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Cartão de crédito: é verdade que os bancos vão devolver R$ 13 mil aos brasileiros?

Entenda sobre o que se trata o assunto que deu o que falar nas redes sociais

Cartão de crédito: é verdade que os bancos vão devolver R$ 13 mil aos brasileiros?
(Foto: Thiago Teixeira/Estadão)

Nos últimos dias começaram a circular nas redes sociais boatos sobre uma suposta devolução de R$ 13 mil para os brasileiros que utilizam o cartão de crédito, em uma espécie de recall, que do termo em inglês é literalmente essa restituição de alguma quantia de dinheiro.

Por se tratar de um grande valor, o rumor rapidamente tomou conta da internet e os brasileiros ficaram empolgados com a chance de ganhar um dinheiro extra que não estavam esperando.

As publicações afirmavam que os titulares de cartões de crédito teriam direito a resgatar parte de um suposto saldo bilionário que seria distribuído pelos bancos. Nelas, existia um link que o usuário deveria clicar e informar alguns dados para supostamente ter direito a esse valor.

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Além disso, as mensagens finalizavam apressando os brasileiros para conseguirem retirar a quantia prometida. Foi explicado que o recall do valor deveria ser solicitado o quanto antes, pois o prazo para aproveitar a oportunidade seria limitado.

A justificativa era de que o Governo Federal havia cobrado uma taxa superior pelo uso dos cartões de crédito das bandeiras Elo, Visa, Mastercard, Hipercard ou American Express, entre os anos de 2019 a 2022, o que teria motivado a devolução. Seria algo semelhante ao Sistema de Valores a Receber, que devolve os valores que foram esquecidos nas contas bancárias.

Banco Central se pronuncia

No entanto, algumas pessoas ficaram em dúvida sobre a veracidade da informação “boa demais para ser verdade”. Para esclarecer a situação o Banco Central se pronunciou e alertou que se tratava de um golpe e que o recall do cartão de crédito não existe, muito menos a cobrança indevida de taxas por parte do governo.

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De acordo com o portal do Pronatec, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) também se pronunciou afirmando que o golpe tem como objetivo capturar os dados pessoais e bancários das vítimas.

Como se proteger e identificar o golpe?

Esse grande interesse das pessoas em saber se possuem algum dinheiro esquecido nos bancos reforçou um alerta “antigo” aos consumidores: os cuidados para não cair em golpes na internet.

Nas últimas semanas, a Kaspersky, empresa internacional de cibersegurança, identificou que criminosos estavam enviando mensagens falsas por meio do WhatsApp para roubar dados bancários das pessoas.

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O caso não é único. Outros golpes financeiros com estratégias semelhantes já circularam pela internet, fazendo mais vítimas.

No entanto, há formas de se proteger e de identificar quando está sendo enganado, já que a “engenharia” para desenvolver um golpe financeiro costuma ser a mesma em vários casos.

De acordo com Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, os criminosos, geralmente, utilizam palavras que possam despertar a curiosidade ou o interesse das pessoas.

Frases como “você ganhou” ou “você tem direito” são as mais usadas em mensagens fraudulentas enviadas via SMS, WhatsApp e e-mails. “Eles (golpistas) vão despertar a sua curiosidade para que você olhe para a mensagem”, alerta.

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No entanto, essa não é a única estratégia para chamar a atenção das vítimas. O analista sênior da Kaspersky explica que os golpistas costumam vincular as mensagens a assuntos que estejam repercutindo na imprensa e que as pessoas estão buscando informações.

“Eles utilizam temas que as pessoas buscam mais informações sobre como funciona ou como solicitar. Foi assim que aconteceu com o auxílio emergencial no início da pandemia e quando o governo liberou o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)”, acrescenta.

4 dicas para se prevenir de golpes na internet

Diante desses alertas, o E-Investidor selecionou 4 dicas para você não cair em golpes financeiros. Confira!

