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- A compra do Credit Suisse pelo UBS chacoalhou os mercados nesta semana
- As ações do Credit Suisse não escaparam de um tombo de mais de 55% no primeiro pregão após a compra do UBS, enquanto os BDRs da instituição caíram 28% no mesmo dia
- Mas os FIIs não foram afetados; especialistas explicam o porquê
A possibilidade de uma crise bancária nas maiores economias do mundo vem assustando investidores. Depois da falência de bancos nos Estados Unidos, esta semana foi a vez de o Credit Suisse, a segunda maior instituição financeira da Suíça, precisar de apoio para não fechar as portas.
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Em um acordo com a autoridade monetária do país, o UBS acabou acertando a compra do Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões – um movimento de emergência arquitetado para tentar conter maiores problemas no sistema financeiro mundial, mas que ainda assim chacoalhou os mercados.
As ações do Credit Suisse, por exemplo, não escaparam de um tombo de mais de 55% no primeiro pregão após a compra do UBS, na segunda-feira (20). Com os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da instituição também não foi diferente, uma queda de 28% no mesmo dia.
Mas, em meio a esta crise, há uma classe de ativos ligada ao bancos suíço passando praticamente protegida dos problemas da instituição: os fundos imobiliários.
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Um levantamento feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor, mostra que FIIs da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), a corretora do banco suíço no Brasil, não sofreram grandes instabilidades depois que a instituição foi comprada pelo UBS. Os sete ativos negociados na B3 tiveram desempenhos perto da estabilidade, sem quedas superiores a 0,6%.
Fundo Imobiliário | Código | Variação 20/03/23 |
Castello Branco Office Park FI-Unica | CBOP11 | -0,40% |
CSHG Imobiliario Fof – FII-Unica | HGFF11 | -0,47% |
CSHG Logistica FII – FII-Unica | HGLG11 | 0,16% |
CSHG Prime Offices FII-Unica | HGPO11 | -0,02% |
CSHG Real Estate FII-Unica | HGRE11 | -0,18% |
CSHG Recebiveis Imobiliarios -Unica | HGCR11 | -0,54% |
CSHG Renda Urbana – FII-Unica | HGRU11 | 0,17% |
Fonte: Economatica |
Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, explica que os FIIs possuem um CNPJ próprio, ou seja, são independentes e segregados das instituições que os administram. Um ponto fundamental nessa indústria e que protege esses ativos de instabilidades como a que está acontecendo no Credit Suisse. E que é determinado inclusive pela lei que regulariza esse mercado no Brasil, a Lei 8.668 de junho de 1993.
“Isso significa que o fundo mobiliário fica apartado do patrimônio da gestora ou banco que faz a administração dos recursos que estão investidos ali”, afirma.
Por esse motivo, a crise no Credit Suisse ou a compra do banco pelo UBS não afetou a performance desses ativos, já que não altera os fundamentos dos portfólios dos fundos. Celina Vaz Guimarães, sócia da Paladin, destaca ainda que o “vasto e longo” histórico da CSHG, à frente dos FIIs, também ajuda a distanciá-los dos problemas na Suíça.
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“Para o longo prazo as coisas deveriam normalizar, pois a gestão é sólida e comprovada. O CSHG é uma das maiores gestoras do Brasil, então os efeitos dessa fusão [com o UBS] não deveriam ser tão sentidos aqui, como será no país sede”, diz Guimarães.
Como os especialistas não acreditam em grandes impactos de curto prazo nesses FIIs, o ponto agora é observar se, no médio prazo, haverá alguma mudança na administração dos fundos. Um cenário eventual, caso o UBS não tenha interesse em manter a gestão dos ativos e a transfira para outra gestora, podendo alterar também as estratégias de alocação da carteira, por exemplo.
“Se eventualmente muda a gestão, isso sim pode afetar os investidores até que tenhamos uma clareza em relação ao que pode acontecer”, pontua Felipe Paletta, da Monett. “Mas no curto prazo acho que o investidor não deveria fazer nada e precisa aguardar novas informações para ver o que vai acontecer.”
O que fazer com os ativos
Até que haja clareza no cenário sobre o que vai acontecer com o Credit Suisse e seus ativos sob gestão, agora no comando do UBS, os investimentos que sejam ligados ao banco podem oscilar. Ainda assim, os especialistas não acreditam que investidores brasileiros com FIIs da CSHG na carteira precisem se preocupar.
Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, explica que, como os ativos não têm ligação direta ao patrimônio do banco, não devem sofrer nenhum efeito em termos de fundamento. “Basicamente pode ter algum fluxo negativo em virtude do noticiário, de forma que o investidor com receio pode vender, mas para operação não tem relação”, diz.
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Felipe Paletta, da Monett, concorda: “Se a equipe de gestão for mantida e não se alterar o regulamento do fundo, a liquidez ou nada em termos de fundamento e caixa no curto prazo, então o investidor não deveria se preocupar”, explica.
O analista traz ainda um outro ponto. Os fundos imobiliários andam em baixa em 2023 – e abrir mão das posições neste momento seria como vender na baixa.
Como contamos nesta reportagem, além dos juros altos que penalizam os FIIs de tijolo, o atual cenário de crédito deteriorado vem pressionando também os fundos de papel. Uma combinação de fatores que faz alguns ativos caírem até 16% neste início de ano.
Entre os FIIs da CSHG, o Castello Branco Office Park FII (CBOP11) acumula uma queda de 25% até o dia 20 de março, mostram os dados levantados pela Economatica. Entre os 7 fundos imobiliários da corretora ligada ao banco suíço, apenas um tem rentabilidade positiva em 2023, o CSHG Recebíveis Imobiliários (HGCR11), que sobe 2,39% em 2023.
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“Temos um cenário macroeconômico que tem desfavorecido os fundos imobiliários no curto prazo, vejo grandes descontos na indústria de forma geral”, destaca Paletta. “Por isso, não acho que os investidores deveriam vender.”