Conheça os fundos de ações que aproveitam a onda ESG

Olhar com cuidado para questões de sustentabilidade faz um bem enorme para o planeta e também pode ser muito bom para o bolso. Diversos estudos têm mostrado que empresas empenhadas em buscar boas práticas ambientais, sociais e de governança (que formam a sigla ESG em inglês) obtêm resultados financeiros melhores.

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Por isso, fundos que investem nessas empresas também tendem a entregar uma performance interessante. Na escolha das ações que irão compor o portfólio, os gestores desses fundos não deixarão de considerar o lado financeiro de cada companhia, como fluxos de caixa, balanços, valor de mercado e vantagens competitivas no setor. Mas o critério principal para entrar na carteira é a conduta de cada empresa em relação a diversos temas de sustentabilidade.

“Isso requer bastante estudo sobre a empresa, com a análise de várias questões ligadas aos aspectos ambiental, social e de governança. Cada um deles é desdobrado em até 25 indicadores diferentes, da gestão de resíduos à relação com funcionários e fornecedores”, explica Raquel Diniz, head de renda variável da Santander Asset.

Esse processo de avaliação ESG gera um ranking interno, que no Santander é revisto a cada seis meses. Mas a composição das carteiras é dinâmica. “Os fundos têm gestão ativa, compram e vendem o tempo todo. Mas só entram empresas bem rankeadas dentro dessa análise ESG”, afirma.

Mas como essa curadoria cuidadosa dos gestores se reflete em ganhos para o investidor? Para responder a essa pergunta, a Economática elaborou, com exclusividade para o E-Investidor, um levantamento com a rentabilidade nos últimos 12 meses dos fundos de investimento que receberam a classificação “Sustentabilidade/Governança” da ANBIMA.

Vale ressaltar que essa classificação não contempla a totalidade dos produtos com viés ESG disponíveis no mercado. Há outros fundos de várias categorias, da renda fixa aos multimercados, cujos gestores também observam aspectos de sustentabilidade na composição dos portfólios. Mas a amostra obtida é reveladora da performance que esses fundos podem ter.

Para ajudar na comparação, incluímos também a variação de dois índices que balizam o desempenho de fundos ESG: o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) e o IGC (Índice de Governança Corporativa). Desde que o ISE foi criado, em 2005, a carteira ISE3 teve ganhos de 296%, contra 223% da carteira formada pelas empresas que compõem o Índice Ibovespa.

Nos últimos 12 meses, a variação do ISE foi positiva em 15,77% (a do Ibovespa foi negativa em 12,99%). E, dos 19 fundos que compõem o levantamento, cinco entregaram retorno superior ao desse índice.

Os dois fundos que lideraram o ranking de rentabilidade são da família Ethical, do Santander. O Ethical I, voltado ao varejo, compra cotas do Ethical II – que é feito para clientes institucionais e teve o melhor desempenho no período: rentabilidade de 23,94%, com 8,17 pontos percentuais acima do ISE. O Ethical I, com taxa de administração maior, entregou 21,49% de retorno ao cliente.

“Juntamos empresas que aliam resultados financeiros e sustentabilidade. O resultado fica menos parecido com o Ibovespa do que outros fundos de ações, por isso é um produto bom para compor uma carteira diversificada”, comenta Diniz.

Apesar disso, algumas empresas que compõem o principal índice da B3 também estão na carteira, caso de Weg, Natura, Klabin e Lojas Americanas. “Elas têm um histórico forte de preocupação com a sustentabilidade. Sob um prisma ESG, elas se destacam muito mais do que dentro do Ibovespa”, afirma a head da Santander Asset.

A Western Asset apareceu duas vezes no ranking, com o fundo de ações Sustentabilidade Empresarial e um FIC que compra cotas dele. Ambos têm como benchmark o ISE e, na carteira, só entram papéis que estejam no rol das 30 empresas que compõem o índice.

“Olhamos para as ações da carteira ISE3, escolhemos as empresas cujas teses de investimento nos agradam mais e tentamos montar um portfólio que, a médio prazo, supere o benchmark“, diz Maurício Lima, gestor de portfólio da asset.

Nos últimos 12 meses, esse objetivo não foi alcançado, já que o FIA cravou 12,68% de rentabilidade e o FIC, 10,36%. “Nós gostamos bastante da Weg, mas, em termos de valuation, havia papéis mais atrativos. Eu diria que ficamos um pouco para trás por causa dela. Já a Natura foi a empresa que mais agregou à carteira. Mas isso não foi o suficiente para compensar o ‘efeito Weg'”, comenta o gestor.

Veja a seguir como os fundos de sustentabilidade Anbima performaram nos últimos 12 meses.

Desempenho dos fundos de sustentabilidade da ANBIMA

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