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- Longa-metragens, à primeira vista, parecem ter o entretenimento como única função, mas ajudam (e muito) na reflexão sobre a vida profissional
- Nas entrelinhas, vários clássicos do cinema são capazes de passar valiosas lições sobre negócios, que vão da importância do networking até manter sempre a atenção às necessidades do mercado
- Confira esta lista preparada pelo E-Investidor com as principais lições de clássicos da sétima arte
(Murilo Basso, Especial para o E-Investidor) – Mais do que um passatempo em família, assistir a filmes pode ajudar na reflexão sobre a vida profissional. E não estamos falando aqui de produções que abordam explicitamente a temática do mercado financeiro, mas de longa-metragens que, à primeira vista, parecem ter o entretenimento como única função.
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Nas entrelinhas, vários clássicos da sétima arte são capazes de passar valiosas lições sobre negócios, que vão da importância do networking, tão praticado por Jay Gatsby, de “O Grande Gatsby”, até manter sempre a atenção às necessidades do mercado, como fez o quarteto de protagonistas de “Os Caça-Fantasmas”. Duvida?
Confira a lista preparada pelo E-Investidor com 6 lições de clássicos do cinema:
1. Trabalho em equipe é fundamental
Em “O Mágico de Oz” (1939), a jornada de Dorothy (Judy Garland) é marcada por vários símbolos: seu icônico par de sapatinhos vermelhos, tornados assustadores e o cachorrinho Totó, a quem ela dirige a famosa frase “tenho a impressão de que não estamos mais no Kansas”. Ocorre que ela não teria conseguido superar todos os desafios sem seus companheiros Homem de Lata, Leão Covarde e Espantalho.
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O trabalho em equipe é fundamental tanto para derrotar a Bruxa Má do Oeste como nos negócios, e algumas funções (mais do que cargos) são imprescindíveis quando se quer iniciar uma empresa. É o que afirma José Sarkis Arakelian, administrador e professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
“Quando você vai montar um novo empreendimento, nem sempre há recursos suficientes para pensar em termos de cargo. O ideal é que se pense em funções. Varia de negócio para negócio, mas a forma com que se organiza isso, basicamente, dependerá de como você cria valor. Preciso ter um cara que faz o produto ou serviço, o cara que cuida da operação, vendas, logística, e o cara que cuida da estrutura da empresa, como Contabilidade e Recursos Humanos”, diz.
Sobre ter um sócio na companhia, Arakelian diz que o ideal é que os parceiros tenham perfis complementares em termos de atributos. Se um é bom em vendas, o outro tem de ser bom nas entregas, por exemplo.
2. Atenção às necessidades do mercado
“Se tem algo estranho na vizinhança, para quem você vai ligar? Caça-fantasmas!”. Piadas e seres gosmentos à parte, a empresa criada pelo quarteto principal de “Os Caça-Fantasmas”, tanto no clássico da Sessão da Tarde de 1984 quanto no remake de 2016 com protagonistas femininas, foi um sucesso porque os personagens identificaram uma necessidade do mercado de Nova York: faltava na Big Apple um serviço que desse conta de enviar as entidades sobrenaturais que perturbavam os habitantes da cidade de vez para as dimensões às quais pertenciam.
Na vida real, quem deseja empreender também precisa estar atento às necessidades do mercado na hora de montar um negócio. Além disso, dificilmente alguém terá uma ideia completamente inédita, sendo que a diferença está na capacidade de realização. Por isso, pesquisar é fundamental.
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“É essencial mapear as necessidades do mercado às quais o novo negócio possa se alinhar. Para isso, o novo empreendedor deve realizar pesquisas a fim de responder a várias perguntas, como, por exemplo, que lacunas determinado novo produto ou novo serviço irá eliminar. Nesse estágio, também é essencial o reconhecimento de diferenciais para o posicionamento do novo negócio, o que, é claro, integrará as estratégias de marketing do empreendimento”, orienta Janaína Lemos Becker, professora da Escola de Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
3. É preciso enxergar além
A bordo do DeLorean que também é uma máquina do tempo, Marty McFly (Michael J. Fox) e o doutor Brown (Christopher Lloyd) desembarcam em 1955 para garantir que os pais de Marty fiquem juntos e o adolescente possa nascer no futuro. A vantagem que eles têm sobre os demais habitantes da fictícia cidade de Hill Valley, na Califórnia, é óbvia: eles possuem uma visão diferenciada, pois vêm do futuro e sabem exatamente como tudo deve acontecer para que o final seja feliz.
“De Volta para o Futuro” (1985) não é um filme explicitamente sobre negócios, mas traz a lição de que um empreendedor deve sempre enxergar além. Janaína diz que antecipar-se às tendências é o sonho de muitos empreendedores. Não se trata, porém, de uma tarefa fácil. Se empreender, por si só, já é arriscado, tentar prever cenários sem qualquer tipo de método é mais arriscado ainda.
