Diante das medidas de isolamento social impostas durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o setor do turismo foi diretamente um dos mais afetados, já que é uma atividade que depende essencialmente da mobilidade humana. Agora, está lutando para se recompor. Com isso, muitos acionistas de empresas ligadas ao turismo ou à aviação, como CVC (CVCB3), Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3), se preocuparam.
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Portanto, a maior operadora de turismo do Brasil, a CVC (CVCB3), respondeu rápido ao primeiro impacto da queda do turismo global. Mesmo assim, os números apontam um prejuízo de R$ 1,15 bilhão no primeiro trimestre. Para entender como a empresa se posicionou diante de clientes e investidores durante a pandemia, convidei para uma live no nosso canal do YouTube o diretor-executivo de finanças e também diretor de relações com investidores, Maurício Montilha, para explicar o futuro da empresa em 2021.
Qual foi o impacto do coronavírus na CVC?
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A CVC atende pessoas físicas e jurídicas, além de 10 mil agências de turismo pelo Brasil. A pandemia nos pegou em cheio no negócio. Durante o período de restrição de movimentação, ficamos com as 1.400 lojas da nossa rede fechadas. Em junho, começamos a reabrir, hoje temos 1.200 lojas abertas e estamos caminhando para abrir mais. Além disso, nosso atendimento on-line também precisa ser destacado, pois o serviço está melhor do que nunca e o cliente pode resolver a maior parte de suas questões sem sair de casa.
Como a CVC (CVCB3) lidou com as questões internas, como relacionamento com clientes, fornecedores e funcionários?
Nós somos um elo importante no ecossistema. Embarcamos 13 milhões de passageiros por ano, mais de 10 mil pequenas agências vendem através de nós e 60% dos hotéis no nordeste dependem da CVC. O turista conseguiu parcelar suas viagens através de nossas inovações. Nós trouxemos isso pro mercado. Quando veio a crise, a CVC parou de fechar pacotes, mas por conta das nossas formas de pagamento, nós continuamos recebendo dinheiro. Nós garantimos que todos eles pudessem remarcar com tranquilidade suas viagens ao invés de cancelar. Assim, honramos todos os nossos compromissos com todos aqueles que dependem de nós.
Imagino que vocês devem ter acelerado o processo de digitalização absurdamente. Eu sempre questionei como que a CVC (CVCB3) conseguiu se manter esses anos, mesmo com as plataformas digitais ao alance de qualquer pessoa que saiba comprar uma passagem on-line. Como vocês estão se adaptando a este mundo?
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Hoje, o consumidor busca um pacote de turismo ou uma passagem, em qualquer lugar que esteja disponível e que ele tem confiança. Devo admitir que nós estamos um pouco atrasados em relação a isso. Porém, já adianto que a pandemia nos fez acelerar o processo de digitalização de nossos serviços. Estamos investindo como nunca em nossas plataformas digitais. Ter uma empresa digital é fundamental. Você deve falar com o cliente de qualquer forma, seja por Facebook, Instagram, WhatsApp, e isso deve ocorrer antes, durante e, principalmente, depois da venda.
Nenhum segmento sentiu mais forte essa pandemia do que o setor de eventos e turismo. Antes do coronavírus, a CVC teve problemas contábeis, isso acaba impactando a credibilidade da empresa. O que você tem para falar ao investidor que possui ações da CVC (CVCB3) na carteira?
Não posso fazer a recomendação de ações, mas posso dizer que nosso compromisso é sério. Erros todos cometem. Quem levantou os próprios problemas fomos nós, e nós mesmos estamos resolvendo. Todos estão comprometidos com a qualidade do nosso serviço e não apenas preocupados com os números. Estamos nos reerguendo. O turismo doméstico está voltando com muita força e somos o campeão neste nicho. E por conta do dólar alto, o brasileiro está voltando a descobrir o Brasil, e isso é extremamente valioso para nós.
Apesar de tudo, estamos com R$ 1,5 bilhão em caixa e temos dinheiro para honrar com todos os compromissos. Os acionistas se mostram muito confiantes.
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Com R$ 1,15 bilhão de prejuízo no primeiro trimestre, como a CVC (CVCB3) deve fechar o ano de 2020 e qual a perspectiva para 2021?
