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Vale (VALE3) aumenta produção no 2º tri, apesar de perder R$ 7 bi em valor de mercado

Na comparação com o trimestre anterior, a produção de minério avançou 13,8%, informou a empresa

Vale (VALE3) aumenta produção no 2º tri, apesar de perder R$ 7 bi em valor de mercado
Vale, VALE3. (Foto: Michael Turner/Wirestock em Adobe Stock)

A produção de minério de ferro da Vale (VALE3) no segundo trimestre deste ano aumentou 2,4% em relação ao mesmo período de 2023, alcançando 80,598 milhões de toneladas (mt). Na comparação com o trimestre anterior, a produção de minério avançou 13,8%, informou a mineradora em seu relatório de produção e vendas divulgado nesta terça-feira (16). Confira aqui como estavam as expectativas do mercado.

A Vale destacou um aumento nas vendas durante o segundo trimestre de 2024. No período, a empresa comercializou 79,792 milhões de toneladas da commodity, alta de 7,3% na comparação anual e avanço de 25% no intervalo trimestral. Segundo a mineradora, o trimestre foi marcado por um aumento significativo nas vendas de minério de ferro, impulsionado por um desempenho consistente do S11D, alcançando recorde de produção para um segundo trimestre.

As vendas de finos atingiram 68,512 milhões de toneladas, aumento de 8,2% ante o mesmo período do ano passado e avanço de 30,4% na comparação sequencial. Já as vendas de pelotas aumentaram 0,6% na comparação anual e diminuíram 3,9% no intervalo trimestral, para 8,864 milhões de toneladas, enquanto a produção de pelotas foi de 8,895 milhões de toneladas, recuo anual de 2,4%.

Os dados se referem a um período – segundo trimestre de 2024 – em que a mineradora sofreu uma perda de R$ 6,76 bilhões em valor de mercado, influenciada pela queda nos preços do minério de ferro e pelo receio de uma desaceleração econômica na China, segundo analistas.

O que o mercado previa para a produção da Vale

O analisa o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, avalia que o segundo trimestre de 2024 também facilita os embarques, ao contrário da época chuvosa. “Em termos gerais, estou prevendo uma produção de cerca de 77 milhões de toneladas para este segundo trimestre. A Vale está seguindo bem o guidance [metas de desempenho] de 310 a 320 milhões de toneladas em 2024 e acredito que a parte superior dessa faixa é a mais provável de ser alcançada”, afirmou o profissional, antes da divulgação da produção da mineradora.

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O analista da Suno Research, João Daronco, diz que quando olha para o resultado da Vale no trimestre o vê sem grandes surpresas, principalmente dado o momento difícil que sofre a sua principal commodity, que é o minério de ferro. “Isso ocorre porque a China segue decepcionando com seus indicadores de crescimento, principalmente na construção civil”, pontua.

O estrategista ainda afirma que o principal fator que os investidores da Vale devem ficar de olho são as margens e os custos da companhia. “Para o ano completo, estimo que a companhia deva entregar um resultado líquido próximo de R$ 46 a R$ 48 bilhões, considerando o patamar atual de minério, o que significa que a Vale negocia a um múltiplo de preço sobre lucro (P/L) de 6x”, projeta.

Para o sócio da One Investimentos, Matheus Falci, a Vale ainda deve ter um resultado para o segundo trimestre impactado negativamente pela desaceleração na demanda pela commodity nos mercados externos. “Um dos principais fatores que vem impactando esta movimentação é o enfraquecimento do mercado imobiliário chinês, mercado que no primeiro trimestre de 2024 representou cerca de 43% das receitas de venda da companhia”, diz.

O lucro líquido da Vale no primeiro trimestre

No dia 24 de abril deste ano, a Vale divulgou o balanço financeiro do primeiro trimestre de 2024 reportando um lucro líquido de US$ 1,679 bilhão, 9% inferior ao mesmo período de 2023 e abaixo da expectativa de US$ 1,83 bilhão.

A queda no preço do minério de ferro e a maior demanda chinesa por minério de baixa qualidade prejudicaram os resultados da empresa, que tem a China como principal mercado, representando 62% das operações, afirmou a empresa na época da divulgação. O Ebitda ajustado foi de US$ 3,438 bilhões, uma queda de 7% em relação ao ano anterior.

A receita da Vale permaneceu estável em US$ 8,459 bilhões, porém abaixo da previsão de US$ 8,64 bilhões. A dívida líquida aumentou 23%, totalizando US$ 10,105 bilhões, enquanto as despesas com vendas, gerais e administrativas subiram 9%, alcançando US$ 5,8 bilhões.

O primeiro trimestre também trouxe desafios, incluindo uma desvalorização de 15% nas ações da Vale e um conturbado processo de sucessão na liderança, com alegações de interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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