Derrocada do petróleo abre oportunidades em Petrobras, 3R e PetroRio

As ações da PetroRio (PRIO3) fecharam a quarta-feira (13) em queda de 2,92%, aos R$ 21,59. Os papéis da 3R Petroleum (RRRP3) seguiram pelo mesmo caminho, com uma baixa ainda maior, de 5,55%, aos R$ 28,60. A única petroleira do Ibovespa que manteve alguma resiliência era a Petrobras (PETR4). Os ativos da estatal chegaram a cair 0,5% na abertura do pregão, mas conseguiram inverter o fluxo e finalizaram o dia com uma leve alta de 0,071%, aos R$ 28,25.

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De acordo com Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, o movimento acontece em função da derrocada dos preços do petróleo nos últimos dias. O contrato futuro para setembro do barril de Brent, que serve de referência para essas companhias, caiu 6,8% somente na última terça-feira (12), aos US$ 98,91.

Na sessão de ontem, o óleo seguiu tendo dificuldades para se firmar no campo positivo, mas conseguiu fechar em leve alta de 0,47%. Em 30 dias, no entanto, a cotação do barril acumula uma baixa 18,4%. No mesmo período, PETR4, PRIO3 e RRRP3 cederam 3,38%, 16,25% e 31,93%, respectivamente.

Os temores relacionados a uma possível desaceleração econômica global estão por trás da queda dos preços do Brent, segundo o analista. O racional é de que, com um crescimento menor ou até mesmo uma possível recessão nas principais economias do mundo, a demanda por petróleo também diminua.

“O mundo inteiro está preocupado com uma possibilidade de recessão nos EUA e Europa”, afirma França. “A China também voltou a identificar casos de covid em algumas regiões e indicou que pode adotar medidas mais restritivas (lockdowns). Se a segunda maior economia do mundo voltar a fechar, a demanda por petróleo também é afetada.”

Na quarta-feira, a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo a previsão de demanda de petróleo para 2022 em 1,7 milhões de barris por dia.

França, da Ágora Investimentos, explica também que a resiliência maior de Petrobras nesse cenário de quedas do petróleo se deve a maior liquidez do papel em relação aos pares do setor. Além disso, a expectativa de pagamentos de dividendos pela estatal também é superior, o que chama a atenção dos investidores e sustenta o movimento comprador em PETR4.

Recomendações

Apesar do curto prazo mais complexo para o petróleo, a Ágora Investimentos tem recomendação de compra para as três petroleiras do Ibovespa. O preço-alvo para PetroRio é de R$ 45 (potencial de alta de 108,4%), enquanto para 3R Petroleum e Petrobras os preços-alvos são de R$ 111 e R$ 50, representando potenciais de alta de 288% e 78%, respectivamente.

O valuation descontado dos ativos é o principal motivador para a indicação. “Claro que a expectativa de preço do petróleo é super relevante para a previsão de resultados dessas empresas. Só que nas nossas estimativas, já tínhamos a ideia de que haveria um movimento de redução de preços de forma gradual nos próximos anos”, diz França.

Para o analista da Ágora, uma revisão só seria feita caso a commodity caísse muito além do esperado, impactando assim as perspectivas de lucro das companhias.

Já a XP Investimentos não cobre os papéis da PetroRio. Contudo, tem recomendações de compra para Petrobras e 3RPetroleum. No caso da estatal, a alta qualidade dos ativos do pré-sal, preços descontados e potencial de pagamento de dividendos robustos em 2022 chamaram a atenção. O preço-alvo da XP para PETR4 é de R$ 47,30, o que representa um salto de 67,4% em relação à cotação atual.

“Entretanto, vemos alto potencial para volatilidade nas ações em 2022, à medida que as eleições presidenciais se aproximam”, diz André Vidal, head da XP de óleo, gás e materiais básicos, em relatório.

Em relação à 3R Petroleum, a carteira diversificada da empresa e o alto crescimento da produção estimada para os próximos anos foram fatores que motivaram a recomendação de compra da XP. O preço-alvo estimado pela casa para RRRP3 é de R$ 82,50, 188,5% superior ao patamar atual.

A Nord Research, por sua vez, tem preferência por PetroRio entre as três companhias de petróleo do Ibovespa por uma combinação de alto potencial de crescimento e boa gestão. A casa de análises opta por ficar de fora de Petrobras em função dos riscos políticos e baixas expectativas de crescimento dos resultados para o futuro.

“Petrobras é uma gigante e, para conseguir crescer seus resultados de forma relevante, a empresa precisaria encontrar campos gigantescos, como foi com o pré-sal”, afirma a Nord, em relatório.

Já o case de 3R Petroleum seria também positivo, com boas possibilidades de crescimento e aquisições relevantes. Contudo, segundo a Nord, a jovem petroleira ainda precisaria ‘provar’ que vai conseguir operar e revitalizar todos os campos adquiridos e impulsionar sua produção no longo prazo.

“Antes do seu IPO em 2020, a companhia praticamente não tinha histórico de produção e de resultado, a estratégia era crescer através das aquisições. Do seu IPO até hoje, a companhia passou de 4 ativos para 9”, diz a Nord, em relatório.

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