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O que esperar das ações do Itaú (ITUB4) nos próximos 12 meses?

Analistas ainda acreditam em alta demanda por papéis dos bancos

O que esperar das ações do Itaú (ITUB4) nos próximos 12 meses?
Foto: Pilar Olivares/Reuters
  • Os bancos brasileiros cresceram em tal medida que juntos detêm 1/5 das ações negociadas na B3, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, onde o setor de tecnologia tem peso muito superior ao financeiro
  • Só o Itaú, com mais de 90 anos de história e atuação em 20 países, soma mais de 90 mil colaboradores, cerca de 5 mil agências no Brasil e no exterior, quase 60 milhões de clientes e mais de 95 mil acionistas
  • O desempenho dos bancos na Bolsa, assim como outros setores, tiveram um forte impacto devido à pandemia. Nesta terça-feira (11), as ações do ITUB4 registram queda de 27,80% no ano, com cotação de R$ 25,97 por volta das 13h

O Itaú Unibanco (ITUB4) é um dos nomes de maior peso no mercado de capitais brasileiro, sendo a terceira companhia mais valiosa (US$ 44,58 bilhões) da América Latina. O maior banco privado do Brasil tem papel de destaque na Bolsa, com o segundo maior peso (6,916%) no Ibovespa. Consequentemente, gera muito interesse entre investidores.

Os bancos brasileiros cresceram em tal medida que, juntos, detêm 1/5 de todo o volume de ações negociadas na B3. Já em outros países, como os Estados Unidos, o setor financeiro tem peso muito superior ao de tecnologia, por exemplo, na bolsa de valores.

O gestor de renda variável Fernando Siqueira, da Infinity Asset, explica que o elevado patamar de valor de mercado das instituições financeiras brasileiras se deve a alguns aspectos, como a atuação em escala nacional e o histórico de investimentos.

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“Os bancos são empresas grandes, que atuam no Brasil inteiro e com muito capital investido ao longo de anos”, observa Siqueira.

Só o ITUB4, com mais de 90 anos de história e atuação em 20 países, soma mais de 90 mil colaboradores, cerca de 5 mil agências no Brasil e quase 60 milhões de clientes e 95 mil acionistas no exterior.

O gestor de renda variável da Infinity Asset, contudo, avalia que os bancos negociam na Bolsa com um valor relativamente baixo em relação ao tamanho dos seus patrimônios. “Situação muito diferente das empresas de tecnologia, que negociam com uma relação preço sobre valor patrimonial muito maior do que os bancos”, diz Siqueira.

Dada a relevância das instituições financeiras no cenário nacional, o E-Investidor questionou os leitores sobre qual ação de banco merecia uma análise, e o Itaú Unibanco venceu a enquete com 36,7% dos votos.

Como o mercado analisa as ações do ITUB4?

O desempenho dos bancos na Bolsa, assim como outros setores, sofreu um forte impacto devido à pandemia. Nesta quinta-feira (13), as ações do ITUB4 fecharam o dia estáveis em R$ 24,50, mas acumulam queda de 31,86% no ano.

O recuo no preço dos papéis também é visto nos concorrentes, como Bradesco (BBDC3), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11), que apresentam queda no acumulado de 2020 de 36,51%, 36,59% e 38,86%, respectivamente.

Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos, afirma que na terça-feira (11) havia 14 recomendações de compra, nenhuma de venda e seis neutras para o Itaú Unibanco. Para ele, o aumento de 165% nas provisões do banco para perdas com empréstimos foi bem visto pelo mercado.

“O Itaú é disparado o banco que mais aumentou as provisões. Isso é muito bem visto pelo mercado porque ele está com um ‘colchão’ grande, provisionando perdas com empréstimos”, diz Musa.

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Contudo, o sócio da Acqua lembra que as carências dos empréstimos feitos no período inicial da pandemia de covid-19 começam a vencer em setembro, o que deve ter impacto na inadimplência. E o banco pode sentir uma menor exposição à expansão de crédito no Brasil.

“Agora, com os juros muito baixos, você tem uma expansão do crédito. Até por conta da demanda de covid-19, com todo mundo endividado, precisa ter crédito para rodar [a economia]. E o Itaú tem uma menor exposição ao crédito. Isso é pior”, avalia Musa.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, tem recomendação de compra para ITUB4 nos próximos doze meses. Para ele, o papel é um bom negócio no momento devido ao atual preço sobre o valor patrimonial do banco estar abaixo do seu histórico.

“É possível a ação avançar em preço. Sabemos dos desafios futuros, o próprio aumento [da concorrência] das fintechs, a questão da regulação para frente. Mas existe espaço para um ganho de eficiência, melhor disposição de custos e despesas, e os papéis podem, sim, ser negociados a um preço maior”, considera Arbetman.

O que esperar para os próximos 12 meses

Forte concorrência de plataformas digitais, risco de alta inadimplência e questões regulatórias são alguns dos desafios não só para o Itaú Unibanco, como aos demais bancos, no próximo ano.

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Musa explica que o setor bancário ainda está descontado frente a outros segmentos. Portanto, o sócio da Acqua acredita que há chances de valorização, pois deverá haver uma procura pelos papéis.

“A expectativa das casas de análises é de call de compra do Itaú. A projeção para esse banco, daqui a um ano, é de valores bastante mais altos do que os que estão agora”, anuncia Musa.

O gestor também explica que investidores precisam considerar questões macro neste cenário. “Se o País romper a regra do teto de gastos e a dívida entrar em uma trajetória ascendente, não apenas os bancos mas todos os setores da Bolsa vão sentir”, frisa Musa.

Mas ele acrescenta que há expectativa de que os Bancos Centrais permaneçam injetando dinheiro nas economias por mais algum tempo e o cenário de juros baixos devem ajudar na manutenção do Ibovespa e de bolsas mundiais nos atuais patamares.

Como estão as contas do ITUB4?

O balanço do Itaú Unibanco, referente ao segundo trimestre de 2020, mostrou uma queda de 40,2% no lucro líquido recorrente, com um total de R$ 4,2 bilhões, contra R$ 7,03 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Já na comparação com os três primeiros meses deste ano, o resultado do segundo trimestre apresentou uma alta de 7,5%. De janeiro a junho, o lucro líquido somou R$ 8,1 bilhões, uma de redução de 41,6% ao primeiro semestre de 2019.

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Os resultados do trimestre estavam dentro das expectativas de mercado. O serviço Prévias Broadcast, por exemplo, projetou um resultado médio de R$ 4,207 bilhões para o período, com base em seis bancos e casas de investimento.

Em relação a empréstimos, houve um crescimento motivado pelo crédito corporativo. Comparado ao primeiro trimestre, o banco emprestou 3,6% mais a grandes empresas em abril, maio e junho. Entre as micro, pequenas e médias empresas, o crescimento foi de 2,8%. Já entre as pessoas físicas houve queda de 3,9%.

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