Mercado

Reta final: que esperar do Ibovespa em dezembro?

Os investidores devem continuar acompanhando de perto as sinalizações do governo eleito

Reta final: que esperar do Ibovespa em dezembro?
Ruídos políticos afetam Ibovespa. Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a corrida eleitoral disputada com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e agora prepara terreno para subir a rampa do Planalto no início do ano que vem
  • Contudo, até o momento não foram indicados os nomes que irão compor a equipe econômica de Lula, tão pouco quem será o próximo ministro da Fazenda
  • Paralelamente, a PEC da Transição, que busca viabilizar as promessas eleitorais do petista, foi protocolada no Senado na última segunda-feira (28)

Em novembro, o Ibovespa cedeu 3,06%, aos 112.486,01 mil pontos, na esteira das sinalizações dadas pela equipe de transição do governo eleito. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a corrida eleitoral disputada com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e agora prepara terreno para subir a rampa do Planalto no início do ano que vem. Nesta reportagem, mostramos como as indefinições do governo eleito penalizaram o Ibovespa.

Até o momento não foram indicados os nomes que irão compor a equipe econômica de Lula, tão pouco quem será o próximo ministro da Fazenda. Paralelamente, a PEC da Transição, que busca viabilizar as promessas eleitorais do petista, foi protocolada no Senado na última segunda-feira (28).

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) tira o Auxílio Brasil de R$ 600 do teto de gastos e libera R$ 23 bilhões de investimentos públicos em caso de excesso de arrecadação. No total, são previstos R$ 198 bilhões “extra teto” entre 2023 e 2026. Para dezembro, os investidores devem acompanhar de perto a tramitação da PEC, assim como eventuais modificações no texto.

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“O mercado vai ficar de olho nas discussões feitas pelos legisladores. Muito provável que a proposta seja desidratada, improvável que o texto passe como foi proposto. Os investidores ficarão atentos a isso nos próximos 15 dias, até o recesso do Congresso”, afirma João Piccioni, analista da Empiricus. “Em dezembro, a volatilidade ainda vai dominar os mercados. Nada está resolvido.”

Essa também é a visão de Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital. “Precisamos ver como a PEC vai andar no Congresso, se senadores e deputados irão alterar alguma parte do texto ou se vão passar tudo da forma que está. Fiscalmente, como está agora, não é positivo”, diz.

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, vê a conjuntura política como o principal driver para a reta final do ano na Bolsa. Para ele, a expectativa maior está sobre a definição dos líderes das principais pastas do governo eleito, como o ministério da Fazenda. “São essas questões que definirão o mês”, explica.

Apesar dos ruídos políticos, dezembro pode ser mais positivo para a Bolsa do que o mês anterior. Isto porque, independentemente de quem serão os rostos da equipe econômica, o mercado já precificou o pior dos cenários. Além disso, só o fato de a PEC de Transição já estar protocolada ajuda a trazer alguma previsibilidade aos investidores.

“O mercado já se preparou para o pior no curto prazo: um nome não técnico na equipe econômica e gastos acima dos R$ 150 bilhões para os próximos anos. Acredito que isso possa contribuir para os preços dos ativos. Em dezembro, vamos sair um pouco do escuro”, afirma Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.

Juros e inflação

Fora do âmbito político, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, programa para 9 de dezembro, também deve impactar os ativos. Um terceiro fator a fazer preço são as próximas sinalizações que serão dadas pelo Banco Central a respeito do curso da política monetária. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen se reúne entre os dias 6 e 7 de dezembro, e a ata sai na semana seguinte, no dia 13 de dezembro.

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“Vale ressaltar que o IPCA de outubro veio levemente acima das expectativas. Deu um pouco de alimento para hipótese de que o Banco Central poderia subir mais os juros”, diz Piccioni, da Empiricus. “Sempre vale a atenção no tom que Roberto Campos Neto (presidente do Bacen) trará.”

Na conjuntura internacional, a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve deixar mais claro as perspectivas econômicas norte-americanas. A reunião do Fomc (Copom americano) deve ocorrer entre 13 e 14 de dezembro. “Temos essas questões de qual será a velocidade do aumento de juros [nos EUA] e qual será a taxa terminal”, afirma Piccioni.

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