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- O balanço corporativo da Tesla (TSLA), de Elon Musk, foi o primeiro resultado entre as big techs a trazer preocupação ao mercado ao entregar uma queda no lucro líquido
- Com o balanço, as ações da montadora de veículos elétricos acumulam perdas de 14% em agosto, segundo dados da Economatica
- As ações de outros grandes players de mercado, como Amazon (AMZN) e Apple (AAPL), também seguem o mesmo ritmo e apresentam um desempenho negativo em agosto
O brilho das big techs parece ter reduzido nas últimas semanas para os investidores. A entrega de resultados abaixo do esperado, como os da Tesla (TSLA), e o movimento de investidores em busca de ações com o melhor upside ajudam a entender o atual momento dessas companhias. Segundo dados da Economatica, das sete ações de tecnologia de maior relevância no mercado, apenas a Meta (META)
apresenta ganhos no acumulado do mês.
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O balanço corporativo da Tesla (TSLA), de Elon Musk, foi o primeiro resultado entre as big techs a trazer preocupação ao mercado. No fim de julho, a montadora de veículos elétricos reportou lucro líquido de US$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2024. O valor representa um recuo de 45% em comparação ao mesmo período do ano passado, além de indicar a segunda queda consecutiva do lucro trimestral da companhia. Com esse resultado, o lucro por ação ajustado ficou em US$ 0,42 e abaixo do registrado no ano anterior, de US$ 0,78.
Os investidores também reagiram de forma negativa ao balanço da Amazon (AMZN) mesmo com a entrega de números acima do esperado. O lucro da gigante do e-commerce ficou em US$ 13,5 bilhões durante os meses de abril a junho, enquanto no mesmo período do ano passado esse volume era de US$ 6,7 bilhões. Ou seja, nesta temporada de resultados, a big tech reportou o dobro de volume. Por outro lado, o que pesou sobre as ações da companhia foi o aumento dos gastos com data centers, imóveis e chips necessários para atender a demanda por inteligência artificial (IA).
Os gastos alcançaram a cifra de US$ 17,62 bilhões no segundo trimestre, valor mais alto desde 2021. Com essa repercussão, as ações da Amazon acumulam perdas de 11,33% no acumulado de agosto, segundo dados da Economatica. “A monetização dos gastos de IA não está ocorrendo na velocidade que os investidores gostariam”, afirma Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research. A depreciação também acontece com a projeção do mercado para os resultados do próximo trimestre. “A empresa estima um lucro de US$ 11 bi a US$ 15 bilhões para o balanço do 3T24, enquanto o mercado estava esperando pelo menos US$ 15 bilhões”, diz Pacheco.
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Outras companhias também tiveram movimentos de perdas, mesmo com a entrega de bons resultados. É o caso das ações da Apple (AAPL). Assim como a Amazon, a empresa superou as projeções de lucro e reportou um volume 8% superior em comparação ao registrado no mesmo período do ano passado. Os números não foram o suficientes para convencer alguns investidores relevantes a manter posição na companhia. O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, por exemplo, reduziu em quase 50% a sua participação na Apple. A decisão levantou dúvidas sobre as perspectivas do megainvestidor para o mercado de ações e para a economia nos Estados Unidos.
Veja a performance das ações de big techs em agosto
Ações |
Desempenho em agosto*
|
Meta (META) | 7,33% |
Microsoft (MSTF) | -3,74% |
Apple (AAPL) | -3,95% |
Alphabet (GOOGL) | -5,54% |
Nvidia (NVDA) | -10,30% |
Amazon (AMZN) | -11,33% |
Tesla (TSLA) | -14,32% |
Fonte: Economatica/Dados até o pregão do dia 8 de agosto |
Do grupo das big techs, apenas as ações da Meta acumulam ganhos em agosto. A valorização reflete a entrega de resultados acima das expectativas do mercado. A companhia, dona do Facebook, reportou um lucro líquido de US$ 13,47 bilhões no segundo trimestre, o que equivale uma valorização de 73% durante o mesmo período do ano anterior.
Já em relação à receita, houve uma alta de 22%, cravando o seu quatro trimestre consecutivo de crescimento acima de 20%. “Tivemos um trimestre forte e a Meta AI está a caminho de ser o assistente de IA mais usado no mundo até o final do ano”, informou Marck Zuckerberg, CEO da Meta, em comunicado.
Investidores em busca de novas oportunidades
A recente depreciação dos papéis das big techs pode ser explicada, na avaliação de Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, pela diversificação do portfólio de investidores, que passaram a se posicionar em outros setores da economia, como o consumo. Para ele, nos últimos anos, as ações de tecnologia sustentaram a maior parte da valorização do mercado acionário dos Estados Unidos (EUA) durante o período de ciclo de aperto monetário em meio às expectativas para o desenvolvimento de soluções com IA.
“As ações ficaram caras demais e estão sendo negociadas a múltiplos muito elevados. Os investidores estão se questionando se ainda têm espaço para lucros em termos de ganhos de capital”, afirma Cruz. Além disso, as eleições para a presidência dos EUA, previstas para acontecer em novembro, também podem trazer ainda mais volatilidade para as ações, já que há um movimento dos países em encontrar uma regulação para as companhias.
As ações de big techs e a queda de juros nos EUA
Desde o início do mês, o mercado precifica o início de queda de juros nos Estados Unidos (EUA) para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), prevista para acontecer no dia 18 de setembro. A expectativa se consolidou com os resultados de relatório de empregos que vieram abaixo das estimativas dos analistas e trouxeram um temor de uma possível recessão na economia norte-americana.
Por enquanto, essa narrativa tem se afastado à medida em que novos dados econômicos mostram uma desaceleração dentro da normalidade. Se houver um recuo das taxas sem a presença de uma crise econômica, como o mercado projeta, a tendência é de que o apetite a risco dos investidores aumente e favoreça as ações das big techs.
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“As companhias continuam muito fortes e, se os juros caírem, podem animar bastante o mercado e há possibilidade de vermos um outro ciclo de alta de papéis das big techs“, afirma Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimentos de negócios da Bridgewise. A dúvida que paira no momento está em saber qual será a magnitude da redução dos juros na próxima reunião. A estimativa de alguns players do mercado, como o Citi, é de que haja uma redução de 50 pontos-base dos juros americanos. As taxas permanecem no intervalo de 5,25% a 5,50% há mais de um ano.
Com informações do Broadcast