A líder de um banco de investimento quer mais mulheres no time

Macarena Munoz, The Washington Post – A única mulher à frente de um banco de investimentos na Europa está tendo a oportunidade única de reformular seu setor e impulsionar o crescimento de um dos maiores bancos da Espanha.

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A executiva do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), Luisa Gómez Bravo, que trabalha no segundo maior banco da Espanha há mais de 20 anos, está lançando atualmente um dos programas de recrutamento mais ambiciosos do setor e ao mesmo tempo aumentando o volume de contratações de mulheres.

Com sede em Bilbao, o BBVA deseja contratar cerca de 400 funcionários este ano, ou 10% da força de trabalho atual, em um momento em que os bancos em todo o mundo estão em uma disputa por talentos.

Quando Luisa começou no setor, no banco de investimentos Salomon Brothers em 1993, o cenário era um pouco diferente. Na época, a bravata do “macho alfa” era predominante, mas agora ela praticamente desapareceu nos pregões e os bancos estão defendendo que mais mulheres entrem e permaneçam no setor, disse ela em uma entrevista na sede do banco este mês, a primeira desde que assumiu o cargo.

“Não se trata de favorecer as mulheres e prejudicar os homens, trata-se de deixar o talento das mulheres prosperar e, depois, escolher o melhor”, disse ela. “E precisamos incentivar esse talento feminino e ajudar as mulheres a melhorar suas habilidades”.

Embora Luisa seja a única mulher no comando de um banco corporativo e de investimentos na Europa, uma instituição equivalente, o banco francês Natixis, é administrada de forma conjunta por uma mulher, Anne Christine Champion, e um homem, Mohamed Kallala.

Os funcionários de bancos de investimentos têm desfrutado de generosos bônus nos últimos trimestres e as despesas com eles estão crescendo conforme as empresas tentam mantê-los em sua força de trabalho após o boom de negociações e acordos da pandemia.

O banco Société Générale disse este mês que está planejando um aumento “massivo” no valor dos bônus depois de um ano com lucros recordes.

O banco corporativo e de investimentos do grupo BBVA conta atualmente com cerca de 3.800 funcionários em escritórios na Espanha, no México, em Hong Kong, Nova York e na Turquia. A proporção de mulheres em relação ao total de funcionários aumentou de 37%, em 2019, para 39,5%, no final de 2021.

No entanto, as novas contratações são 46,4% de mulheres, uma alta ante os 35% de 2019. Luisa também adotou medidas para possibilitar um programa de trainee apenas para mulheres, que atualmente está realizando um processo de seleção.

Embora o banco tenha implementado ações para apoiar a meta de ter mais mulheres no quadro de funcionários, Luisa diz que ainda há um problema de percepção em relação ao setor.

“Muitas vezes vejo que ao longo da carreira das mulheres elas mesmas não se candidatam às vagas, pois há muitos preconceitos”, disse. “As mulheres também precisam fazer a devida pesquisa e entender que as coisas não são mais como nos filmes que mostram Wall Street; o ambiente mudou.”

O BBVA é um banco focado principalmente no varejo que chamou a atenção nos últimos meses por conta de um ambicioso programa de remuneração de acionistas e pela movimentação para aumentar sua presença na Turquia em um momento de crise financeira no país.

Luisa, 51 anos, ocupou cargos no BBVA desde a gestão de ativos até a liderança de relacionamentos com investidores. Quando ela foi nomeada em dezembro de 2018 para o cargo mais alto no banco, a missão da mãe de quatro filhos era expandir as atividades da empresa.

Desde então, o braço de investimentos aumentou seu peso no banco de 22% do lucro do grupo para 24% no final de 2021. O objetivo de Luisa é conquistar o crescimento lançando novos tipos de produtos, inclusive para diferentes países. O banco criou uma solução de financiamento da cadeia de suprimentos e também apresentou a primeira operação de crédito vinculada ao desempenho de ativos ESG na Colômbia.

Quanto a incentivar a diversidade no local de trabalho, Luisa diz que encoraja as mulheres a serem proativas para crescer em suas carreiras e equilibrar isso com outras demandas de suas vidas, entre elas a família. Isso é mais possível agora do que nunca, argumenta. “No mundo dos bancos de investimentos há muitos egos, então não tenho certeza se é um mundo masculino ou um mundo de egos”, disse ela. “Mas aquela atmosfera de machismo não está mais lá.”// TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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