Comportamento

FGTS: governo tem novo plano para facilitar compra da casa própria; Veja

A proposta funciona como um "consignado" das parcelas do FGTS; analistas pontuam os riscos para o trabalhador

FGTS: governo tem novo plano para facilitar compra da casa própria; Veja
A medida visa facilitar o financiamento da casa própria (Foto: Yuttana Contributor Studio/Shutterstock)
  • A medida ainda será encaminhada para o Conselho Curador do FGTS para ser avaliada antes da aprovação
  • Caso entre em vigor, a nova modalidade irá permitir que os recursos previstos para o FGTS aumentem a linha de crédito para o trabalhador
  • Na avaliação dos especialistas, a operação oferece riscos ao trabalhador de baixa renda que costuma ter apenas os recursos do FGTS como reserva financeira

Os depósitos futuros no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) poderão ser utilizados para aumentar a capacidade de pagamento no financiamento da casa própria. A medida é uma proposta do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) que pretende ampliar a capacidade de financiamento do trabalhador.

Na prática, a proposta funciona como um “consignado” das parcelas do FGTS e pode oferecer riscos para a estabilidade financeira do trabalhador assalariado, segundo avaliação de especialistas.

De acordo com o MDR, caso a medida seja aprovada e entre em vigor, o trabalhador terá a possibilidade de utilizar o saldo futuro do fundo de garantia como uma espécie de “caução” para o financiamento da casa própria por meio do programa Casa Verde e Amarela.

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“Caso o beneficiário opte pela utilização dos depósitos futuros de FGTS, não haverá mudança na taxa de juros do financiamento habitacional, uma vez que os juros do programa são fixos”, detalhou a pasta por meio de nota enviada ao E-Investidor. A proposta será encaminhada ao Conselho Curador do FGTS que será responsável por analisar e aprovar a medida.

Apesar de ampliar as condições de financiamento, a nova modalidade pode comprometer o planejamento financeiro do trabalhador de baixa renda que costuma ter apenas os recursos do fundo de garantia como reserva de emergência. “A pessoa já ganha pouco e vai comprometer algo que ainda não recebeu. Então, deve ser analisado com bastante prudência”, avalia Eduardo Filho, especialista em educação financeira e de investimentos da Ágora.

O risco pode se tornar ainda maior em casos de demissão porque o trabalhador terá que arcar com as dívidas do financiamento e não terá os recursos do FGTS para se manter enquanto permanecer sem emprego.  “Só vale a pena caso a pessoa faça um planejamento financeiro que garanta que ela terá o valor das parcelas em caso de demissão inesperada”, opina Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da ‘Eu me banco’.

Fundo com baixo rendimento

Os recursos depositados no FGTS funcionam como uma poupança para o trabalhador que tem acesso ao dinheiro em casos de demissão ou para o financiamento da casa própria. No entanto, a rentabilidade do fundo em comparação a outros tipos de investimentos é bem inferior. O FGTS rende apenas 3% ao ano, enquanto há ativos de renda fixa, como o Tesouro Selic, que oferecem uma rentabilidade na casa dos dois dígitos.

“Se você tiver disciplina financeira, o saque-aniversário do FGTS (modalidade que permite o saque de parte dos recursos do fundo anualmente) pode ser uma boa estratégia de investimento”, ressalta Filho. “Mas essa possibilidade é recomendada apenas para quem não tem a necessidade de utilizar o recurso para quitar dívidas ou pendências financeiras”, alerta.

 

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