- A prisão do policial militar aposentado Fabrício Queiroz surpreendeu a abertura de mercados locais na manhã desta quinta-feira
- De acordo com o Ministério Público de SP, Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, em Atibaia (São Paulo), e foi transferido de helicóptero para o Rio de Janeiro
- Wassef é advogado de Flávio no caso Queiroz e do presidente Bolsonaro no caso Adélio Bispo. O advogado participou da cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em Brasília
A prisão do policial militar aposentado Fabrício Queiroz, próximo do clã Bolsonaro e ex-assessor parlamentar do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro, surpreendeu a abertura de mercados locais na manhã desta quinta-feira (18).
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De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, em Atibaia (São Paulo), e foi transferido de helicóptero para o Rio de Janeiro.
Wassef é advogado de Flávio no caso Queiroz e do presidente Jair Bolsonaro no caso Adélio Bispo, que atingiu com uma facada o então candidato à Presidência em 2018 em Juiz de Fora, Minas Gerais. O advogado, que participou na quarta-feira (17) da cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em Brasília, afirmou, em ao menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro de Queiroz.
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Entre os efeitos já sentidos pela prisão do militar aposentado, está a alta do dólar, que renovou máxima a R$ 5,360 (+1,89%) no mercado à vista, impulsionado também pela redução da Selic na quarta-feira. Especialistas, contudo, afirmam que a prisão ainda não traz maiores efeitos para o mercado de ações. Confira análises a seguir.
Alan Gandelman, CEO da Planner Corretora
“Não acredito que a prisão em si seja um fator de relevância, mas temos que ver se esse fator bota mais lenha na fogueira do embate bate-assopra que estamos vivendo hoje na política. O mercado está olhando mais para o mercado externo e números internos de atividade econômica , PIB e outros, para medir o verdadeiro impacto da pandemia nas empresas.”
“No momento, os investidores estrangeiros estão bem mais fora do que dentro. A pandemia e a situação econômica do País potencialmente causada pelo coronavírus ainda afugenta mais do que qualquer outra coisa. Crises políticas para o estrangeiro tem menor relevância. Ou seja, o investidor segue observando os efeitos do coronavírus, quando começará uma melhora da economia com o começo da reabertura e se as reformas administrativas e fiscais vão avançar.”
João Beck, especialista em investimentos e sócio da BRA
“O simples ato da prisão do Queiroz, a princípio, não traz grandes turbulências no mercado. É mais um capítulo importante na investigação que piora a relação de governo, principalmente entre o Executivo e o STF. Obviamente que também pressiona o dólar, que está subindo agora. É importante lembrar que ontem houve uma decisão de política monetária de baixar a taxa de juros. Isso também reforça ainda mais o dólar para cima, que sobe hoje por volta de 2%”.
“A prisão pode ser um agravante, mas é uma notícia muito pequena perto de tudo que tem acontecido nas últimas semanas, principalmente essa aproximação com o Centrão, que deixou o mercado mais tranquilo em relação a qualquer ruptura que possa afetar mercado. O que causaria, talvez, uma turbulência muito forte nos mercados seria a divulgação pública de algum flagrante na forma de áudio ou algum documento com assinatura, que incriminasse o filho de Bolsonaro e, por consequência, afetaria ainda mais o presidente e sua popularidade.”
Jefferson Laatus, do Grupo Laatus
Em entrevista ao Broadcast, Jefferson afirma que o dólar amplia a alta reagindo à prisão de Fabrício Queiroz e da sua esposa, o que bate na veia na família Bolsonaro e reacende o temor de que a investigação leve à prisão do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro.
Para Laatus, se não fosse o fator Queiroz, o dólar poderia passar por alguma realização, após acumular alta de 8% nas últimas oito sessões.
Gustavo Almeida, analista de ações da Spiti
“O mercado é uma resultante de várias notícias que estão acontecendo simultaneamente. Agora, o mercado lá fora está trabalhando na baixa. O nosso mercado, na contramão, está trabalhando na alta. Essa notícia tende a impactar conforme ela fique mais concreta. Porque uma coisa é prender uma pessoa próxima, outra coisa é, a partir dessa prisão, encontrar algo que realmente venha a comprometer o presidente. Por enquanto, isso está em uma janela de suposição e o mercado não está dando tanta importância”.
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“A prisão, de alguma forma, traz um risco para o presidente. Pode ficar mais cara a aprovação das reformas, por exemplo. Então acaba que tem espaço para o mercado fazer um ajuste em função de toda a alta até então. A gente não pode esquecer do contexto envolvido. É um período de quarentena, tem ainda algumas incertezas em relação a questão de saúde, de uma segunda onda de coronavírus.”