- O dólar está prestes a encerrar o 1º semestre de 2023 com a maior desvalorização semestral em 7 anos, cotado a R$ 4,77
- A projeção do Focus para o fim do ano é que o câmbio fique em R$ 5; no entanto, especialistas veem espaço para que uma cotação menor no 2º semestre
- Atual cotação pode ser oportunidade para quem quer comprar moeda, mas recomendação é fazer aportes pontuais
A cotação do dólar passou por um desvalorização neste primeiro semestre de 2023 que não se via há sete anos no mercado brasileiro. A moeda americana caiu dos R$ 5,23 com que começou o ano para R$ 4,77 nesta quinta-feira (22), o menor patamar para o câmbio desde maio de 2022.
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Como explicamos nesta reportagem, trata-se de uma melhora brusca no humor com que o mercado iniciou o ano em meio às incertezas macroeconômicas globais e o novo governo no Brasil. Agora, passada parte dessa instabilidade, o País vem conseguindo se colocar como destino do capital estrangeiro entre os emergentes.
Com mais dólares entrando no mercado brasileiro, o real conseguiu se fortalecer e se estabilizar abaixo dos R$ 4,80 nos últimos pregões. Para o segundo semestre, no entanto, pairam algumas dúvidas sobre a continuidade dessas quedas.
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A projeção mais recente do Boletim Focus, por exemplo, indica um dólar a R$ 5 até o final do ano.
Gabriel Moraes, assessor de investimentos do escritório Arcani Investimentos, destaca que, embora o Focus reúna um resumo das expectativas do mercado, ainda existe muita divergência entre os agentes. Nem todos, diz ele, acreditam que a tendência para o segundo semestre é de valorização do dólar.
“Para o dólar voltar para R$ 5, duas coisas precisam acontecer: os juros dos EUA ficarem altos por mais tempo, o que atrai o dinheiro para lá; e os juros do Brasil caírem muito rápido”, explica Moraes. “Se o Banco Central abaixar os juros em uma velocidade muito rápida, isso pode fazer o dólar se apreciar de novo. Talvez isso explique essa tese do dólar de volta aos R$ 5.”
No entanto, esse não parece ser o cenário base até o momento. Na reunião de política monetária realizada na quarta-feira (21), o BC inclusive surpreendeu o mercado ao manter o tom ainda duro contra o combate à inflação, sem sinalizar o início do ciclo de cortes na Selic para agosto, como esperavam muitos analistas e economistas. Veja a avaliação dos especialistas com detalhes aqui.
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“Se houver um corte de juros exagerado e sem fundamentos para isso podemos ter uma desvalorização do Real. Mas é algo que eu não acredito que o Banco Central vá fazer”, diz Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank. Mantidas as outras condições, o especialista vê espaço para uma cotação mais baixo do que os R$ 5 ao final do segundo semestre.
Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, traz ainda um outro ponto: há quatro semanas, o Focus esperava um dólar de R$ 5,15 ao final de 2023. O que significa que as expectativas mudam e ainda podem mudar até dezembro.
“Essas projeções são baseadas na análise da conjuntura, levando em consideração fatores como a inflação, que geralmente aquece mais no segundo semestre. A expectativa atual é de que o dólar alcance R$ 5,0, mas é importante ressaltar que no início do ano a projeção era acima de R$ 5,20”, pontua.
Hora de comprar?
A cotação do dólar é uma das variáveis mais difíceis de se prever no mercado, por isso especialistas não conseguem cravar o futuro da trajetória da moeda. Ainda assim, para aqueles investidores interessados em dolarizar o portfólio ou turistas com viagens agendadas que precisam comprar a moeda, a desvalorização atual pode indicar uma boa janela de oportunidade.
“Estamos falando da menor cotação em mais de um ano. Considerando o contexto atual, o risco de uma correção é maior do que a oportunidade de uma queda mais acentuada”, pontua Diego Costa, da B&T Câmbio.
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A recomendação, no entanto, é sempre fazer múltiplos aportes – ou seja, ir comprando aos poucos para fazer um preço médio, sem tentar adivinhar o futuro da cotação.
“Nós sempre indicamos que os clientes façam suas compras em partes”, diz
Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange. “Analisando graficamente, o dólar ainda tem margem para continuar em queda; mas também temos fatores que podem influenciar a alta da moeda, então indicamos que os clientes garantam parte de suas compras para aproveitar a cotação.”