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- Em entrevista ao E-Investidor, Altério afirma que, depois que a população for vacinada, haverá uma enorme demanda reprimida por shows e eventos, o que deve elevar o preço das ações
- A Time For Fun (SHOW3) anunciou na quarta-feira (31) o fechamento de seu principal espaço em São Paulo, o UnimedHall
- A ação SHOW3, que teve alta de 2,01% na terça-feira (30), caiu 1,69% na quarta-feira, dia em que a empresa publicou um anúncio nos jornais comunicando o fechamento da casa
A Time For Fun (SHOW3) anunciou na quarta-feira (31) o fechamento de seu principal espaço em São Paulo, o UnimedHall. Sem funcionar há mais de um ano por causa da pandemia, o local recebeu 3.500 apresentações de diferentes gêneros para um público estimado em 12 milhões de pessoas desde 1999, quando João Gilberto inaugurou a casa ao lado de Caetano Veloso.
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Para o investidor, ter papéis SHOW3 e acreditar no mercado do entretenimento ainda é bom negócio em meio a uma pandemia? Em entrevista ao E-Investidor, Fernando Altério, CEO e maior acionista da T4F, afirma que, depois que a população for vacinada, haverá uma enorme demanda reprimida por shows e eventos, o que deve elevar o preço das ações. “A população precisa do entretenimento e o busca da maneira que estiver disponível. O ser humano é social, e a cultura latina é essencialmente de contato”, diz o empresário.
A ação SHOW3, que teve alta de 2,01% na terça-feira (30), caiu 1,69% na quarta-feira, dia em que a empresa publicou um anúncio nos jornais comunicando o fechamento da casa, com uma mensagem escrita por Altério. “Fecham-se as cortinas de mais um palco no País, mas com a certeza de que marcamos época e passamos a fazer parte de muitas histórias – não só da música, mas da cidade, do país e da vida de cada pessoa que esteve ali”, afirmou o empresário. Na quinta-feira (1), o papel valorizou 3,43%.
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Confira a entrevista na íntegra:
Com o fechamento de várias casas da T4F no Brasil, como fica o investidor da empresa?
Nos últimos anos, em virtude da desvalorização do Real e, mais recentemente, da escalada do IGP-M, o resultado gerado pelas casas de espetáculos no Brasil vinha perdendo relevância dentro do resultado da companhia, em detrimento de outros conteúdos como Festivais e eventos de Família e Teatro.
Dessa forma, estamos pivotando a empresa de um modelo centrado em casas de espetáculos com alta concentração de custos fixos para um modelo focado em conteúdo, preponderantemente pautado em custos variáveis, que crescerá tanto de forma orgânica quanto inorgânica. Como resultado destas ações, esperamos entregar ao investidor um resultado mais recorrente com margens mais saudáveis.
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Neste momento de pandemia, com os shows parados, o que fazer para conquistar investidores dispostos a ter ações da T4F?
A ação da T4F está muito descontada em relação ao Ibovespa, reflexo natural do cenário em que nos encontramos por fazermos parte de um nicho de mercado extremamente impactado pela pandemia, sem promover nossos conteúdos desde março de 2020. Face a enorme demanda reprimida, há um potencial de retorno interessante a ser capturado tão logo voltemos a operar.
Tal expectativa é reforçada ao observarmos o que tem ocorrido com nossos pares internacionais, lotados em geografias onde o ritmo de vacinação encontra-se mais acelerado, e o iminente retorno de suas respectivas operações já se encontra refletido no preço de suas ações, que apresentaram grande valorização desde então.
A Live Nation, por exemplo, registrou uma queda de 51% em suas ações logo após o início da pandemia. Hoje, na iminência da retomada de suas atividades, suas ações encontram-se 42% acima do nível pré-pandemia. Adicionalmente, importante enfatizar os resultados das ações que implantamos com vistas a redução de gastos e preservação do nosso caixa, cuja variação frente a posição de 2019 foi da ordem de apenas R$ 7 milhões, sustentando posição de caixa líquido positivo de R$ 57 milhões.
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A despeito desse movimento, embora nossas ações tenham, no pior momento, desvalorizado 70%, encontram-se ainda 17% depreciadas em relação ao cenário pré-pandemia. Trata-se, portanto, de uma oportunidade de o investidor montar posição na empresa líder de entretenimento na América do Sul a preços convidativos.
Segundo o balanço da empresa, a T4F registrou prejuízo líquido de R$ 56,7 milhões no 4T20, e no mesmo período de 2019 a dívida era de R$ 6 milhões, apesar de ter finalizado 2020 com R$ 201 milhões em caixa. Ou seja: mesmo quando os shows estavam ocorrendo normalmente a empresa tinha débitos. Como será possível sanear essa dívida?
No ano de 2019, tivemos um flow de artistas para a América do Sul muito menor que o habitual, reflexo da desvalorização das moedas locais, fazendo com que a região perdesse prioridade na sequência das turnês de artistas internacionais. Esta mudança não significa que os artistas não virão à América do Sul, mas sim que virão depois de visitarem outros mercados como, por exemplo, o asiático. A maioria dos artistas já anunciou que não se apresenta em 2021, retornando apenas em 2022. Sendo assim, o resultado negativo apresentado no 4T19, apesar de ter origem operacional, foi algo pontual.
O prejuízo do 4T20, por sua vez, deve-se ao fato de não estarmos operando desde março, bem como do reconhecimento de ajustes contábeis sem efeito caixa de R$ 37 milhões. A despeito do cenário desafiador enfrentado pela pandemia, as diversas iniciativas implementadas com o intuito de reduzir o volume de gastos e preservar nossa posição de caixa se mostraram extremamente eficazes, uma vez que encerramos o ano com quase R$ 202 milhões em caixa, saldo este superior as nossas dívidas em mais de R$ 57 milhões.
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Como a empresa está se preparando para retomar a agenda de espetáculos depois da vacinação da população? Grandes eventos ainda podem acontecer?
Estamos em constante contato com agentes, monitorando a oferta de artistas para reconstituir nosso pipeline de eventos. Temos observado uma oferta de artistas com capacidade de realizar shows outdoor em 2022 duas vezes maior que a observada nos últimos anos. Adicionalmente, notamos uma demanda reprimida muito alta reflexo do período de confinamento pelo qual temos passado recentemente.
Dessa forma, tão logo a população esteja imunizada, vislumbramos o retorno da promoção de eventos com grande concentração de público. Até que isso ocorra, provavelmente só teremos condições de promover eventos indoor, observando sempre os protocolos de segurança determinadas pelas autoridades competentes.
Você acredita que o investidor ainda tem motivos para investir no entretenimento em geral?
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Sem dúvidas, o entretenimento faz parte da vida das pessoas e é um pilar muito importante da nossa sociedade. Prova disso foram as lives e eventos drive-in. A população precisa do entretenimento e o busca da maneira que estiver disponível.
O ser humano é social, e a cultura latina é essencialmente de contato. Estamos todos aguardando ansiosamente o momento de voltar a promover o entretenimento ao vivo com segurança, proporcionando ao público as experiências que tanto estão aguardando.