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- O fluxo de capital estrangeiro na B3 no primeiro semestre de 2023 está em R$ 16,89 bilhões
- Um número bem abaixo do registrado no 1º semestre de 2022 e 2021, mostra um levantamento do Trademap
- Especialistas destacam, no entanto, que o fluxo é "positivo" dado o contexto global do semestre, marcado por apertos monetários pelo mundo
O fluxo de capital estrangeiro na Bolsa de Valores brasileira está em R$ 16,89 bilhões em 2023. Apesar de positivo, o número não representa um avanço expressivo frente aos R$ 12,5 bilhões que foram aportados aqui somente em janeiro. De lá para cá, foram três meses de resgates, com a volta do fluxo internacional de forma mais relevante acontecendo somente em junho, mostram dados levantados por Einar Rivero, do TradeMap.
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Na avaliação de Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimento, os R$ 16 bilhões de fluxo estrangeiro no primeiro semestre refletem três fatores. O primeiro foi o começo do novo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as indefinições fiscais que marcaram os primeiros meses de 2023, um cenário de incertezas que também penalizou o Ibovespa em fevereiro e março.
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Os outros dois têm a ver com juros: nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou as taxas e fez com que o investidor global ficasse menos propenso a ativos de risco; no Brasil, a falta de sinalizações por parte do Banco Central a respeito do futuro da Selic.
“Esses fatores impediram que o estrangeiro viesse mais forte para o semestre”, diz Conde. “O dinheiro só entrou pesado no Brasil em janeiro porque o preço estava muito baixo e agora em junho, porque criou-se a expectativa de baixar os juros em agosto”, explica.
O levantamento do Trademap mostra ainda que o fluxo de capital estrangeiro em 2023 também está bem abaixo dos registrados nos primeiros semestres de anos anteriores. Em 2022, o saldo semestral foi de R$ 68,75 bilhões; em 2021, R$ 47,86 bi.
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Mas os especialistas destacam que, para traçar esse comparativo, é preciso levar em conta também o contexto macroeconômico global. Em 2022, a eclosão da guerra na Ucrânia gerou um boom no preço das commodities, um movimento que atraiu gringos para a Bolsa brasileira, que não só tem muitas empresas do setor como também está geograficamente distante do conflito.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, explica que faz sentido que o fluxo seja menor em 2023, especialmente por conta do ciclo de aperto monetário nas economias desenvolvidas – algo que ainda não estava tão acentuado no primeiro semestre de 2022. “Os emergentes começaram antes, mas os desenvolvidos foram logo atrás e já chegaram a níveis que não víamos há mais de dez anos. Agora, para atrair esse capital, temos que competir contra essa prateleira que está bem recheada de taxas maiores em economias desenvolvidas”, diz Cruz.
O que esperar para o segundo semestre
A continuidade de um fluxo de investimento estrangeiro no Brasil positivo até o fim do ano dependerá de algumas variáveis. Ainda que o mercado brasileiro seja considerado mais atrativo aos olhos dos gringos do que pares emergentes, as taxas de juros elevadas em economias desenvolvidas funcionam como concorrentes de peso para a alocação por aqui.
Para Flávio Conde, da Levante, o fortalecimento do capital estrangeiro no Brasil passa fundamentalmente por dois movimentos: o fim do ciclo de alta nos juros nos Estados Unidos e o início dos cortes na Selic na economia doméstica.
Nos EUA, o Fed já sinalizou que pode fazer ainda dois ajustes adicionais nos juros – um cenário pior para o mercado brasileiro, já que atrai o fluxo de investimento internacional para o mercado americano, além de minar parte do apetite por ativos de maior risco, como os emergentes. Por aqui, a expectativa é que o BC faça a primeira redução na Selic na reunião marcada para os dias 1º e 2 de agosto.
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“O estrangeiro só virá para o mercado brasileiro se o Fed parar de subir e se o BC começar a cortar. Mas, se isso acontecer, provavelmente teremos um período muito bom, quando o fluxo do segundo semestre pode pular para algo como R$ 30 ou R$ 40 bilhões nas minhas contas”, diz Conde.
Mas não é só o cenário nos Estados Unidos que vai influenciar. Problemas geopolíticos ainda persistem na Rússia, a reabertura da economia chinesa não está seguindo o ritmo esperado por agentes econômicos; isso para citar apenas dois exemplos. “Tudo isso pode mudar o fluxo de recursos de uma maneira muito rápida”, pontua Ricardo França, analista da Ágora Investimentos. “A nossa Bolsa ainda é muito barata e tem condições para continuar recebendo recursos, mas a intensidade vai depender muito dessa conjuntura global.”