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- O setor de consumo europeu tem sido um terreno de caça fértil para os ativistas, com a Third Point, de Dan Loeb, assumindo uma participação na Nestlé em 2017 e, mais recentemente, a campanha da Bluebell Capital Partners para transformar a Danone
- Embora a Unilever, que relata os lucros do segundo trimestre nesta semana, tenha sido objeto de um aporte de US$ 143 bilhões da Kraft Heinz Co. em 2017, ela não atraiu muita agitação. Ainda
- A relação preço/lucro futuro da Unilever está em sua maior defasagem em relação à Nestlé em 15 anos. Uma recompra de ações no valor de 3 bilhões de euros, anunciada em abril, pouco fez para cobrir essa lacuna
- Há um remédio óbvio para esse baixo desempenho que vem direto do manual ativista: dividir o conglomerado em partes
(Andrea Felsted, Bloomberg) – Ei, investidores ativistas! Vocês têm um alvo europeu escondido debaixo do nariz de todo mundo.
Com um preço de ação em baixo desempenho e um caminho claro para a criação de valor, a Unilever tem todos os ingredientes para uma investida dos fundos de hedge.
O setor de consumo europeu tem sido um terreno de caça fértil para os ativistas, com a Third Point, de Dan Loeb, assumindo uma participação na Nestlé em 2017 e, mais recentemente, a campanha da Bluebell Capital Partners para transformar a Danone. Embora a Unilever, que relata os lucros do segundo trimestre nesta semana, tenha sido objeto de um aporte de US$ 143 bilhões da Kraft Heinz Co. em 2017, ela não atraiu muita agitação. Ainda.
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Com uma capitalização de mercado de 113 bilhões de libras (US$ 156,5 bilhões), talvez seja simplesmente grande demais. Mas a intervenção da Elliott Management Corp. na gigante farmacêutica GlaxoSmithKline demonstra que escala não é proteção, especialmente quando há algumas oportunidades óbvias para o ativismo.
Embora a fabricante do sorvete Ben & Jerry’s e dos hidratantes Dove tenha tido um primeiro trimestre forte, ela ficou atrás da taxa de crescimento da rival Nestlé nos últimos dois anos. Isso apesar das vendas mais pesadas da Unilever para mercados emergentes – quase 60% em comparação com pouco mais de 40% da Nestlé, dois terços vindos de produtos de beleza, cuidados pessoais e domésticos. Tudo isso deve resultar em uma expansão mais rápida do que a do maior grupo de alimentos do mundo.
Diversificação
Enquanto isso, Alan Jope, que se tornou CEO da Unilever em janeiro de 2019, fez uma infinidade de aquisições, desde carne vegetariana até produtos de lavanderia sofisticados. Embora a compra em setores da moda – como vitaminas e suplementos – deva gerar um bom crescimento de vendas, o perigo é que isso crie um império pesado. E a Unilever ainda tem um grande negócio de alimentos – o primo sonolento dos produtos de higiene, beleza e remédios sem receita.
Embora Jope tenha começado a arrumar o portfólio, o processo ainda é lento. No início do ano passado, a Unilever iniciou a separação de seu negócio de chá no mundo desenvolvido, mas é uma tarefa complexa e ainda não concluída. Recentemente, a empresa começou a colocar algumas marcas de consumo menores, como o xampu Timotei e o spray corporal Impulse, em uma unidade separada, um possível prelúdio para a venda.
Isso está em total contraste com Mark Schneider, presidente-executivo da Nestlé, que reformulou o portfólio com um foco de lazer. As aquisições ousadas incluem o pagamento de US$ 7 bilhões pelo direito de vender produtos da Starbucks em supermercados – uma mudança que permitiu que os trabalhadores em home office se tornassem seus próprios baristas. Ele também fez uma série de descartes, como alguns doces nos Estados Unidos, suas marcas de água engarrafada norte-americanas e sua divisão de saúde para a pele.
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Não é de se admirar que as ações da Unilever tenham desempenho inferior às da Nestlé desde que Jope chegou. A relação preço/lucro futuro da Unilever está em sua maior defasagem em relação à Nestlé em 15 anos. Uma recompra de ações no valor de 3 bilhões de euros, anunciada em abril, pouco fez para cobrir essa lacuna.
Desmembramento
Há um remédio óbvio para esse baixo desempenho que vem direto do manual ativista: dividir o conglomerado em partes.
Uma simples avaliação sobre o possível desmembramento já mostra que essa ideia tem seus méritos, como se pode ver ao agrupar as divisões da Unilever em duas grandes áreas de operação: produtos de beleza, consumo e domésticos, de um lado; e comida e bebida, de outro. Projetando um lucro estimado, antes de juros, impostos, depreciação e amortização, para a primeira área com um múltiplo de 16,5 vezes, chega-se a um valor de empresa de 121 bilhões de euros. Uma projeção similar para a área de alimentos e refrigerantes gera 52,5 bilhões de euros. A soma dessas duas partes é maior do que o todo: o valor empresarial de toda a Unilever é de cerca de 155 bilhões de euros.
Vender o braço de alimentos e refrigerantes para private equity é tentador, especialmente devido ao atual interesse em negócios básicos subvalorizados, conforme demonstrado pela oferta pelos supermercados Wm Morrison. Mas seria um bocado enorme para os grupos de buy-out engolirem.
O mais provável é um desmembramento. Isso é muito mais fácil, já que a Unilever finalmente combinou seus braços separados no Reino Unido e na Holanda em uma única empresa-mãe britânica no ano passado.
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Haverá custos associados à divisão. Entre estes se encontram taxas de transação, bem como despesas de cada divisão com sua própria infraestrutura corporativa e rede de distribuição de produtos, especialmente em mercados emergentes. O negócio de chá está atrasando muito porque requer a criação de mais de 50 pessoas jurídicas e mais de 20 equipes de vendas. Também pode haver implicações fiscais.
Mas, mesmo que metade do valor da empresa desbloqueado por uma separação seja engolido pelas despesas, vale a pena explorar. Há uma boa chance de pelo menos uma parte ser compensada por um maior foco da administração no que resta e pela possibilidade de recuperar escala por meio de acordos.
É claro que não há nada que impeça Jope de passar na frente dos fundos de hedge e cortar seu próprio império. Quanto mais oscila o desempenho do preço das ações, mais provável que o CEO – ou um investidor vigoroso – busque uma reestruturação radical. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
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Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários. Andrea Felsted é a colunista da Bloomberg Opinion que cobre os setores de consumo e varejo.