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Veja como fica a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto após a nova Selic

Especialistas apontam ganho elevado para os papéis com a segurança do governo federal, mas ainda há riscos. Veja

Veja como fica a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto após a nova Selic
Tesouro Direto (Foto: Foto: Adobe Stock)
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  • Tesouro Selic ainda paga rendimento real de mais de 6% ao ano, com liquidez diária
  • Corte da Selic não altera atratividade de títulos vinculados ao IPCA, que vêm aumentando e atraindo a atenção dos investidores
  • Tesouro Prefixado com vencimento em 2031 também voltou a aparecer como uma boa oportunidade

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu pelo corte de 0,25 ponto porcentual, trazendo a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 10,50% ao ano. Mesmo com a queda reduzindo a rentabilidade, os títulos pós fixados do Tesouro Selic continuam pagando muito bem, acima da inflação.

O ciclo de cortes está chegando ao fim, o mercado espera um piso em 10% ao ano até o final de 2024. “Se a gente considera o objetivo do investidor como uma reserva de emergência, ou um caixa, ou um tipo de investimento que ele quer menor volatilidade, é uma rentabilidade atrativa”, diz a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, sobre a atual taxa de títulos pós fixados do Tesouro Direto.

  • Leia mais: Como ficam os investimentos com a taxa Selic em 10,50% ao ano

Com a inflação do Brasil medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) marcando 3,93% em 12 meses e a taxa Selic pagando um pouco acima dos 10%, isso significa um rendimento real de mais de 6% ao ano, num título de liquidez diária, ou seja, com a possibilidade de resgatar o investimento em qualquer dia útil.

“É um ganho elevado para um papel que tem a segurança do governo federal, é um título simples de aportar para as pessoas, tem liquidez diária, então ainda é um título interessante”, comenta a analista de renda fixa da Nord Investimentos, Maria Luisa Nepomuceno. “Tesouro Selic é normalmente utilizado para reserva de emergência, para quem precisa tirar o dinheiro no curto prazo”, contextualiza Renan Diego, especialista em finanças pessoais.

Os juros que o mercado cobra

Numa outra ponta, os cortes da Selic não alteram a atratividade dos títulos vinculados ao IPCA , que vêm aumentando e atraindo a atenção dos investidores. Em abril, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 15 de maio de 2035 foi negociado a uma taxa anual de 6,23%, enquanto no final de março, estava em 5,94% ao ano. “Situação semelhante ocorreu com o título vencendo em agosto de 2026, que alcançou 6,28% ao ano”, relata o analista de renda fixa da Levante Inside Corp, Fabrício Silvestre.

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O Tesouro Prefixado com vencimento em 2031 também voltou a aparecer como uma boa oportunidade neste cenário, apesar de sua característica mais arriscada. Pagando 11,53% ao ano, ele pode entregar um retorno alto para uma inflação que deve girar por volta dos 3,5% até 2027, conforme projeção do Boletim Focus. Isso representa um retorno real acima dos 7% em termos anuais. “É muito bom fazer esse congelamento da taxa de rentabilidade. Porém, o ideal é entrar pensando em manter até o vencimento”, diz Renan Diego, lembrando da famosa “marcação a mercado” – veja aqui o que é.

É justamente nesta marcação a mercado que os títulos pós fixados do Tesouro Selic se diferenciam dos híbridos (Tesouro IPCA +, que tem uma parte do rendimento atrelado à variação da inflação e a outra prefixada) e dos papeis do Tesouro Prefixado. “Diferente dos títulos pós fixados, que seguem a rentabilidade da Selic, os prefixados e os híbridos vão seguir o que a gente está vendo na curva de juros. São os investidores precificando investimentos de longo prazo com base nos títulos do Tesouro”, explica Rachel de Sá.

Esse movimento, portanto, não é determinado pelo Banco Central, mas pelo mercado de investimento. É por isso que o movimento de queda no curto prazo é diferente da abertura na curva de juros no longo prazo, com os investidores cobrando mais para emprestar para o Tesouro.

O motivo para essa diferença são as incertezas vindas de fora, e de Brasília também. No caso específico, da comunicação do Copom. Um comunicado mais cauteloso do BC, indicando uma Selic terminal mais alta do que a esperada anteriormente, tende a não mexer na curva de juros. “Se a gente tiver uma abertura da curva, seria o resultado de um comunicação menos forte. Se o comunicado for mais forte, a gente pode ver um fechamento ou mesmo manutenção da curva de juros neste patamar”, explica a economista da Rico.

Riscos aqui e lá fora

Isso decorre da revisão de expectativas de corte nas taxas de juros dos EUA, que agora entrou num quadro de juros altos por mais tempo, o que aumenta o patamar de juros terminais no Brasil. Aos olhos do investidor internacional, o Brasil tem de pagar um prêmio de risco em relação aos juros dos Estados Unidos para justificar manter o seu dinheiro aqui.

Juros mais altos também pressionam a inflação por meio de um dólar mais caro, o que limita a margem de manobra do Banco Central na redução dos juros domésticos, motivo pelo qual o mercado espera que o atual ciclo de cortes de juros termine no patamar de dois dígitos, perto dos 10% ao ano.

Além disso, com um governo de perfil mais gastador, o mercado passou também a cobrar mais juros para emprestar. Em abril o principal fator foi a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) que altera a meta fiscal a partir de 2025, sugerindo um déficit primário maior, levando à abertura da curva de juros no mês.

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Por isso – voltando à marcação a mercado – fica mais arriscado investir nos títulos híbridos e prefixados. Os movimentos de mercado de abertura e fechamento da curva de juros impactam no valor desses papeis e se o investidor precisar tirar o dinheiro antes do vencimento, pode fazê-lo num momento de perda.