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BlackRock: Larry Fink volta a reforçar urgência da agenda ESG

Em tradicional carta pública, o presidente da maior gestora de ativos no mundo reforça necessidade de compromissos, como emissão zero de carbono até 2050

BlackRock: Larry Fink volta a reforçar urgência da agenda ESG
Larry Fink, presidente e CEO da BlackRock (Foto: Damon Winter/The New York Times)
  • Práticas mais sustentáveis e transição global para uma economia neutra em carbono foram alguns dos pontos levantados pelo executivo
  • Os eventos que marcaram 2020 não passaram longe do olhar do homem responsável pela gestão de mais de US$ 8 trilhões de dólares em ativos no mundo, como a pandemia, os protestos contra o racismo e a invasão ao Capitólio dos EUA
  • Para Fink, apesar da pandemia, a agenda ambiental avançou internacionalmente

As cartas de Larry Fink, presidente e CEO da BlackRock, já viraram tradição no começo de cada ano. Em 2021, o recado para os CEOs em todo mundo segue na mesma direção da carta de 2020: preservação do meio ambiente. Práticas mais sustentáveis e transição global para uma economia neutra em carbono foram alguns dos pontos levantados pelo executivo.

Os eventos que marcaram 2020 não passaram longe do olhar do homem responsável pela gestão de mais de US$ 8 trilhões em ativos no mundo. Além do caos gerado pela pandemia, Fink ressaltou os impactos dos protestos contra o racismo no mundo e a recente invasão ao Capitólio dos Estados Unidos. Para ele, o ato foi “impulsionado por mentiras e oportunismo político” e que “representa um duro lembrete de quão vulnerável e precioso um sistema democrático pode ser”.

Foi também durante a pandemia que Fink observou e destacou em sua carta exemplos que provocaram alguns dos avanços importantes no combate à crise: empresas que atuaram para servir seus stakeholders (partes interessadas, como acionistas, colaboradores, clientes e as comunidades onde operam) em um momento delicado, inovação nos negócios para dar conta do abastecimento de alimentos e bens de consumo durante as quarentenas, as empresas que apoiaram organizações sem fins lucrativos e, claro, a ciência moderna, responsável pelo desenvolvimento de vacinas em tempo recorde.

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“A pandemia apresentou uma crise existencial de tal magnitude – um lembrete tão forte de nossa fragilidade – o que nos levou a confrontar a ameaça global das mudanças climáticas de maneira mais enfática e refletir como, a exemplo da pandemia, elas transformarão nossas vidas”, escreve Fink.

Mas é sobre a questão ambiental que o executivo norte-americano mais uma vez finca as estratégias que devem ser perseguidas para se chegar à longa transição econômica que o mundo deverá enfrentar nos próximos anos.

Transformação tectônica

Para Fink, apesar da pandemia, a agenda ambiental avançou internacionalmente, provocando uma realocação de capitais que resulta da precificação do risco climático no valor dos títulos. “De janeiro a novembro de 2020, os investidores de fundos e ETFs aportaram US$ 288 bilhões globalmente em ativos sustentáveis, um aumento de 96% em relação ao ano todo de 2019”, cita o executivo, com dados de novembro de 2020 (Simfund, Broadridge e GBI).

Essa transição deverá ser longa, mas rapidamente acelerada. É que Fink vê a transição climática como uma oportunidade histórica de investimento. Prova disso, ele destaca, tem sido a crescente disponibilidade e acessibilidade das opções de investimento sustentáveis.

“Não faz muito tempo, a construção de um portfólio com consciência climática era um processo extremamente penoso, acessível apenas aos maiores investidores. Mas a criação de investimentos em índices sustentáveis permitiu uma massiva aceleração de capitais em direção às empresas melhor preparadas para endereçar o risco climático”, afirma Fink.

Neutralidade em carbono

O executivo defende que não há empresa cujo modelo de negócio não seja profundamente afetado pela transição para uma economia neutra em carbono, ou seja, uma economia que não emite mais dióxido de carbono do que ela mesma remove da atmosfera até 2050. Assim, Fink postula que as companhias com estratégias de longo prazo bem articuladas e um plano claro para abordar a transição para a neutralidade em carbono irão se destacar perante as suas partes interessadas.

Portanto, o gestor entende que a transição energética é uma oportunidade, uma vez que o movimento ao carbono zero representa uma chance de construir uma economia mais resiliente e que beneficia mais pessoas. “Estou muito otimista sobre o futuro do capitalismo e da saúde futura da economia; não apesar da transição energética, e sim por causa dela.”

Divulgação de dados

A avaliação dos riscos de sustentabilidade requer acesso a informações públicas relevantes, consistentes e de alta qualidade. Neste sentido, o empresário defende que as empresas – até as de capital fechado – divulguem um plano de como o seu modelo de negócios será compatível com uma economia neutra em carbono, indicando como esse plano será integrado na sua estratégia de longo prazo e analisado pelos conselhos de administração.

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Uma dica do gestor é que haja um único padrão global, que permitirá aos investidores tomarem decisões mais informadas sobre como poderão alcançar retornos duráveis no longo prazo. Um caminho para isso seria produzir relatórios em linha com as recomendações da Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (Task Force on Climate-related Financial Disclosures, TCFD) e o Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade (Sustainability Accounting Standards Board, SASB), que cobrem um conjunto mais amplo de fatores relevantes em sustentabilidade.

Stakeholders X retornos

Ao chegar à sua conclusão, Fink vai direto à seu recado central: a pauta ESG. O empresário frisa que, ao longo de 2020, as empresas com propósito, melhor perfil ambiental, social e de governança (ASG, ou ESG em inglês), tiveram desempenho superior aos seus pares. “Durante 2020, 81% de uma seleção global representativa de índices sustentáveis tiveram um desempenho acima do esperado em relação aos índices de referência originários”, diz Fink, com dados da BlackRock.

Esse resultado passa pelo estabelecimento de conexão das companhias com suas partes interessadas, por meio de uma relação de confiança e ações com propósito. Desse modo, quanto mais as empresas puderem demonstrar seus esforços para entregar valor aos seus clientes, colaboradores e suas comunidades, melhor será sua capacidade de competir e entregar lucros duradouros, de longo prazo, para os acionistas.

É também na pandemia, ou com o exemplo dela, que o gestor endereça seu recado final. Esperançoso por um capitalismo mais inclusivo, Fink reforça seu pedido às empresas que, assim como houve empenho para as vacinas serem produzidas em tempo jamais visto, que haja também empenho para solucionar as necessidades da humanidade, que passam também pelo meio ambiente.

“Precisamos nos mover ainda mais rapidamente para gerar mais emprego, mais prosperidade e maior inclusão. Tenho uma enorme confiança na capacidade das empresas de nos ajudar a sair desta crise e construir um capitalismo mais inclusivo”, espera Fink.

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