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Pague Menos (PGMN3): rentabilidade é atrativa, mas um fator afasta o investidor

A companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 192 milhões no quarto trimestre de 2022

Pague Menos (PGMN3): rentabilidade é atrativa, mas um fator afasta o investidor
Loja da rede de farmácias Pague Menos. Foto: Divulgação/Pague Menos
  • Em 12 meses, as ações da Pague Menos acumulam uma desvalorização de 68%, sendo mais de 22% apenas em 2023
  • Além do cenário de juros altos, a empresa enfrenta desafios quanto à integração de quase 400 lojas da Extrafarma

A Pague Menos atingiu no quarto trimestre de 2022 um lucro líquido ajustado de R$ 192 milhões, com alta de 9% frente ao mesmo período de 2021. O diretor financeiro da rede, Luiz Novais, disse que o aumento da rentabilidade é uma das principais conquistas da companhia dado o contexto desfavorável do período.

A empresa abriu recentemente 200 lojas, sendo 118 em 2022. Esses estabelecimentos ainda não atingiram a maturidade e, portanto, não contribuem para a melhoria do resultado. Outro fator que desafiou a companhia foi a taxa de juros, que elevou o custo da dívida.

As ações da empresa acumulam queda de 68% em 12 meses, sendo mais de 22% em 2023. Novais diz que, em conversas com investidores, há reconhecimento da melhora operacional da companhia, mas que o nível de endividamento é um fator de preocupação nesse momento.

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“Com o pouco de dinheiro disponível hoje no mercado, os investidores estão optando por alocar em companhias menos alavancadas. Felizmente, nossos principais investidores continuam conosco desde o IPO. Eles acreditam na nossa tese e esperam esse período passar”, diz Novais. Para 2023, a aposta do executivo é de crescimento.

Juros altos

Exatamente em função da dívida, o maior desafio para 2023 será lidar com os juros mais altos do que o cenário base que a empresa havia previsto a princípio. A primeira projeção da companhia vislumbrava os juros no patamar de 11% no fim do ano e, agora, essa expectativa subiu para 12,5%.

“Muda a pressão sobre o resultado. Como temos dívida líquida próxima de R$ 1,1 bilhão, um ponto a mais de taxa significa R$ 10 milhões a mais de custo financeiro. É ruim, sem dúvida, mas conseguimos manter nosso nível de dívida líquida sobre o Ebitda próximo de 2,6%”, diz Novais. Ele argumenta ainda que a companhia tem conseguido capturar sinergias da Extrafarma um pouco mais rápido do que o previsto (R$ 34 milhões até o fim de 2022, 15% do total estimado), o que alivia o endividamento. “Ainda assim, a taxa de juros machuca a companhia”, complementa.

A Pague Menos, porém, não precisa se preocupar com os vencimentos de curto prazo da dívida, que têm tirado o sono de muitas varejistas. “Mais de 80% da nossa dívida vence de 2024 em diante”, afirma o diretor. Ele diz que a empresa fez um processo de alongamento da dívida ainda em 2021 e, por isso, está confortável agora. Para 2024, a meta é baixar o endividamento líquido para 1,7% do Ebitda.

Nas vendas, as condições de mercado para 2023 também são diferentes. Na comparação de janeiro deste ano com o mesmo período do ano passado, Novais diz que o mês foi fraco. Em 2022, a empresa faturou R$ 55 milhões em testes de covid-19. Neste ano, o mesmo item trouxe R$ 1,5 milhão de faturamento. Além disso, 2022 foi forte na venda de produtos gripais, enquanto 2023 tende a ter demanda menor. No entanto, Novais adianta que fevereiro já demonstrou crescimento “importante” e que a projeção para o setor é de alta de duplo dígito no ano.

Quarto trimestre de 2022

O lucro líquido contábil da Pague Menos foi de R$ 258 milhões, com alta de 57% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a empresa explica que esse número é impactado positivamente por lançamentos não recorrentes. Por isso, segundo a companhia, o indicador ajustado é mais adequado.

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O Ebitda foi de R$ 805 milhões, 19,9% acima do mesmo período de 2021, impulsionado pela consolidação dos números da recém-adquirida Extrafarma. Desconsiderando a aquisição, o Ebitda atingiu R$ 781 milhões, crescimento de 16%. A margem Ebitda, que mede a eficiência operacional do negócio, subiu de 8,3%, no mesmo período de 2021, para 8,8%.

“Crescemos 19% no Nordeste e 15% no Norte. Em 2019 e 2020, não abrimos lojas. Agora, com a aquisição de lojas da Extrafarma e as aberturas, passamos a recuperar mercado. Há três anos fizemos um turnaround [reestruturação] e ainda temos espaço de ganho de rentabilidade”, diz Novais.

A integração da rede de quase 400 lojas da Extrafarma, apesar de promissora, ainda traz desafios. Para Novais, o principal ponto de atenção atualmente na rede adquirida é a falta de produtos. No entanto, por falta de disponibilidade da indústria farmacêutica, a companhia ainda não conseguiu resolver o problema completamente. A Pague Menos gostaria de já ter nas lojas cerca de R$ 180 milhões de investimento em estoques, mas em 2022 só foi possível comprar metade disso. A outra metade, espera Novais, deve chegar no primeiro trimestre de 2023.

“Ainda é uma consequência da desorganização causada pela pandemia, não há outra explicação. Especialmente em antibióticos, a indústria tem tido dificuldade em nos atender”, diz o diretor financeiro.

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