- O que acontece com as criptomoedas é uma versão extrema do que vemos nos mercados de ações: investidores vendem ativos de risco quando percebem a ameaça crescente de uma recessão
- A criptomoeda Terra, conhecida por sua estabilidade, colapsou em questão de dias em maio, levando US$ 40 bilhões em fortuna dos investidores
- Em 2018, o bitcoin caiu de US$ 20 mil para menos de US$ 4 mil. Mas analistas dizem que desta vez parece diferente
No início de 2022, os ativos combinados da indústria de criptomoedas estavam estimados em US$ 3 trilhões. Agora, os preços de bitcoins e outras criptomoedas estão em processo de declínio acelerado após o Federal Reserve (Fed) sinalizar alta de juros para tentar acabar com a inflação. Na segunda-feira (20), o bitcoin foi negociado a US$ 20,097 mil, cerca de 70% abaixo do seu pico em novembro do ano passado (US$ 69 mil).
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O que acontece com as criptomoedas é uma versão extrema do que vemos nos mercados de ações: investidores vendem ativos de risco quando percebem a ameaça crescente de uma recessão. Para especialistas, isso mostra o aumento da preocupação em Wall Street sobre as bases fundamentais da indústria de finanças descentralizadas, que parecem frágeis neste momento. Apelidado de “inverno cripto”, esse não é o primeiro período de recessão na história do bitcoin ou das criptomoedas, contudo é o mais preocupante na visão do mercado financeiro.
A criptomoeda Terra, conhecida por sua estabilidade, colapsou em questão de dias em maio, levando US$ 40 bilhões em fortuna dos investidores. A companhia Celsius Network, responsável por operar um banco para titulares de criptomoedas, congelou as contas de 1,7 milhões de clientes na última semana, pegando depósitos e realizando investimentos com esses valores – uma vez avaliados em aproximadamente US$ 10 bilhões. Diferente de bancos reais, não existem seguros federais protegendo os depósitos destes consumidores.
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Em seguida, o fundador do Three Arrows Capital, fundo situado em Cingapura, comentou rumores sobre seu colapso iminente com um tuíte misterioso: “Estamos em processo de nos comunicarmos com as partes relevantes e totalmente comprometidos em resolver esta situação”.
Na semana passada, o CEO e cofundador da Coinbase, uma das maiores bolsas de criptomoedas, anunciou que a empresa demitiria cerca de 18% de seus funcionários e disse que uma recessão mais ampla poderia piorar ainda mais os problemas do setor. “Uma recessão pode levar a outro ‘inverno’ das criptomoedas e pode durar um longo período”, disse o CEO Brian Armstrong.
Este não é o primeiro “inverno cripto”. Em 2018, o bitcoin caiu de US$ 20 mil para menos de US$ 4 mil. Mas analistas dizem que desta vez parece diferente.
Hilary Allen, professora de direito da American University que fez pesquisas sobre criptomoedas, disse que não está preocupada com a última turbulência do setor se espalhando pela economia em geral. No entanto, entre os investidores, os problemas podem estar surgindo sob a superfície.
“Existem fundos de hedge que têm empréstimos bancários que fizeram apostas em criptomoedas, por exemplo”, disse ela. E sempre que os investidores emprestam dinheiro para aumentar o tamanho de suas apostas – algo conhecido no mundo financeiro como “alavancagem” – a preocupação é que as perdas possam se acumular rapidamente.
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“As pessoas estão tentando fazer análises, mas há falta de transparência e é difícil entender quanta alavancagem existe no sistema”, disse Stefan Coolican, ex-banqueiro de investimentos e agora membro do conselho consultivo da Ether Capital.
Por essas e outras razões, houve um esforço em Washington para regular mais de perto a indústria de criptomoedas, um esforço que está ganhando força.
“Acreditamos que a recente turbulência apenas ressalta a necessidade urgente de estruturas regulatórias que mitiguem os riscos que os ativos digitais representam”, disse o Departamento do Tesouro em comunicado.
*Com informações da Associated Press.