- O maior perfil de pessoas físicas na B3 – a bolsa de valores brasileira – atualmente é o de jovens de 26 a 35 anos, um total que ultrapassa 1,2 milhão de investidores
- Contudo, os principiantes temem que os recentes rumos da reforma tributária possam comprometer os seus rendimentos na bolsa
(Jessica Brasil Skroch eRebeca Soares, especial para o E-investidor) – Com a taxa básica de juros em mínimas históricas e a amplificação de conteúdos sobre investimentos na internet, houve um fluxo intenso de investidores voltando-se à renda variável desde o início da pandemia. Entretanto, a atração para esses ativos tem sido afetada com a proposta da segunda fase da reforma tributária, enviada ao Congresso pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
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A mudança, que não foi bem recebida pelo mercado, prevê a alíquota de 20% sobre lucros e dividendos, remuneração distribuída aos acionistas na bolsa de valores, até então isenta. O representante do poder Executivo trabalha na reformulação do texto com parlamentares e empresários.
Na semana passada, Guedes e o presidente da Câmara, Arthur Lira, retiraram a proposta de taxar os rendimentos dos Fundos Imobiliários (FII). Até então, a taxação dos dividendos está mantida.
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Além dos investidores experientes na Bolsa acompanharem os rumos da proposta, os novos entrantes também estão atentos às possíveis mudanças.
De acordo com a base de dados da B3, o maior perfil de pessoas físicas investindo está na faixa etária de 26 a 35 anos, um total que ultrapassa 1,2 milhão de investidores. Só no primeiro trimestre, foram 331,9 mil novatos.
Apesar de temer o comprometimento dos rendimentos com a reforma, o mercado de ações continuará sendo uma das melhores alternativas para investir, segundo Fabio Baroni, idealizador do projeto Ações Garantem o Futuro (AGF), programa de formação de investidores com foco na aposentadoria.
Abaixo, o especialista destaca os três principais mitos sobre os desdobramentos da reforma.
1 – Medo da “novidade” em torno da tributação de dividendos
No Brasil, os dividendos eram tributados em 15% até 1996, o que foi alterado por meio de um decreto pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o especialista, a estratégia de investimento defendida hoje começou com Luiz Barsi em 1970, época em que ainda havia a tributação. Desde então, a compra sistemática e recorrente de empresas em setores vitais da economia continua sendo uma boa opção.
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“O fato do dividendo ser tributado não impediu que um engraxate se tornasse um bilionário e com certeza não impedirá novos investidores de chegarem a um bom patamar em sua vida financeira caso a proposta seja aprovada”, diz Baroni.
2 – As boas empresas não serão mais lucrativas e não compensará mais investir nelas
Os investidores temem receber menos dividendos em função da possível volta da tributação, mas o especialista alega que isso é um mito. Para Baroni, as empresas mais sólidas em setores essenciais da economia, como as do setor elétrico, já passaram por diversas crises em sua história e conseguiram sobreviver graças a sua disciplina financeira e sua expertise no negócio como um todo.
“Momentos como esse são como uma prova para as companhias mais seguras e geralmente elas conseguem absorver esses possíveis impactos buscando mais eficiência e criatividade em seus negócios”, destaca.
3 – A estratégia de investir em dividendos não será mais vantajosa
Na visão do especialista, esse é um dos maiores mitos circulando pelo mercado financeiro. Baroni destaca que o investimento e reinvestimento recorrente em boas empresas que pagam bons dividendos tem o poder de criação do que ele chama de efeito ‘’bola de neve”.
Segundo ele, com esse processo contínuo, é inevitável a produção da aposentadoria de forma consistente e muito mais generosa do que em qualquer outro tipo de investimento ou estratégia no mercado de ações.