- A recomendação é que investidores sejam cautelosos na hora de comprar ações esperando uma melhora do setor
- A redução dos estímulos do governo, a queda na renda média e a alta da inflação estão entre os principais fatores apontados para que não ocorra um balanço comercial acima do que é esperado
(Jorge Barbosa, especial para o E-Investidor) – A Black Friday está chegando e as expectativas sobre a valorização das ações varejistas por conta do evento, que ocorrerá em 26 de novembro, não são as mais otimistas.
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A recomendação é que investidores sejam cautelosos na hora de comprar ações esperando uma melhora do setor, apesar de a época ser marcada por fortes aumentos nas vendas e retorno de faturamento às empresas. A redução dos estímulos do governo, a queda na renda média e a alta da inflação estão entre os principais fatores apontados para que não ocorra um balanço comercial acima do que é esperado.
Para Nicolas Merola, analista de CNPI de ações e fundos da Inversa, a opção em comprar ações varejistas apostando na alta de vendas com a Black Friday pode trazer mais riscos do que uma situação de benefício ao investidor.
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“A taxa de juros aumentou, a atividade econômica ainda não se recuperou e o nível de consumo ainda não está bom, então com todos esses fatores, além do fato de o investidor ter que se posicionar esperando exclusivamente uma quebra de expectativa, faz com que quem está apostando sofra muito mais risco do que a possibilidade de ter um resultado positivo”, avalia Merola. “Por isso, não estamos achando interessante e não tomaríamos a posição de aumentar os investimentos só por conta da proximidade da Black Friday”.
Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, pondera que oportunidades podem surgir com o impulsionamento do varejo em função da melhora da pandemia no País. Contudo, ele avalia que existem desafios e a estratégia do investidor precisa estar bem estruturada para que o retorno fique positivo.
“A gente tem dois lados, o positivo e o negativo. Na parte positiva, temos a inclusão do comércio físico, isso impacta não só empresas como a Via Varejo, mas também o setor de shoppings, que também é um segmento bem depreciado na Bolsa de Valores, assim como todas as outras lojas de varejo”, diz. “Na parte negativa, tem uma concorrência muito forte das empresas asiáticas como a Shopee e Aliexpress, então o mercado também sente muito essa ameaça, isso claramente tem refletido nas ações”.
Phil Soares, chefe de análise da Órama, também não enxerga perspectivas muito animadoras para o varejo. Para ele esse aumento do faturamento costuma ser esperado, por isso, o que pode valorizar as ações é a hipótese das vendas de final de ano virem acima do consenso. Contudo, ele acredita que o investimento na Via Varejo pode ser uma opção viável e que a queda nas ações do varejo pode tornar a operação de compra mais atrativa.
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“A percepção do mercado é a de que as vendas virão fracas, com o fim dos estímulos do governo e uma taxa de juros mais elevada. Em contrapartida, recentemente a bolsa sofreu uma forte queda e as ações do varejo foram as que caíram de forma mais acentuada. Com isso, nós vemos a compra das ações das empresas nesse setor como atrativa, com destaque para a Via. Nos últimos meses, o preço dessa empresa caiu mais de 50%, hoje ela é avaliada em R$ 11 bilhões. Vemos as ações da Via como o investimento mais atrativo no varejo hoje”, disse Soares.
A Via Varejo atingiu um faturamento de R$ 3 bilhões em vendas com o Black Friday em 2020, o número marcou um aumento de 37% do volume total em comparação com 2019, quando a companhia atingiu um total de R$ 2,2 bilhões.