No primeiro trimestre, de R$ 1,15 bilhão de prejuízo, R$ 1,1 bilhão são ajustes contábeis que não tem efeito em caixa. Realizamos um ajuste de R$ 650 milhões no valor que tínhamos nos investimentos que fizemos nos últimos anos. É inevitável dizer que 2020 será um ano que dará prejuízo, mas do ponto de vista de caixa, o prejuízo foi pequeno. Isso porque nós agimos muito rápido quando a crise chegou. Ajustamos a curva de custo numa velocidade que nos favoreceu para lidar com as outras questões. No terceiro e quarto trimestre, a diminuição de custos não é tão relevante pois já voltamos a atender clientes.
O CEO da CVC (CVCB3) disse que o ritmo de 2019 deve voltar apenas em 2023. Então, o brasileiro vai passar o próximo ano se recuperando do estrago da covid-19. O que a CVC acredita que vai acontecer com o comportamento das pessoas em 2021?
Quando olhamos pra frente, achamos que o mercado de turismo deve voltar bombando apenas em 2023, para que os números sejam iguais aos de 2019. O mundo corporativo vai se modificar, reuniões serão feitas por videoconferência e não mais presenciais em outras cidades, em hotéis como era feito antes do novo coronavírus. Todos viram que isso pode ser feito remotamente sem a perda de nenhuma informação e, pelo contrário, retendo gastos.
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As viagens nacionais têm aumentado bastante e o aluguel de carros subiu 115%. Muitas pessoas passaram e ainda estão passando a quarentena na praia ou nas montanhas. Diante das nossas fortalezas e opções de serviços, estamos em vantagens para o turismo nacional, mas o retorno da força do setor depende de muitos fatores. É difícil definir alguma data para isso.
Novos prejuízos virão em 2020. Qual o risco da CVC (CVCB3) entrar com uma recuperação judicial em 6 meses?
É difícil fazer previsões sobre o futuro, mas posso te assegurar que, agora, no presente, estamos investindo numa empresa saudável e estável. Tratamos muito bem o nosso consumidor, somos resolvidos financeiramente e estamos sempre investindo. Nos preparamos para uma retomada positiva. Então, não consideramos essa hipótese. Estamos focados em nos tornarmos cada vez mais eficientes, sólidos e sofisticados.
Vocês planejam adquirir novas empresas neste momento?
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Hoje, temos foco no nosso plano de negócio, que não inclui, a curto prazo, fazer novas aquisições. Vamos trabalhar com as opções que temos disponíveis no momento. Há outras coisas mais urgentes no radar para focarmos nossa atenção.
A CVC demitiu funcionário durante a pandemia?
Sim, reduzimos o nosso quadro de funcionários. Ocorreu um processo de ajustar a quantidade de funcionários de acordo com a nova demanda de turismo no mercado. Naturalmente, a companhia tem feito isso com tranquilidade, porque não tem como manter funcionários sem demanda.
De todas as companhias que vocês têm, qual é a empresa com maior potencial?
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Além da principal, que é a de pacote de viagens, o e-commerce concentra 5% das vendas e só vem crescendo. Portanto, é uma bela oportunidade. Temos investido no digital como nunca antes, principalmente depois dessa fase, já que o consumidor percebeu que pode fazer tudo remotamente.
Se vier uma segunda onda da covid-19, a CVC estará preparada?
Honestamente, não tivemos tempo para focar nisso, estamos todos pensando ainda em nos recuperar da primeira onda. Mas caso aconteça, iremos responder com mais ponderação do que da primeira vez. Políticos, empresas, consumidores e inclusive nós.
A CVC tem a intenção de desenvolver um braço financeiro, como banco digital ou conta de pagamentos, para oferecer essa opção na hora da compra?
Temos sempre a intenção de oferecer diversos outros produtos para os nossos clientes no futuro. Isso faz parte de evolução. E, hoje em dia, é essencial evoluir junto aos nossos clientes.
Confira a nossa matéria sobre o prejuízo da CVC (CVCB3).
Abaixo, assista com exclusividade a entrevista com Maurício Montilha, diretor-executivo de finanças e também diretor de relações com investidores: