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Comportamento

Zoom se vê em condições de brigar com Google, Cisco e Microsoft

Ferramenta de videoconferência passou dos 260 mil usuários pagantes no fim de abril

Zoom se vê em condições de brigar com Google, Cisco e Microsoft
Usuário manuseando o Zoom: ferramenta ganhou popularidade e rendeu milhões em meio à pandemia de coronavírus. Gabby Jones (Bloomberg/ Washington Post)
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  • Zoom projeta vender US$ 500 milhões no trimestre atual
  • Mesmo com o relaxamento da quarentena pelo mundo, ferramenta garante ter uma base robusta de usuários até o fim do ano
  • Empresa estima fechar 2020 com volume de negócios de US$ 1,8 bilhão

(Nico Grant, Washington Post/ Bloomberg) – A Zoom Video Communications Inc. comprovou a transformação do seu aplicativo de nicho em um popular serviço de comunicação, ao demonstrar a forte adesão de clientes pagantes ao seu software de reunião virtual, posição beneficiada pelas restrições ao atuais ao trabalho, ao ensino presencial e à vida cotidiana.

Zoom informou que as vendas dispararam no trimestre encerrado em 30 de abril, quando a pandemia de coronavírus provocou uma onda de recomendações e ordens  para que milhões de pessoas em todo o mundo ficassem em suas casas. A empresa espera que a tendência continue no resto do ano e projetou que receita e lucro superem as expectativas anteriores dos investidores.

“Uma mudança na cultura do trabalho desencadeada pela pandemia de covid-19 induz as empresas a adotar de ferramentas de videoconferência em nuvem”, escreveu Boyoung Kim, analista da Bloomberg Intelligence, em nota. A “tecnologia intuitiva e o forte reconhecimento da marca da Zoom devem ajudar a empresa a conquistar participação de mercado em videoconferência, tomando a dianteira da indústria”.

Previsão de US$ 500 milhões em vendas no trimestre

As vendas no trimestre atual chegarão a US$ 500 milhões, informou a empresa com sede em San Jose, Califórnia, na terça-feira (2). A receita no terceiro e quarto trimestres fiscais deve ser consistente com esse desempenho, disse a diretora financeira Kelly Steckelberg durante uma teleconferência. No geral, o Zoom espera gerar até US$ 1,8 bilhão neste ano fiscal, o que é quase o triplo do volume de negócios no ano passado. Analistas, em média, estimam US$ 930,8 milhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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As ações da Zoom subiram 6,6% para US$ 221,80 às 11h44 da quarta-feira (3) em Nova York, depois de fecharem em um recorde de US$ 208,08 na terça-feira. As ações triplicaram este ano.

O CEO Eric Yuan busca garantir que sua plataforma de reunião virtual possa lidar com o aumento da demanda de pessoas que ficam em casa para reduzir a disseminação da covid-19. Embora questões de segurança e privacidade assolassem o sistema no início da quarentena, o Zoom se tornou um serviço essencial, atraindo mais de 300 milhões de participantes em alguns dias, contra 10 milhões em dezembro. O fabricante do software permite reuniões de até 40 minutos sem nenhum custo. Enquanto o Zoom tem causado mais barulho do que seus rivais, os resultados sugeriram na terça-feira que o software pode atrair os clientes pagantes necessários para competir contra serviços da Microsoft, Cisco Systems e Google.

Mercado potencial supera US$ 43 bilhões até 2022

A fabricante de software disse que seu mercado potencial expandiu além de uma estimativa de US$ 43 bilhões em 2022 feita pela consultoria de mercado IDC, de acordo com um documento regulatório de 2019. E os executivos disseram que expandiram os planos de contratação para aproveitar a oportunidade. Enquanto Steckelberg alertou que o fim da quarentena pode levar menos pessoas a usar o software da Zoom, a empresa disse que ainda não viu os números declinarem nas áreas que foram reabertas.

Muitas instituições de ensino que lecionam através do Zoom decidiram sediar aulas virtuais pelo menos até o outono, apontando uma demanda robusta pelo aplicativo até o final do ano. Para continuar crescendo em um ritmo forte, a Zoom venderá seu software de telefone e produtos de hardware para clientes existentes, acrescentou Steckelberg. Yuan prometeu não recorrer à publicidade para ganhar dinheiro com suas legiões de usuários gratuitos.

No primeiro trimestre fiscal, a receita aumentou cerca de 170%, para US$ 328,2 milhões. Analistas, em média, esperavam US$ 203 milhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. O lucro, excluindo alguns itens, foi de 20 centavos de dólar por ação, comparado com a projeção média dos analistas de 9 centavos.

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A empresa disse que espera que o lucro ajustado no ano fiscal seja de US$ 355 milhões a US$ 380 milhões, ou US$ 1,21 a US$ 1,29 por ação. Os analistas estimaram 46 centavos, pouco mais do que a previsão anterior do Zoom. A empresa vem gastando para reforçar sua capacidade de rede, inclusive comprando serviços de computação em nuvem da Oracle Corp. durante a pandemia. O Zoom também continua a usar o serviço de nuvem da Amazon, que forneceu a maior parte da nova capacidade.

Os usuários diários do Zoom caíram para um pouco abaixo dos 300 milhões revelados em abril, mas Steckelberg disse que a empresa espera superar consistentemente esse marco no futuro.

A empresa disse que encerrou o trimestre com cerca de 265.400 clientes com mais de 10 funcionários, um aumento de mais de quatro vezes em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa agora tem 769 clientes corporativos que gastaram mais de US$ 100.000 em produtos da Zoom nos últimos 12 meses, cerca do dobro do ano anterior.

Usuários gratuitos não terão criptografia de ponta a ponta

Com a popularidade do Zoom, houve controvérsia sobre as práticas de segurança da empresa. Os trolls invadiram inúmeras reuniões, encontros religiosos e outros eventos para compartilhar pornografia e gritar palavrões ou epítetos raciais, em um fenômeno conhecido como “Zoombombing”. A empresa destacou ou criou uma série de ferramentas que os usuários podem usar para impedir ataques virtuais, incluindo senhas e salas de espera.

Também houve casos em que as chamadas do Zoom foram roteadas através de servidores na China, mesmo quando nenhum participante estava lá e os usuários estavam enviando inconscientemente metadados para o Facebook Inc. quando eles entraram. A empresa comprometeu-se a em três meses reforçar a privacidade, adquirindo uma empresa de mensagens seguras, a Keybase, para trazer o mais alto padrão de criptografia para a plataforma e contratando especialistas em segurança cibernética para orientar os esforços de segurança.

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Os clientes corporativos terão acesso ao serviço de criptografia de ponta a ponta agora em desenvolvimento, mas Yuan disse que os usuários gratuitos não terão esse nível de privacidade, que torna impossível para terceiros decifrar as comunicações.

“Para usuários gratuitos com certeza não queremos dar isso (criptografia de ponta a ponta) porque nós também queremos trabalhar com conjunto com o FBI e com as autoridades locais caso algumas pessoas usem o Zoom para finalidades ruins”, disse Yuan.

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