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Braskem: o que o investidor deve fazer com as ações em alta de 30%

Na semana passada, rumores de uma oferta de compra da companhia feita pela Apollo valorizaram os papéis

Braskem: o que o investidor deve fazer com as ações em alta de 30%
TCU deve suspender temporariamente processo de venda da petroquímica. (Foto: Getty Images)
  • As ações da Braskem (BRKM5) foram o grande destaque no Ibovespa na última semana. Entre a segunda (10) e a sexta-feira (15), rumores de uma oferta para aquisição da companhia movimentaram as negociações dos ativos
  • Em dois dias, o valor de mercado da empresa saltou R$ 5,54 bilhões
  • Para especialistas, se a oferta se concretizar, pode ser um bom momento para apostar nos papéis

As ações da Braskem (BRKM5) foram o grande destaque no Ibovespa na última semana. Entre a segunda (10) e a sexta-feira (15), rumores de uma oferta para aquisição da companhia movimentaram as negociações dos ativos, fazendo os papéis saltarem 30,90%, cotados a R$ 35,88, mesmo em um período majoritariamente negativo na bolsa de valores.

Os papéis passaram por uma ligeira correção no início desta semana, com queda de 3,54% na segunda-feira (17). Na terça-feira (18), os ativos tiveram leve alta de 0,84%, encerrando o pregão cotados a R$ 34,90.

O grande catalisador das altas foi a notícia de que a gestora Apollo fez uma nova proposta para comprar 100% da Braskem. De acordo com Lauro Jardim, colunista de O Globo, a gestora ofereceu R$ 50 por ação, uma oferta 25% maior do que a feita anteriormente, quando a Apollo pretendia pagar R$ 40 por cada papel da companhia.

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Embora a Braskem e a Apollo ainda não tenham emitido nenhum posicionamento a respeito do negócio, os rumores foram suficientes para fazer o valor de mercado da empresa saltar R$ 5,54 bilhões em dois dias. Para efeito de comparação, esse montante é superior ao valor total de mercado do grupo Pão de Açucar (PCAR3), que no dia 13 valia R$ 5,44 bi, mostra um levantamento feito por Einar Rivero, do TradeMap.

Além do preço mais elevado da oferta, Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, explica que parte da euforia com os rumores tem a ver com o mecanismo de “tag along” que a Braskem possui. Na prática, isso funciona como uma proteção a acionistas minoritários, que garante o direito de deixarem uma sociedade caso o controle da companhia seja adquirido por outro investidor.

“Quando uma empresa garantir um tag along de 100%, significa que o acionista minoritário receberá 100% do valor por ação recebida pelo controlador no caso de venda da empresa”, diz Labarthe. Nesse caso, se a negociação de fato andar, os investidores com BRKM5 na carteira poderiam receber os R$ 50 por ação – uma valorização de cerca de 43% frente aos R$ 34,90 com que a ação encerrou o pregão desta terça-feira (18).

Uma possível aquisição da Braskem não é história nova no mercado, dado os desgaste que a companhia enfrentou com a Operação Lava Jato. Isso porque seus dois acionistas majoritários são empresas que estavam no centro dos escândalos de corrupção: a Petrobras e a Odebrecht, hoje rebatizada de Novonor. Em 2021, o ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich chegou a ser condenado a 20 meses de prisão nos Estados Unidos por corrupção.

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Desde então, a companhia enfrenta muita volatilidade, que incluem boatos de venda do controle acionário. “Já vimos esse filme algumas vezes, em alguns momentos mais, outros menos”, destaca Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores.

O especialista explica que hoje a Braskem é uma empresa “praticamente sem dono”, com a Novonor em processo de recuperação judicial e a Petrobras no meio de um plano de desinvestimentos, abrindo mão de ativos menos relevantes no modelo de negócios da estatal.

“Qualquer notícia ou fato que demostre que tem alguém querendo ser dono da empresa é uma notícia bem importante e relevante. Ainda mais sendo um bom comprador, de respeito no mercado e que tenha interesse em tocar o projeto da Braskem para frente”, explica Galindo. “A euforia tem a ver com isso”.

Para Labarthe, da GT Capital, o timing da notícia também ajudou. Faltando cerca de duas semanas para o segundo turno das eleições, quem lidera as pesquisas de intenção de voto é o ex-presidente Lula (PT), que já demonstrou interesse em interromper o plano de desinvestimento na Petrobras. Há então uma expectativa de que a venda da parte da estatal na Braskem aconteça antes de uma possível transição de governo. “O mercado também tem consciência que caso Lula vença, qualquer tipo de negócio futuro terá extrema dificuldade, visto a posição do PT ser contrária a privatizar”, afirma.

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No domingo (16), o candidato do PT e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram no primeiro debate do segundo turno das eleições. Contamos nesta reportagem como o mercado reagiu.

Como o investidor pode se posicionar

Embora as ações da Braskem tenham subido bastante na última semana, ainda são negociadas a um patamar abaixo do que teria sido ofertado pela Apollo. Uma oportunidade para investidores que acreditam que o negócio pode se concretizar e se reverter em uma melhoria operacional na companhia.

Na visão de Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, os ativos estão bastante descontados e, se a compra se concretizar, abre espaço para novas valorizações. Costa destaca que a BRKM5 distribuiu quase 27% em dividendos nos últimos 12 meses, um “valor bastante significativo” na visão do especialista. “O valor da companhia se encontra incorreto no preço do mercado. O patamar de R$ 50, se for verdade, me parece bastante justo e é de se ficar de olho nesse ativo”, diz.

Rafael Marques, economista e CEO da Philos Invest, pontua que o papel continua com uma boa recomendação em casas de análises, com preços-alvo oscilando de R$ 55 até quase R$ 70. “É um papel muito diversificado, não só geograficamente mas em relação a matérias primas, de uma empresa desalavancada e capaz de gerar caixa mesmo nas condições macroeconômicas mais adversas”, diz.

Mas essa é uma decisão que deve ser avaliada de acordo com o perfil de cada um, dizem os analistas. Até que a Braskem se posicione, aos investidores resta aguardar. “Caso o negócio se concretize, será um alívio para muitos acionistas que não desejam ver a Braskem tendo como acionista majoritário empresas que não desejam fazer parte do quadro societário e, portanto, desejam vender a operação. Assim, novos investidores podem trazer novas oportunidades para quem deseja realmente fazer mudanças e atualizações na empresa”, diz Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital.

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