Investidores acompanham o payroll dos EUA e o IPCA no Brasil, enquanto commodities e frigoríficos impulsionam o Ibovespa. (Imagem: Fxquadro em Adobe Stock)
As atenções do mercado financeiro hojese voltam para o relatório oficial de emprego dos Estados Unidos, o payroll, e para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil, que devem indicar as apostas para a política monetária nos dois países. Ao mesmo tempo, as bolsas de Wall Street voltam a operar nesta sexta-feira (10) após o fechamento da véspera em meio ao funeral do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.
Segundo o Projeções Broadcast, a economia americana deve ter criado 150 mil empregos no último mês, desacelerando dos 227 mil postos criados em novembro. O dado trará ajustes no horizonte para os juros americanos. Por enquanto, o mercado vê mais chance de corte de 25 pontos-base dos Fed Funds (nove dado à taxa básica na maior economia do mundo) ao longo de 2025.
Por aqui, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou aceleração dos preços em dezembro, de 0,52%, o que pode ajustar para cima os juros futuros mais curtos, mas não deve alterar a aposta de analistas de mais duas altas de 100 pontos-base da Selic, a taxa básica de juros, em janeiro e março. No mês anterior, o índice fechou em 0,39%. Por outro lado, um payroll mais fraco é fator para alívio.
O que movimenta o mercado nesta sexta-feira?
Bolsas internacionais: impacto de juros e incêndios na Califórnia
As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta sexta, com perdas lideradas pelas da China, em meio a temores persistentes sobre a inflação fraca na segunda maior economia do mundo. O Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anunciou que irá suspender compras de títulos do Tesouro temporariamente no mercado aberto, a partir deste mês, segundo a agência de notícias oficial Xinhua. O PBoC atribuiu a decisão à fraca disponibilidade de títulos no mercado e disse que as compras serão retomadas no momento apropriado, a depender das condições de oferta e demanda, acrescentou a agência.
Ainda, os incêndios na Califórnia se alastram e podem impactar as bolsas americanas hoje. As perdas seguradas dos incêndios que devastaram partes de Los Angeles devem chegar a US$ 20 bilhões, o que seria o maior prejuízo na história do Estado, superando os incêndios florestais de 2018, que anteriormente detinham esse recorde, de acordo com analistas do JPMorgan. Além disso, eles podem representar riscos financeiros e operacionais significativos para empresas, especialmente se a infraestrutura das concessionárias de energia elétrica sem fins lucrativos tiver provocado os incêndios, afirma a S&P Global Ratings.
Câmbio
O dólar ronda a estabilidade ante outras moedas de países desenvolvidos, enquanto investidores aguardam dados econômicos dos EUA em dia de agenda sem indicadores europeus. A leve alta da moeda norte-americana ante maioria das divisas emergentes pode sinalizar um real mais fraco na abertura, antes do dado dos EUA. O dólar caiu ontem 1,10%, para R$ 6,04. O sinal negativo em NY é influência ruim para o Ibovespa hoje.
Commodities em alta: petróleo e minério impulsionam o mercado
Apesar do câmbio pressionar os ganhos da bolsa hoje, a alta do petróleoe do minério de ferropode ajudar o pregão. Os contratos futuros do petróleo operam em alta, se encaminhando para a terceira semana consecutiva de ganhos, em meio a expectativas de que prolongadas temperaturas baixas impulsionem a demanda por combustíveis para aquecimento no Hemisfério Norte, caso essas condições persistam, segundo analistas do Citi Research.
A possibilidade de os EUA endurecerem sanções ao Irã, o que limitaria sua oferta de petróleo, também favorece os preços da commodity, destaca o Citi, que elevou sua projeção para a cotação média do Brent no primeiro trimestre de 2025, de US$ 65 a US$ 71 por barril.
O contrato mais negociado do minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para maio de 2025, fechou em alta de 0,4%, cotado a 753,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 102,77.
Carta de Gabriel Galípolo sobre o estouro do teto da inflação
Investidores ficam de olho nos dados de inflação, na expectativa dos resultados indicarem se a meta para 2024 foi alcançada ou não. Com as projeções mirando que o IPCA estará acima da meta de 3% – com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo –, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deverá escrever uma carta para o Congresso explicando o motivo dos preços terem fechado o ano acima do patamar estabelecido.
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Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará reunião sobre o fim da checagem de fatos na Meta, empresa do americano Mark Zuckerberg, dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp. Nesta quinta-feira (9), Lula disse que o fim da checagem é “extremamente grave” e que faria uma reunião sobre o tema.
No Ibovespa hoje, ações relacionadas a commodities devem ajudar o índice a se manter no positivo. Ainda, papéis de frigoríficos podem ser os destaques do dia após o Citi avaliar que 2024 foi positivamente marcante para os frigoríficos brasileiros, em relatório produzido com base nas informações de exportação de dezembro e de 2024 divulgadas no início desta semana pela Secretária de Comércio Exterior (Secex).