O que este conteúdo fez por você?
- Setores com mais peso na bolsa brasileira são os de Bancos, Exploração de refinos e distribuição e Minerais. Nos EUA, as empresas mais relevantes estão no âmbito de Software, Farmacêutico e Computadores
- Para especialistas, levantamento ressalta a discrepância do desenvolvimento entre os EUA e o Brasil
- Apesar do atraso, os analistas afirmam que a B3 deve seguir a tendência mundial e setor tecnológico deve sobressair nos próximos anos
Todas as bolsas de valores ao redor do mundo são compostas por diversas empresas de diferentes setores. Porém, o peso de relevância dado para cada segmento dentro do mercado acionário varia de um país para outro. Com o objetivo de comparar essa diferença entre a bolsa brasileira e a americana, a Economatica realizou um levantamento exclusivo ao E-Investidor.
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No Brasil, os três setores mais relevantes da B3 são os de Bancos (20,09%), Exploração de refinos e distribuição (11,65%) e Minerais (11,19%). Já nos EUA, as empresas mais relevantes estão no âmbito de Software (8,71%), Farmacêutico (7,31%) e Computadores (5,89%). (Confira no final da reportagem quais são as ações desses setores e seus pesos)
Neste cenário, percebe-se que enquanto as companhias bancárias e exportadoras têm mais expressão no mercado brasileiro, no norte-americano as empresas de tecnologia são as mais relevantes.
Desenvolvimento
Segundo especialistas, a diferença entre as empresas mais relevantes no mercado brasileiro e no americano resume-se pela diferença no grau de desenvolvimento dos países. José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos, explica que o Brasil ainda é um país emergente e, por isso, vemos essas empresas como destaque na nossa bolsa.
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“Somos um país exportador e nossa indústria no setor é muito grande e importante, mas em países desenvolvidos elas não são mais tão relevantes e até estão em fase de redução”, diz ele.
Com isso, o head da Ágora ressalta que a economia americana mudou suas prioridades há algum tempo e, por essa razão, os setores mais relevantes no mercado acionário são tão diferentes. “É uma característica de países desenvolvidos ter indústrias mais sofisticadas e voltadas para tecnologia”, afirma Cataldo.
Além disso, Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo, pontua para a grande diferença de tamanho entre o mercado de ações brasileiro e o americano. “Lá tem inúmeras empresas a mais listadas com o capital aberto do que no Brasil e elas são muito maiores. Só as ações da Apple valem mais que o Ibovespa inteiro”, lembra ele.
As bolsas americanas contam com uma gama maior de segmentos, deixando o mercado menos concentrado. Como prova disso, basta comparar a porcentagem dos setores com maior peso.
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Enquanto no Brasil os bancos lideram com mais de 20% de participação, nos EUA o setor de software tem peso de 8,7%. A diferença fica ainda mais clara quando se compara o número de ações que compõem os três setores mais relevantes do mercado. No brasileiro, eles são compostos por 14 papéis e no norte-americano por 39.
“Isso se resume ao desenvolvimento dos mercados”, diz Madruga, lembrando ainda da diferença cultural de investimentos que também contribui para a bolsa brasileira ser menor. “Os pais brasileiros abrem uma caderneta de poupança para o filho quando ele nasce e os americanos uma de ações”, completa o sócio da Monte Bravo.
Bolsa brasileira está atrasada
Para os especialistas, o desenvolvimento brasileiro está atrasado. Eles ressaltam, no entanto, que mercado deve ampliar nos próximos anos e a bolsa brasileira ficará mais em linha com a americana.
Madruga afirma que o Brasil é uma cópia, com muito atraso, do mercado americano. Então, se a economia americana se reinventou e agora é mais tecnológica, este processo deve acontecer aqui também. “É uma tendência global as empresas de tecnologia se destacarem”, diz ele.
Cataldo concorda com essa visão. Segundo ele, mais empresas de tecnologia devem abrir seu capital no Brasil e conquistar espaço no mercado. “A tendência é o Ibovespa ser diluído em mais setores com o tempo e o tecnológico se destacar”, afirma o head da Ágora.
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Atualmente, as empresas consideradas de tecnologia dentro do Ibovespa são as de e-commerce e a fabricante de software Totvs (TOTS3). “A indústria ainda é pequena. Porém, tenho a esperança de que o mercado vai se desenvolver mais e alterar a composição do índice”, comenta Madruga.