1. Não acredite em tudo que vê na internet

Os golpes financeiros costumam ser aplicados por meio de mensagens enviadas por e-mail ou em anúncios nas redes sociais que prometem saques imediatos de benefícios ou dinheiro rápido. Por isso, Assolini aconselha as pessoas a checarem as informações antes de clicar no link disponível da mensagem enviada.

No caso do golpe financeiro envolvendo os valores esquecidos, os criminosos estão usando endereços eletrônicos diferentes do oficial.

Um exemplo de mensagem utilizada pelos criminosos, enviada pela Kaspersky para o E-Investidor, mostra uma logo do Banco Central com frases chamativas em negrito. No entanto, o link do site para a consulta do dinheiro esquecido é diferente do oficial divulgado pelo BC que é o valoresareceber.bcb.gov.br.

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“A questão da proteção pessoal é entender o seguinte: esse site é o site oficial do Banco Central? A resposta é não. Resgatar.valores.receber.info não é o site do Banco Central. Então, a pessoa vai perceber que não é uma mensagem oficial mesmo tendo a logo do BC”, ressalta o analista.

A mesma orientação é dada para cobranças de cartão de crédito ou outras pendências financeiras enviadas por SMS ou WhatsApp. “Mesmo que você saiba que você tem um boleto atrasado com a instituição financeira que supostamente está te mandando e-mail, no lugar de clicar no link para ser redirecionado, entre no site oficial da empresa para ser direcionado para o pagamento de forma legal”, aconselha Ariane Benedito, economista da CM Capital.

2. Não deixe o seu cartão de crédito salvo em sites de e-commerce

A possibilidade veio para facilitar as próximas compras na internet. No entanto, o hábito de deixar salvo os dados do seu cartão de crédito em sites de e-commerce pode fazer com você seja mais que  o consumidor vulnerável.

Benedito explica que, mesmo em lojas virtuais já confiáveis, há o risco das informações serem roubadas por criminosos e o proprietário do cartão ser surpreendido com transações financeiras não autorizadas.

“Teve um vazamento de dados por meio de uma ferramenta do Banco Central. Agora, imagina uma empresa de menor magnitude em frente à instituição. Então, tudo pode acontecer. É uma forma de reduzir o risco”, aconselha Benedito.

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Para esses casos, a recomendação é o uso de cartões virtuais em sites de e-commerce.

3. Questione tudo

Desconfie e questione todas as vezes que receber mensagens ou telefones de empresas oferecendo promoções ou empréstimos a condições fora do padrão do mercado. Nesses casos, Thiago Sawada, sócio-diretor da área de serviços financeiros da Grant Thornton Brasil, orienta às pessoas a não fornecer os dados pessoais e bancários.

“Esses golpistas usam de artifícios simples de engenharia social para causar uma necessidade de urgência para ter acesso aos seus dados pessoais”, ressalta Sawada. “Por exemplo, a pessoa libera uma linha de crédito a uma taxa incrível, mas só vale se a pessoa se cadastrar naquele momento”, acrescenta o sócio-diretor.

Quando o consumidor passa a questionar os detalhes, Sawada explica que os criminosos costumam desistir porque, normalmente, os golpes financeiros funcionam quando são aplicados em um número grande de pessoas. “É por isso que eles perdem a paciência e te deixam em paz no primeiro momento”, explica o especialista.

4. Não compartilhe seus dados nas redes sociais

Evite enviar fotos de documentos pessoais, como passaportes, ou de cartões de crédito por meio das redes sociais.

Segundo Ariane Benedito, economista da CM Capital, esse hábito nunca deve acontecer, principalmente, quando se trata de compras feitas pela internet.

“Ou a empresa utiliza uma ferramenta de pagamento em que você coloca os dados para processar o pagamento ou realizar a transação por meio de boleto bancário”, afirma.

A mesma orientação é válida para as redes sociais, como o Instagram. Thiago Sawada ressalta que as pessoas costumam publicar fotos de documentos pessoais, como passaporte, e até de cartão de crédito na internet. “Ao colocar informações de onde você tem conta, você pode ficar exposto”, alerta.

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