O Índice Bovespa é limitado pela queda dos índices em Nova York, por preocupações em torno da liquidação do banco Master e a baixa liquidez do mercado nos últimos dias do ano.
Mesmo assim, o mercado de ações da B3 ainda deve espelhar a força aos preços de commodities hoje com o minério de ferro em alta de 2,58%, e o petróleo ganhando 2,27% mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicar que um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia estaria próximo. Já o dólar hoje sobe 0,51% ante o real, a R$ 5,57 na venda.
Os investidores também seguem atentos a fatores domésticos. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o recurso apresentado pelo Banco Central que pedia mais explicações sobre a acareação em investigação sobre o Banco Master, marcada para a próxima terça-feira.
Na decisão proferida no sábado (27), Toffoli afirmou que o BC e o diretor de Fiscalização, Ailton de Aquino Santos, não figuram como investigados no processo e os definiu como “terceiros interessados”. Amanhã, o diretor do BC participará da acareação com Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, ambos investigados.
“Há uma leitura de que o BC estaria sofrendo pressões por ter decretado a liquidação da instituição, incluindo rumores de uma reversão deste processo”, disse sócio e economista-sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, em boletim a clientes.
No âmbito macroeconômico, o destaque é a queda inesperada do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em dezembro, de 0,01%. O intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast ia de alta de 0,04% a avanço de 0,30% para o mês, com mediana de 0,17%. Com o resultado, o IGP-M encerrou 2025 com uma queda acumulada de 1,05%, menor taxa desde 2023, quando houve queda de 3,18%. Em 2024, o índice acumulou alta de 6,54%.
Além disso, o boletim Focus mostrou que a mediana para o IPCA suavizado nos próximos 12 meses passou de 3,99% para 4,01%. Para 2025, a expectativa para o IPCA foi de 4,33% para 4,32%, abaixo do teto da meta de 4,50%. Já a estimativa para a inflação fechada em 2026 saiu de 4,06% para 4,05%. As previsões para a Selic em 2026 e 2027 continuaram em 12,25% e 10,50%.
Ibovespa hoje: os destaques do mercado de ações nesta segunda-feira (29)
Bolsas globais mostram fôlego curto em meio a tensões geopolíticas
A escalada das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, que reduzem o tráfego de petroleiros, e o noticiário sobre a guerra na Ucrânia, ganham destaque nos mercados internacionais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia pode ser alcançado em algumas semanas, após reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse que voltará a se encontrar com Trump em janeiro e que houve avanço nas negociações. O conselheiro de política externa do presidente russo, Vladimir Putin, Yuri Ushakov, afirmou que Putin e Trump concordaram em retomar rapidamente as conversas.
Os demais mercados operam com movimentos contidos, em meio à liquidez reduzida e à cautela antes da divulgação da ata do Fed. Os índices de Nova York, o dólar hoje frente a pares fortes e os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) exibem viés de baixa. Na Europa, as bolsas variam pouco. Na Ásia, os mercados fecharam sem direção única, atentos às tensões envolvendo Taiwan, apesar da alta da bolsa local.
Boletim Focus corta previsão do IPCA abaixo do teto da meta
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (29), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic.
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 4,33% para 4,32%. A taxa está 0,18 ponto porcentual abaixo do teto da meta, de 4,50%. A projeção para o IPCA de 2026 caiu de 4,06% para 4,05%.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2026 segue em 12,25%. Já a projeção do boletim Focus para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela 46ª semana seguida.
PT lidera preferência dos brasileiros, mostra Datafolha
O PT segue como o partido preferido dos brasileiros, citado por 24% dos entrevistados, feito que mantém desde o final da década de 1990. O PL vem em segundo lugar, citado por 12%, a sigla é alavancada na memória nacional pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que está preso, mostra pesquisa Datafolha, divulgada pelo Broadcast Político. Contudo, 46% dos brasileiros dizem não ter preferência por nenhum partido político. O MDB, que foi o terceiro colocado, registrou 2% da preferência do eleitorado.
De acordo com o instituto, o cenário é de estabilidade para o PT no terceiro governo Lula, cujos índices variaram de 23% a 27%. Já a legenda de Bolsonaro alcançou índice recorde na série histórica, iniciada em 1989.
A pesquisa foi feita com 2.002 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
O que mais repercute no Ibovespa hoje
No noticiário doméstico, repercutem a prorrogação por um mês da isenção de Imposto de Renda (IR) sobre lucros e dividendos e a acareação (pôr em causa a veracidade de um dos depoimentos) do diretor de Fiscalização do Banco Central, Aílton de Aquino, marcada para amanhã, com Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, ambos investigados.
Investidores avaliam também os dados locais. O mercado espera déficit primário do Governo Central de R$ 13,25 bilhões, depois de superávit de R$ 36,527 bilhões em outubro, pressionado por despesas discricionárias, Previdência e BPC.
Já o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou ligeira queda de 0,01% em dezembro, após ter subido 0,27% em novembro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A variação no mês ficou abaixo do intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que ia de alta de 0,04% a avanço de 0,30% para o mês, com mediana de 0,17%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, com vetos, o PLP 128/2025, que corta benefícios tributários em 10% e amplia a tributação sobre apostas eletrônicas, fintechs e juros sobre capital próprio (JCP), com impacto superior a R$ 20 bilhões na meta fiscal de 2026, que prevê superávit de R$ 34,3 bilhões.
Agenda econômica da semana
O Ibovespa abre a segunda-feira (29) ainda sob o efeito da desaceleração fim de ano: liquidez reduzida e agenda enxuta. No Brasil, o destaque da manhã é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), além do Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado para inflação, juros, câmbio e crescimento. No exterior, um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia concentra atenções.
Ainda na agenda econômica desta segunda-feira (29), sai resultado primário do governo central de novembro, com entrevista virtual do secretário do Tesouro, Rogério Ceron.
Na terça-feira (30), saem os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e setor público consolidado, todos referentes a novembro, e também está programada a participação do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Aílton de Aquino, em acareação com Daniel Vorcaro (dono do Master) e Paulo Henrique Costa (ex-BRB), ambos investigados no caso Master.
No exterior, a ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sai na terça-feira e as vendas pendentes de imóveis nos EUA em novembro nesta segunda. O presidente dos EUA, Donald Trump, também encontra hoje o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, na Flórida.
Na quarta-feira (31), há previsão também de fechamento antecipado dos mercados em Portugal, França, Hong Kong, Espanha, Austrália e Reino Unido, e fechamento total na Alemanha, Itália, Coreia do Sul e Japão. Na quinta-feira (1º), o feriado de Ano Novo deixa os mercados financeiros fechados no Brasil, EUA, Europa, Austrália, Coreia do Sul, Japão, China continental, Hong Kong e Taiwan.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Gustavo Nicoletta, Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast