Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset, vê todos os sinais de que a Bolsa brasileira está barata. Um deles, por exemplo, é a escassez de aberturas de capital (IPOs). Tendo em vista os preços atrativos, a grande saída de fluxo estrangeiro da B3 em 2024 o surpreende – no acumulado do ano, o investidor gringo retirou mais de R$ 20 bilhões do mercado acionário doméstico.
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Parte dessa saída pode ter sido motivada por ruídos emitidos pelo governo, em relação a interferências em estatais e expansão de gastos. Mesmo assim, a movimentação não era esperada. “Geralmente o investidor estrangeiro sabe comprar no contrafluxo, na baixa, e isso não está acontecendo este ano”, afirma Stuhlberger, que diz ver a performance da Bolsa brasileira entre as piores do ano.”Eu não tenho uma explicação para isso”, disse ele nesta quarta-feira (20) no “Hedge Day”, evento promovido pela Hedge Investments em São Paulo, em um painel sobre macroeconomia mediado por André Freitas, CEO da Hedge Investments.
Juro “insano”
Além da fuga de investidores estrangeiros, Stuhlberger comentou sobre as perspectivas para esta “Super-Quarta”. O gestor não acredita que o Banco Central (BC) retire já, do comunicado, a sinalização de cortes de 0,5 ponto percentual para as próximas reuniões. Para ele, se a autoridade monetária sinalizar que a Selic deva chegar a pelo menos 9,75%, já é uma “grande vitória”.
Por outro lado, Stuhlberger vê grande oportunidade no juro longo do Brasil. Ele cita ativos que hoje oferecem rendimento real (descontando a inflação) próximo a 6%. Em relação à política monetária americana, Stuhlberger acredita que o fator “Donald Trump” é um dos responsáveis pelas taxas dos fed funds estarem muito acima do chamado “juro neutro”.
Brasil no caminho melhor
Para Stuhlberger, o Brasil está em um caminho melhor, apesar de o País ter tido uma trajetória muito ruim nos últimos anos. A arrecadação melhorou, o Produto Interno Bruto (PIB) surpreendeu para cima, o cambial continua forte e, com as reformas, o PIB potencial (crescimento sem inflação) saiu de cerca de 1,5% para algo próximo a 2,5%.
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“Isso significa que podemos crescer mais sem subir tanto a Selic”, aponta o CEO da Verde. “Dá para imaginar um cenário positivo. Temos um otimismo moderado com o Brasil, por isso, é difícil explicar o comportamento do mercado brasileiro, que está tão ruim esse ano.”