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Stratus: “Tudo vai voltar diferente do que era antes do vírus”

Modelos de negócios compatíveis com a retomada podem ser a chave para o pós-crise

Stratus: “Tudo vai voltar diferente do que era antes do vírus”
Álvaro Gonçalves, sócio da Stratus
  • A gestora brasileira de private equity Stratus tinha dois IPOs na manga antes da crise
  • Apesar de a pandemia ter atrasado os projetos, o sócio-fundador da Stratus, Álvaro Gonçalves, diz que novas oportunidades de negócio surgiram
  • Até dezembro, duas fusões ou aquisições entre as 7 empresas investidas do grupo devem sair do papel

A gestora brasileira de private equity Stratus tinha planos ambiciosos na manga antes de a crise do coronavírus tomar conta do mercado ao redor do mundo. Das 7 companhias investidas por ela, duas estavam prestes a realizar IPO.

Apesar de a pandemia ter atrasado os projetos, o sócio e um dos fundadores do grupo Stratus, Álvaro Gonçalves, vê um lado positivo: em dez dias, o número consultores e empresários que procuraram a Stratus foi maior do que o mês de janeiro inteiro.

Fundada há mais de duas décadas, o portfólio da Stratus tem um histórico de peso. A Sinqia, por exemplo, é um dos cases de sucesso da casa: em 2013, quando a empresa abriu capital, o seu valor de mercado era de R$ 94,3 milhões. Em janeiro deste ano foi avaliada em mais de R$ 2 bilhões, segundo dados da Economática.

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Em entrevista ao E-Investidor, Gonçalves diz que está otimista e já tem duas fusões ou aquisições no radar para sair até dezembro.

Os investimentos em private equity estavam em crescimento desde 2017. O cenário de crise deve estacionar esse movimento?
O private equity é um camaleão e por isso é menos afetado pelos preços. Isso acontece porque ele recicla empresas em todos os cenários econômicos, mas não é imune porque precisa de capital para girar. Assim como aconteceu em 2008 e 2016, o private equity vai financiar a cicatrização dos ferimentos que estão sendo criados agora.

Quais são os desafios da Stratus agora?
São muitos desafios de gestão, logística e matéria prima nas empresas investidas. Temos posição em sete companhias de grande porte. Duas estão em situação de ‘lockdown’ [fechamento total] e a solução é negociar as despesas pensando na volta das receitas no futuro. Além disso, estamos preparando novas lições de modelo de negócios para que ele seja compatível com a retomada. Afinal, tudo vai voltar um pouco diferente do que era antes.

Listagem na bolsa faz parte do DNA de vocês. Os planos de curto prazo foram interrompidos?
Tínhamos duas empresas próximas de realizar o IPO neste ano, a BBM Logística e a Maestro Frotas. Outras duas também já estavam no nosso radar, a Flex Contact Center e a Cinesystem. Os projetos continuam, mas essa volatilidade no mercado altera precificação.
O Brasil está em um momento de recorde de abertura de capital. Em uma foto mais longa, essa curva permanece.

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Quais são os setores com mais potencial no atual momento?
Estamos olhando com atenção os setores de alimentos e varejo. Neste momento, saúde, tecnologia e infraestrutura também ganham mais espaço.

Qual é o melhor caminho para o investidor evitar risco?
O investidor teve que aprender muita coisa nova em um período muito curto. O brasileiro ainda estava se acostumando a testar variações na carteira em um ambiente de juros baixos, então a pandemia trouxe trombada muito forte. O primeiro passo é não ficar só na renda fixa, mas ter ativos diferentes dentro do seu perfil de risco. Diversificar é o nome do jogo.

O que podemos esperar da Stratus até o fim do ano?
Continuamos com a estratégia de trazer empresas para o mercado de capitais. Isso deve acontecer com BBM e Maestro. A ideia é expandir o negócio com projetos de tecnologia e expansão internacional, mas ambas precisam exercitar a musculatura em capital aberto. Isso foi interrompido, mas o IPO das duas deve acontecer até o fim deste ano.
Além disso, duas fusões ou aquisições entre as nossas empresas investidas estão no radar para sair até dezembro. Temos muitos pratos girando.

O que podemos tirar de positivo da crise?
Esse é um momento diferente de tudo que eu já vivi. Mas, assim como todo o dano da pandemia é grave, a capacidade de reação também tem sido a mais forte que a gente já experimentou. Em dez dias, recebemos mais ideias de projetos de consultores e empresários do que durante o mês de janeiro inteiro. Também ganhamos muita produtividade com esse processo e acredito que muita coisa vai mudar, principalmente no mundo dos negócios. As oportunidades e desafios não vão embora com o vírus. Vamos crescer ainda mais agora.

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