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Big Techs sobem 2 vezes acima do S&P500. Vale investir ou o momento passou?

Dentre as ações das grandes empresas de tecnologia, a Nvidia apresentou a maior valorização, de 239% em 2023

Big Techs sobem 2 vezes acima do S&P500. Vale investir ou o momento passou?
Chips Foto: Envato Elements
  • Mesmo com os juros americanos atingindo patamares históricos em 2023, as ações das Big Techs não foram afetadas pelas decisões do Federal Reserve
  • As Big Techs tem seus papéis classificados como ações de growth: empresas que utilizam seu próprio caixa para investimentos no futuro
  • Essa categoria de ações normalmente é um dos mais afetados pela alta nos juros, exatamente por conta dessa projeção de fluxo de caixa para o futuro

Mesmo com os juros americanos atingindo patamares históricos em 2023, as ações das Big Techs não foram afetadas pelas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central estadunidense), com a menor das altas dobrando a valorização do S&P 500 no ano passado.

O grupo das Big Techs tem algumas das empresas mais famosas e conhecidas do mundo, como Apple, Alphabet, Microsoft, Meta e Amazon. No entanto, 2023 foi um ano que outras duas companhias de tecnologia despontaram e se juntaram a este grupo: Nvidia e Tesla.

De acordo com dados da Statista, plataforma de coleta de dados, o S&P 500, índice composto por 500 ativos cotados nas bolsas de NYSE ou NASDAQ, registrou uma valorização de 24% em 2023.

E mesmo com o bom desempenho do índice americano, todas as Big Techs mencionadas tiveram um ano melhor, com a Apple, a menor valorização dentre as companhias mencionadas, apresentando uma valorização de ‘apenas’ 48% — 24 pontos percentuais acima do S&P 500.

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Dentre as ações mencionadas, a Nvidia apresenta a maior valorização, de 239% em 2023, seguida pela Meta (194%), Tesla (102%), Amazon (81%), Alphabet (59%) e Microsoft (57%).

Agora, com o mercado apostando em um corte de juros no terceiro mês deste ano — 85% das apostas de acordo com o monitoramento do CME Group — vale se questionar: vale a pena investir nestas Big Techs em 2024? Para responder esta pergunta, o E-Investidor consultou três analistas.

Por que essas ações não foram afetadas pelos juros?

As Big Techs, e companhias de tecnologia no geral, tem seus papéis classificados como ações de growth: empresas que utilizam seu próprio caixa para investimentos no futuro.

Essa categoria de ações normalmente é um dos mais afetados pela alta nos juros, exatamente por conta dessa projeção de fluxo de caixa para o futuro.

Apesar do impacto dos juros não ter sido registrado nas ações das companhias, ele foi sentido na pele dos trabalhadores, com uma série de ondas de demissões nestas empresas.

Para Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, essas companhias não foram afetadas pela alta nos juros porque “elas são empresas consolidadas, com muito caixa, sem necessidade de alavancagem, o que faz com que eles passem a ter ainda mais vantagem contra seus pares que estão começando, que ainda precisam levantar capital para novos projetos”, explica.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, vai em uma direção oposta, dando créditos à novas tecnologias no mercado. “O efeito da IA mais difundida trouxe novas perspectivas para as empresas de tecnologia, trazendo novas possibilidades de produto e criar novos padrões de consumo. Esse evento disruptivo trouxe uma reprecificação importante para estes ativos”, afirma.

Pode-se esperar mais um movimento de alta nas Big Techs em 2024?

Para Lourenço, não há dúvidas de que as ações destas Big Techs terão mais um ciclo de altas em 2024, considerando as perspectivas de queda de juros e desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente de Inteligência Artificial.

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“Com a queda nos juros, o movimento de novas startups e projetos de pesquisa devem trazer novos produtos, tecnologias e consequentemente novas fontes de receita e lucro para essas grandes empresas de tecnologia, o que deverá trazer aumento nas suas ações”, ressalta.

Já para Enzo Pacheco, analista da Empirucus Research, é preciso ter cautela. “Se não tivermos os cortes como esperado pelo mercado, os investidores repricificaram os ativos de risco, e entendo que as ações de tecnologia — por terem valorizado muito no ano passado — acabam tendo um risco maior de ter uma performance pior do que a média de mercado”, diz.

As ações estão caras ou baratas?

Depois de um ciclo de altas tão expressivo nessas Big Techs, com a menor valorização sendo de 48%, alguns investidores devem pensar que as ações já estão caras e sem muito espaço para subir.

Lourenço, por sua vez, vê o cenário com otimismo. “Esses negócios possuem historicamente múltiplos elevados e deverão manter esse padrão, pois são empresas com expectativas de crescimento. Empresas growth possuem múltiplos elevados. Essas gigantes de tecnologia conseguem ser growth e ao mesmo tempo value, pela sua capacidade de geração de caixa e valor aos acionistas”.

Apesar de que cada empresa é um caso específico e que deve ser analisado separadamente, Oliveira também acredita que há espaço para crescimento. “O preço-lucro das empresas do S&P 500 está por volta de 23, tendo já ido a mais de 30, pode-se dizer que o premio mais claro ficou para trás com a subida recente, mas ainda temos espaço para entrar sim, depende muito se as empresas vão continuar entregando crescimento em 2024.

Vale a pena investir nestas Big Techs em 2024?

Tanto Lourenço quanto Pacheco recomendaram ter ações destas Big Techs em sua carteira de investimentos, mas sem um grande grau de exposição e mantendo as aplicações diversificadas.

Com um perspectiva de longuíssimo prazo, entendo que o investidor pode comprar essas ações nesse ano. Nós ainda temos sugestão de compra para Microsoft, Meta e Apple na nossa série internacional e Alphabet no Carteira Empiricus. Mas ainda prefiro ter uma pequena exposição nesses papéis no curto prazo (ano de 2024), com cerca de 1% a 3%”, disse Pacheco.

Os analistas também deram opções de driblar os altos valores nominais destas ações que, além de terem tickets altos, estão cotadas em dólar. Uma dessas saídas é pela compra de frações de ações, podendo adquirir, por exemplo, 10% do valor total do papel.

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Outra saída é o investimento por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) — certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países — nos quais é possível comprar o ativo em reais e acompanhar parte das variações dos papéis oficiais.

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