O Citi destaca, em relatório, que a C&A (CEAB3) superou consistentemente seus números ao longo de 2023 e que a empresa conseguiu reduzir as lacunas históricas em logística (ou seja, push & pull), produtos, preços dinâmicos e crédito por meio do C&A Pay – este produto, aliás, parece ter sido um grande diferencial da companhia na visão do banco, em meio a um ambiente de oferta de crédito restritivo entre os varejistas de vestuário.
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De acordo com o Citi, “2023 marcou um ano de importante ganho de participação da C&A devido, em parte, aos importantes marcos estruturais que a empresa alcançou (push & pull, qualidade do produto) e ao lançamento do C&A Pay”. “A lucratividade melhorou tanto na margem bruta de vestuário (130 pontos-base em relação ao ano anterior, para 55,2% em 2023) quanto no Ebitda consolidado (a margem Ebitda ajustada antes do IFRS-16 aumentou 240 pontos-base em relação ao ano anterior, para 7,9% em 2023)”, dizem João Pedro Soares e Felipe Reboredo.
Eles acreditam que esse ambiente provavelmente persistirá em 2024, o que favorece empresas como a C&A, que estão ampliando suas ferramentas proprietárias de crédito. “A desvantagem da rápida expansão da C&A Pay serão as provisões mais altas, que devem mitigar a alavancagem operacional do negócio de varejo, pelo menos até certo ponto”, ponderam João Pedro Soares e Felipe Reboredo.
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Embora os analistas estejam mais construtivos em relação ao caso, acreditam que a alta é limitada neste momento, com a ação sendo negociada a 29 vezes e 11 vezes o Preço/Lucro 2024 e 2025, respectivamente. Eles também observam que a C&A não está fora de perigo, com um desembolso de caixa estimado em R$ 415 milhões para o Bradesco em 2025 e alavancagem de 2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda.
Previsão para vendas da C&A
A previsão para o quarto trimestre de 2023 é de que as vendas de vestuário cresçam 14% (SSS de 13,4%) devido à execução. Em uma base consolidada, a expectativa da casa é de um aumento de 11% na receita – vendas nas mesmas lojas (SSS) de 10,8% – da C&A e de 175 pontos-base na margem bruta em relação ao ano anterior, com a margem de vestuário aumentando 75 pontos-base. O Ebitda ajustado (antes do IFRS) deve crescer 34% em relação ao ano anterior (a margem Ebitda ajustada aumentou 245 pontos-base para 15,2%), segundo cálculos do banco.
Já para 2024, o Citi prevê que a C&A continue aumentando a oferta de crédito (cartão de marca própria via C&A Pay), o que deve permitir a captura de participação de mercado. A rentabilidade, no entanto, não deve refletir totalmente a alavancagem operacional, acredita a casa, dadas as maiores provisões, e os lucros devem permanecer pressionados pelas altas despesas financeiras.
Mudanças nas estimativas do Citi para a C&A
Por fim, o relatório mostra as mudanças nas estimativas que os analistas do Citi fizeram para a C&A: “aumentamos as previsões de: vendas líquidas em 0,8%/0,2% para 2024/25, impulsionadas por uma maior produtividade (ou seja, maiores vendas/m²); margem bruta em 110/90 pontos-base, impulsionada pelo setor de vestuário; SG&A devido a provisões vinculadas ao C&A Pay, o que compensa parcialmente a maior margem operacional no varejo”.
Como resultado, o Ebitda ajustado e o lucro líquido esperados pela casa caíram 3%/9% e 23%/9%, respectivamente, para 2024/2025. Essas mudanças são mais do que compensadas por estimativas de longo prazo mais altas mais taxa de custo de capital mais baixa (queda de 30 pontos-base para 14,8%).
O preço-alvo resultante é de R$ 8,20 por ação. A recomendação é neutra/alto risco.
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