“Há metodologias para a criação de cenários futuros e tendências, só que ainda são pouco difundidas. Mas há, sem dúvida, contextos, práticas e sujeitos que se orientam para os exercícios que apostam mais nas possibilidades do que nas certezas, nas elucubrações do que nas afirmações, nas perguntas do que nas respostas”, pontua a professora da Unisinos.
Aqui, mais do que pesquisa, também é importante que se olhe para o passado, a fim de verificar o que já foi feito e funcionou e o que não funcionou. Para tanto, o empreendedor pode buscar, no passado recente, um histórico de outros produtos, cenários e mercados que tiveram condições semelhantes ao seu negócio e verificar o que aconteceu.
4. A importância do networking
Seja com Leonardo DiCaprio na versão de 2013, com Robert Redford atuando ao lado de Mia Farrow em 1974 ou até mesmo no livro de F. Scott Fitzgerald, lançado nos idos de 1925, uma coisa que não podemos negar sobre Jay Gatsby, de “O Grande Gatsby”, é sua capacidade em fazer networking como ninguém. Por meio das espetaculares festas que dava em sua mansão, bem ao estilo da década de 1920, Jay construiu conexões e também ficou conhecido por toda a sociedade da fictícia West Egg, em Long Island, nos EUA.
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“É um fator fundamental que as pessoas saibam o que você faz. No negócio pequeno, o networking é insubstituível. Quando a gente pensa em feiras, eventos, congressos, concursos, é fundamental que o empreendedor participe. Mas mais do que isso: ele precisa ser ativo, interagir, estabelecer e criar essa rede. É um atributo que também precisa ser treinado”, explica José Sarkis Arakelian.
Aos empreendedores iniciantes, Janaína Lemos Becker orienta os seguintes passos:
- mapear o que seria uma boa rede de contatos, determinada, por exemplo, pela complexidade, natureza e propósito do novo negócio;
- identificar a que grupo esses contatos pertencem (mercado financeiro, comunicação e marketing, outros empreendedores, etc);
- mapear as práticas, como encontros e congressos, das quais deve participar para conhecer esses contatos.
5. Siga seus instintos, mas esteja preparado para tudo
Na história do cinema não faltam personagens que seguem seus instintos. O mais famoso deles seja, talvez, Forrest Gump, interpretado por Tom Hanks no longa-metragem de mesmo nome, lançado em 1994 e que rendeu ao ator seu segundo Oscar, apenas um ano após ser premiado por “Filadélfia” (1993).
Seguir a intuição também tem muito valor quando se está à frente de uma empresa. Mas, assim como é a vida para Forrest, também são os negócios: como uma caixa de chocolates; você nunca sabe o que vai encontrar. Os instintos, portanto, precisam estar aliados a um bom planejamento, para que não haja (muitas) surpresas.
“É certo que todo (novo) empreendedor deve seguir seus instintos, cujo valor, é importante sublinhar, não se reconhecia até pouco tempo atrás. No entanto, tão essencial quanto a intuição do empreendedor é o planejamento do novo negócio, o que decorre da apropriação de conhecimentos especializados em gestão e do desenvolvimento de competências pessoais e profissionais do empreendedor”, ressalta Janaína.
6. Aproveite seus recursos da melhor forma possível
Em quase quatro horas de filme, “…E o Vento Levou”, de 1939, tem várias cenas e frases clássicas (como se esquecer de “francamente, querida, eu não dou a mínima”?), além de estar permeado por polêmicas – recentemente, o filme foi retirado do catálogo da HBO por ser considerado racista.
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Uma das passagens mais marcantes do longa, porém, ocorre quando Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), em péssima situação financeira, usa um impressionante vestido de veludo verde feito a partir de um par de cortinas herdado de sua família materna. A intenção da personagem era impressionar Rhett Butler (Clark Gable), mas podemos extrair uma importante lição sobre negócios: use seus recursos, ainda que poucos, da melhor forma possível. Aqui, a palavra-chave é “planejamento”.
“Para não comprometer o negócio antes mesmo de ele sair do papel, é essencial que o empreendedor conceda à etapa de planejamento toda a importância que cabe a ela, o que se materializa tanto na energia dedicada quanto no tempo dispendido. É nessa etapa que ele verificará, por exemplo, qual será o cronograma dos gastos até que o negócio comece a dar lucro e, aliás, quanto tempo isso vai demorar, o que varia de acordo com o modelo do novo negócio”, afirma a professora da Unisinos.
Quanto ao retorno dos recursos investidos, José Sarkis Arakelian, da Faap, comenta que quando se monta um negócio com volume de investimento menor, a tendência é que haja um retorno mais rápido. Já um empreendimento no qual o investimento foi maior ou, ainda, um negócio muito disruptivo, que vai demorar um tempo para o consumidor entender como funciona, o retorno tende a demorar.
“O Brasil tende a aceitar bem novos negócios, o que em tese facilitaria para a empresa engrenar. Por outro lado, temos uma enorme burocracia, custo de capital e taxas de juros com valor alto. Isso faz com que demore um pouco mais para que o empreendedor consiga fazer o negócio girar em larga escala. De maneira geral, porém, as inovações são bem recebidas pelo público consumidor brasileiro”, finaliza.
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