- Entre os fatores que pesam nesse movimento, estão a trajetória de queda dos juros só interrompida neste ano e a recente instabilidade política
- Segundo o Banco Central, o total de investimentos financeiros fora do País somou US$ 61,6 bilhões de janeiro a agosto, alta de 44% em relação ao fim de 2020
(Fernanda Guimarães) – O dinheiro dos brasileiros está migrando cada vez mais para o exterior. Antes, o investimento além das fronteiras se resumia a compras de moeda, de ações listadas fora do País ou de uma casa em Miami, mas esse portfólio se sofisticou.
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Entre os fatores que pesam nesse movimento, estão a trajetória de queda dos juros só interrompida neste ano e a recente instabilidade política. Segundo o Banco Central, o total de investimentos financeiros fora do País somou US$ 61,6 bilhões de janeiro a agosto, alta de 44% em relação ao fim de 2020. Nem o dólar valorizado esfriou essa procura por segurança.
“Investir no exterior deixou, há muito tempo, de ser uma proteção cambial. É uma diversificação”, comenta o responsável pela área de gestão de fortunas do BTG Pactual, Rogério Pessoa. Segundo ele, apesar de o mercado brasileiro estar a cada dia mais sofisticado, os EUA oferecem um leque de produtos muito maior. Hoje, o banco recomenda aos clientes muito ricos – com mais de R$ 10 milhões para investir – uma alocação de 30% no exterior. A média para esse público, hoje, está entre 15% e 20%.
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Embora momentos turbulentos, como o da crise política, incentivem as pessoas a olhar para fora, o executivo do BTG diz que investimento sempre requer calma. “O importante, no fim do dia, é ter um portfólio balanceado.”
O Itaú Unibanco tem hoje cerca de 27% do patrimônio de seus clientes aplicados fora do Brasil. O diretor do Itaú Private Bank, Felipe Nabuco, diz que esse porcentual vem subindo por razões óbvias. “Nos últimos dez anos, o mercado internacional teve um desempenho bem melhor do que o daqui.”
Olhar no pequeno
A Avenue, corretora americana de ex-sócios da XP, bateu recorde de novas contas e hoje tem 350 mil clientes. “Hoje, o pequeno investidor pode ter acesso às mesmas opções da alta renda”, explica o sócio Alexandre Artmann.
Além da fronteira
- Como investir: Quem não é milionário também pode investir no exterior. Para isso, é preciso abrir uma conta em uma corretora (há algumas ligadas a bancos).
- Como funciona: O investimento será feito pela Bolsa brasileira, mas via BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que representam ações listadas nas Bolsas estrangeiras, como Apple ou Amazon, por exemplo.
- Opções: Além dos BDRs, é possível investir nos ETFs, que são fundos de índices – eles replicam o desempenho de várias Bolsas mundo afora.
- Câmbio: As ações originais são negociadas em dólar, por isso, as variações do câmbio impactam no preço dos BDRs, cotados em real.