E-Investidor – Em uma entrevista recente, o sr. disse que o Brasil não deveria oferecer subsídios para a energia solar e que a prática é incoerente com a agenda ESG. Por quê?
Bastos – Nossa convicção é que tivemos três momentos diferentes na energia renovável. No primeiro momento, fazia sentido que a sociedade fizesse um esforço para viabilizar uma fonte de energia limpa e renovável, que beneficiasse por décadas ou séculos a sociedade como um todo.
Essa prática de viabilizar demandou dinheiro da sociedade para que essa nova tecnologia se estabelecesse. Hoje esse não é mais o caso, esse investimento que a sociedade fez para subsidiar a energia renovável já se paga, a tecnologia avançou tanto em termos de desenvolvimento e produtividade que, hoje, as energias eólica e solar já são mais baratas sem subsídio.
Não faz sentido exigir um esforço da sociedade para uma atividade que já é competitiva por si só. Agora, por que isso é ESG? A letra S, de social, é um compromisso que uma empresa como a nossa faz de buscar equidade, transparência, justiça e distribuição de renda, promovendo prosperidade para todas as pessoas do país.
Essa atividade, mesmo sem subsídio, já é rentável, então não é justo impor para a sociedade ou aos contribuintes um custo desnecessário. Para você ter uma ideia, entre o fim de 2009 e 2020, o custo de energia solar caiu 90% no Brasil.
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E-Investidor – Qual seria o melhor modelo?
Bastos – Acreditamos que a competição é o caminho, nós já temos empresas no Brasil muito competentes em energia renovável. Garantir um ambiente de mercado livre, em que a competição leve as companhias a baixarem os preços, serem mais eficientes, é o melhor para continuar o processo de baixar preço paro consumidor final.
A nossa proposta é a expansão do mercado livre de energia o mais rápido possível, para que você, na sua casa, possa decidir de quem você quer comprar energia.
E-Investidor – O que os investidores do segmento de geração de energia renovável podem esperar do ano de 2021?
Bastos – Acho que nossos investidores podem esperar um contínuo processo de eficientização da empresa, de sermos ainda mais competentes, gerando mais resultados por MW/h produzido. Sem dúvida nenhuma, há perspectiva de crescimento porque é um setor que tem aumentado muito.
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E-Investidor – É um bom momento para se investir no setor no Brasil?
Bastos – Acreditamos muito que o setor renovável de energias limpas está só no seu começo. Temos muito que avançar, e o Brasil tem uma vantagem, ou uma desvantagem, depende se você vê o copo meio cheio ou meio vazio, pois nosso consumo de energia por habitante ainda é muito baixo, muito distante dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Conforme isso for aumentando, temos uma oportunidade de continuar produzindo mais energia.
E-Investidor – Quais são os benefícios de quem aposta no investimento no setor?
Bastos – Os benefícios são crescimento e investimentos que têm fundamentos em boas empresas, como a nossa, que tem um histórico de rentabilidade bastante sólido.
Por último, e talvez o mais importante, você tem uma contribuição para fazer a sociedade ir para o lugar certo em termos de emissão de gases do efeito estufa e de boas práticas de ESG. Resumindo, é rentável, tem crescimento e você faz o mundo um lugar melhor para se viver.
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E-Investidor – Por que os investidores deveriam investir na Omega? Quais as diferenças entre ela e os concorrentes?
Bastos – Não gosto de falar de concorrentes. Somos uma empresa de empreendedores, todas as pessoas aqui têm esse senso de empreender juntas. Nós chamamos todos aqui de co-empreendedores, não de funcionários ou colaboradores. De fatos, nos sentimos co-empreendedores com uma história bacana que cria valor para as pessoas e gera energia limpa e barata de uma forma simples.
O nosso grande diferencial é que temos um time muito aguerrido que, de fato, trabalha para um propósito de transformar a energia e fazer ela mais limpa e barata para os clientes.