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Comportamento

“Tardia, mas positiva”, diz 1ª CEO negra do País sobre diversidade na B3

A partir de 2023 todas as empresas listadas na Bolsa precisarão ter ao menos uma mulher em cargos de liderança

“Tardia, mas positiva”, diz 1ª CEO negra do País sobre diversidade na B3
Rachel Maia foi a primeira e única mulher negra CEO no Brasil. (Foto: Divulgação/Hotmart/Bruno Soares)
O que este conteúdo fez por você?
  • Rachel Maia foi a única mulher negra a ocupar o mais alto cargo de uma companhia no Brasil
  • A B3 determinou que empresas de capital aberto precisam ter diversidade na liderança
  • Para Maia, medida funciona como um impulsionador positivo para o mercado, mas ainda é preciso ir além

Durante os anos em que comandou a joalheria Pandora no Brasil, quando ia fechar um grande negócio, Rachel Maia era recebida com uma certa surpresa por executivos e clientes. “Me perguntavam: ‘Mas você é a presidente da marca?’ O luxo não estava acostumado a ver uma mulher negra, de 1,83 metro, sentada na cadeira principal”, contou a executiva no FIRE Festival, evento promovido pela Hotmart, em Belo Horizonte, no sábado (3).

Ex-CEO da Lacoste e da Pandora, Maia foi a única mulher negra a ocupar o mais alto cargo de uma companhia no Brasil; realidade que ainda não mudou. Atualmente, de 423 companhias listadas na Bolsa de Valores brasileira, 60% não têm nenhuma mulher entre seus diretores estatutários e 37% não possuem participação feminina no Conselho de Administração, segundo levantamento feito pela B3 neste ano.

Quando o assunto é diversidade racial, o cenário é ainda mais desanimador: sequer existem dados completos sobre raça e etnia dentro das companhias ou até mesmo entre investidores.

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Para tentar mudar essa realidade, em meados de agosto, a B3 aprovou novas regras que determinam que a partir de 2023 todas as empresas brasileiras de capital aberto precisam eleger ao menos uma mulher e um integrante de minorias – raciais ou de orientação sexual, por exemplo – em cargos de liderança. Veja os detalhes.

Durante a coletiva de imprensa do FIRE, Maia celebrou a decisão, mas disse que é preciso ir além. “Hoje, nós precisamos colocar impulsionadores. Se deixar só pela vontade das empresas, fica mais desafiador. Vejo [as novas regras da B3] de forma muito positiva, tardia mas positiva, e tem meu total apoio”, disse.

A executiva afirmou que o mercado ainda está processando essa “transformação cultural”, termo que prefere utilizar ao invés de classificar o movimento atual apenas como uma “mudança”. Para Maia, as companhias brasileiras ainda estão se educando, desconstruindo os modelos antigos para se reconstruírem mais sustentáveis e diversas. Processo que, se não acontecer por vontade das próprias companhias, acontecerá pela força da concorrência.

“Se a empresa quiser entrar na bolsa local, tudo bem. Mas se quiser entrar na Nasdaq, na Dow Jones ou na Europa vai ser cobrada por esses e outros tantos índices. Não vamos fazer porque é bacana, vamos fazer porque é um movimento do mundo. E temos que fazer para ontem para continuarmos competitivos”, destacou a executiva.

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Com décadas de experiência no alto escalão de grandes empresas, Rachel Maia defende que a transformação do mercado para um ambiente mais diverso e plural se apoia em duas frentes: educação e metas. “Se hoje a companhia tem dez negros, daqui a dois anos precisa ter 20. Criando metas e educando, essa pluralidade tem que estar em todos os meios”, disse.

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