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- Segundo dados da balança comercial de bens, do Banco Central, os brasileiros compraram US$ 401 milhões em criptoativos, o que ultrapassa os R$ 2,2 bilhões, considerando a cotação do dólar de R$ 5,5242 nesta quarta (17)
- Uma boa notícia para quem não é muito familiarizado com o assunto é que diversas instituições financeiras do Brasil, de fintechs a grandes bancos, têm lançado produtos que investem em criptoativos, como fundos de investimento
- O investimento em criptomoedas pode ser feito diretamente entre as pessoas que estão buscando vender e as que querem comprar, mas também por meio de produtos que já estão disponíveis no mercado brasileiro
(Daniel Rocha e Isaac de Oliveira) – Os criptoativos estão se popularizando no mundo e entrando no gosto e na carteira de muitos investidores. Segundo dados da balança comercial de bens, do Banco Central, os brasileiros compraram US$ 401 milhões – ou R$ 2,2 bilhões – em criptoativos no último mês de setembro. No acumulado do ano, até setembro, esse volume chegou a US$ 4,7 bilhões ou R$ 25,8 bilhões.
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Já o total de pessoas que declararam possuir criptoativos passou de 94 mil, em dezembro de 2019, para 617 mil pessoas físicas em abril deste ano, de acordo com o subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Jonathan de Oliveira.
Uma pesquisa da WorldPay também mostrou que 82% dos entrevistados desejam novas formas de pagamentos mais tecnológicas, incluindo as criptomoedas.
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Ainda assim, esse tipo de investimento digital, com uma infinidade de alternativas disponíveis, pode gerar dúvidas na hora de escolher qual opção investir. Por isso, fontes desse mercado ouvidas pelo E-Investidor sugerem cautela na leitura de informações sobre o assunto antes de definir o quanto de dinheiro se deve investir.
Uma boa notícia para quem não é muito familiarizado com o tema é que diversas instituições financeiras do Brasil, de fintechs a grandes bancos, têm lançado produtos que investem em criptoativos, como fundos de investimento.
Como preparar o terreno?
Por ser um mercado ainda sem regulamentação, quem quiser entrar neste ecossistema precisa iniciar uma jornada de “garimpagem” por informações e dados, a fim de ir se familiarizando e se munindo de conhecimento sobre o assunto.
“Essas informações ficam espalhadas. Tem que pesquisar na internet, entrar em grupos de discussão no Telegram, no WhatsApp”, diz Bruno Milanello, executivo de Novos Negócios do Mercado Bitcoin.
Milanello explica que esse processo de aprendizagem pode ser comparado ao de se tornar fluente em uma nova língua.
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“Essa garimpagem dos dados e das informações faz parte do encantamento do negócio. Você não vai ficar fluente da noite para o dia. Tem que ir se expondo às informações gradualmente”, afirma Milanello.
Cursos são alternativa
Além de buscar informações de maneira individual, como um primeiro passo rumo ao universo cripto, existe também a possibilidade de aprender por meio de cursos de instituições e empresas do mercado.
De acordo com a Empiricus, desde janeiro, quando foi lançado o seu curso gratuito chamado ‘Cripto em Minutos’, mais de 33 mil pessoas já concluíram a formação. Entre os últimos meses de setembro e outubro, a empresa informa que a quantidade de alunos triplicou.
Já o número de assinantes dos relatórios de criptomoedas corresponde atualmente a 25% do volume total de assinantes da casa. Ou seja, dos 420 mil assinantes da Empiricus, cerca de 100 mil têm assinatura sobre conteúdo de criptomoedas.
“Sempre foi uma preocupação nossa não só dar recomendação do que comprar e do que vender, mas de fato educar o investidor. Porque são tantos projetos [de criptomoedas] que existem por aí, que as pessoas acabam sendo bombardeadas por informações e elas vão precisar saber diferenciar o que é uma informação boa de uma ruim”, diz Vinicius Bazan, diretor de produto da Empiricus.
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A Coins, plataforma de serviços financeiros e carteira de multimoedas, também tem registrado maior interesse dos investidores em criptomoedas. Segundo a empresa, os conteúdos introdutórios sobre blockchain e criptomoedas contam com mais de 300 mil visualizações no canal Coins Academy. E nos últimos três meses, o fluxo nos vídeos educacionais cresceu cerca de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Naturalmente, quando esse mercado (de criptomoedas) está aquecido, os acessos dos nossos conteúdos aumentam”, afirma Eduardo Salvatore, diretor da Coins. É por esse motivo que os investidores buscam entender as particularidades de criptomoedas que se destacam no mercado. “As pessoas querem entender o que exatamente essa moeda difere do Bitcoin, por exemplo”, avalia Marcelo Miranda, CEO da Coins.
Não focar no preço
O executivo de Novos Negócios do Mercado Bitcoin não recomenda usar a cotação dos criptoativos como um parâmetro para decidir o momento certo para investir. Isso porque, devido à forte volatilidade desse tipo de investimento, o preço dos criptos podem cair ou subir muito rápido, gerando risco de prejuízo.
“Você pode olhar o quanto um criptoativo se valorizou ou desvalorizou em uma janela de tempo, porque isso te dá um indicativo do momento dele em um ciclo, seja ele de alta ou baixa”, sugere Milanello.
Escolhendo entre tantas opções
O investimento em criptomoedas pode ser feito diretamente entre as pessoas que estão buscando vender e as que querem comprar, mas também por meio de produtos que já estão disponíveis no mercado brasileiro.
Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management, indica aos iniciantes que não querem se preocupar com as dificuldades técnicas de se comprar criptos de forma autônoma, em ecossistemas não regulados, buscar produtos como fundos multimercado ou ETFs (fundos de índices).
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“Em ambos os exemplos existe o respaldo dos reguladores brasileiros e garantia de custódia institucional, o que tira do investidor a necessidade de lidar com chaves privadas e cadastro em exchanges não reguladas”, diz Fleury.
É importante lembrar também de, antes de qualquer decisão de compra de criptoativos, tomar os mesmos cuidados que teriam ao fazer qualquer tipo de investimento, como casas e automóveis, que é pesquisar sobre quem está vendendo, se existe um histórico de problemas e reclamações.
No caso da escolha das criptomoedas, Milanello recomenda observar dois indicadores que apontam para quais são mais seguras: a capitalização de mercado (o tamanho da cripto frente às demais) e a adoção desse ativo em outros mercados, por exemplo, empresas que aceitam cripto como pagamento de produtos e serviços.
Investir e diversificar
Dos mais de 13 mil criptoativos em circulação no mundo, o executivo do Mercado Bitcoin estima que mais da metade são de criptomoedas. Desse modo, com uma boa pesquisa e tendo em vista quais são os objetivos e os prazos de investimento, é possível incluir criptomoedas na carteira.
“A quantidade depende do apetite para risco do investidor, mas geralmente o indicado é até 5% da carteira exposta em cripto”, diz o gestor da QR Asset Management.
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Já Milanello avalia que as criptomoedas poderiam representar entre 5% e 10% de todo portfólio do investidor, a depender do perfil de risco. Acima disso, para ele, é preciso estar bem familiarizado com esses ecossistemas.
Sobre diversificação, uma proposta mais conservadora em cripto, segundo Fleury, poderia conter de 60% a 70% de Bitcoin e Ethereum. “Os outros 30% a 40% poderia ser em uma altcoin mais consolidada ou algum projeto que o investidor acredite. Mas essa divisão é bem pessoal e depende da estratégia de cada um”, reforça Fleury.