“Somos iniciantes nisso, mas ao longo do tempo devemos caminhar para mudanças”, assenta Cataldo, da Ágora, afirmando que mais empresas do setor devem entrar na bolsa com o tempo.
O que isso significa para o investidor?
Segundo Cataldo, é esperado que nos próximos anos a indústria de tecnologia cresça no País e que as empresas do setor abram seu capital no bolsa.“Devemos ver as empresas de tecnologia ganhando cada vez mais relevância no mercado”, afirma o head da Ágora.
Para Madruga, esse movimento é inevitável e deve ser visto com bons olhos pelo investidor. “Há de se esperar que o que já aconteceu no EUA ocorra aqui”, diz ele. “Vamos ver boas oportunidades ao longo dos próximos anos e décadas para as empresas de tecnologia na nossa bolsa”, diz o sócio da Monte Bravo.
Empresas dos setores com maior peso no Brasil
Empresa | Setor | Participação no índice |
Vale (VALE3) | Minerais | 10,613% |
Itaú Unibanco (ITUB4) | Bancos | 6,916% |
Petrobras (PETR4) | Exploração de refinos e distribuição | 5,272% |
Bradesco (BBDC4) | Bancos | 5,058% |
Petrobras (PETR3) | Exploração de refinos e distribuição | 3,526% |
Banco do Brasil (BBAS3) | Bancos | 2,607% |
Itaú (ITSA4) | Bancos | 2,573% |
Bradesco (BBDC3) | Bancos | 1,138% |
BTG Pactual (BPAC11) | Bancos | 1,137% |
Ultrapar (UGPA3) | Exploração de refinos e distribuição | 1,102% |
BR Distribuidora (BRDT3) | Exploração de refinos e distribuição | 0,849% |
Cosan (CSAN3) | Exploração de refinos e distribuição | 0,722% |
Santander (SANB11) | Bancos | 0,574% |
Bradespar (BRAP4) | Minerais | 0,514% |
Fonte: Economatica
Empresas dos setores com maior peso nos EUA
Empresa* | Setor | Participação no índice |
Microsoft (MSFT) | Software | 5,378% |
Apple (AAPL) | Computadores | 5,214% |
Johnson&Johnson (JNJ) | Farmacêutico | 1,146% |
Merk&Co (MRK) | Farmacêutico | 0,789% |
Pfizer (PFE) | Farmacêutico | 0,750% |
Adobe (ADBE) | Software | 0,716% |
Abbvie (ABBV) | Farmacêutico | 0,623% |
Abbott (ABT) | Farmacêutico | 0,598% |
Salesforce (CRM) | Software | 0,581% |
Amgen (AMGN) | Farmacêutico | 0,505% |
Eli Lilly and Company (LLY) | Farmacêutico | 0,475% |
Oracle (ORCL) | Software | 0,440% |
IBM (IBM) | Computadores | 0,440% |
Bristol Myers (BMY) | Farmacêutico | 0,420% |
Gilead (GILD) | Farmacêutico | 0,366% |
Intuit (INTU) | Software | 0,282% |
Servicenow (NOW) | Software | 0,278% |
Vertex (VRTX) | Farmacêutico | 0,257% |
Zoetis (ZTS) | Farmacêutico | 0,253% |
Regeneron (REGN) | Farmacêutico | 0,226% |
Biogen (BIIB) | Farmacêutico | 0,209% |
Activision Blizzard (ATVI) | Software | 0,201% |
Autodesk (ADSK) | Software | 0,194% |
Eletronic (EA) | Software | 0,130% |
Synopsys (SNPS) | Software | 0,103% |
Idexx (IDXX) | Farmacêutico | 0,101% |
Cadence (CDNS) | Software | 0,097% |
HP (HPQ) | Computadores | 0,097% |
Alexion (ALXN) | Farmacêutico | 0,096% |
Ansys (ANSS) | Software | 0,093% |
Paycom (PAYC) | Software | 0,061% |
Citrix (CTXS) | Software | 0,060% |
Take-Two (TTWO) | Software | 0,054% |
Western Digital (WDC) | Computadores | 0,054% |
Seagate (STX) | Computadores | 0,048% |
Nortonlifelock (NLOK) | Software | 0,045% |
Netapp (NTAP) | Computadores | 0,041% |
Mylan (MYL) | Farmacêutico | 0,034% |
Perrigo (PRGO) | Farmacêutico | 0,029% |
*O levantamento considera as ações de todos os índices dos EUA
Fonte: Economatica
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