- Os especialistas ouvidos pelo E-Investidor lembram que, antes de qualquer decisão, é preciso entender quais são os objetivos de cada pessoa, assim como os prazos desejados de retorno
- Apesar de terem liquidez diária, ou seja, o investidor pode sacá-lo quando for necessário, os títulos pré-fixados do Tesouro, como o IPCA+, não são recomendados para objetivos de curto prazo, como a reserva de emergência. A depender das condições do mercado, o investidor pode ter algum prejuízo na hora de vendê-los
- A renda variável oferece riscos, logo, é recomendada para perfis mais dinâmicos e agressivos. Mas com a taxa de juros no piso histórico, percebe-se uma migração para ativos mais arriscados também por perfis mais conservadores. Nestes casos, a recomendação é cautela
Já pensou em reinvestir o valor que você ganhou com seus investimentos? É verdade que é sempre animador quando suas aplicações trazem retorno financeiro. Porém, seja com o pagamento de prêmios, dividendos ou juros, é importante pensar em como usar esse dinheiro.
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Nesse sentido, caso não haja um objetivo-fim no momento, como dívidas a pagar, uma boa opção é reinvestir, já que existem diversas opções disponíveis no mercado que podem ampliar ainda mais os seus rendimentos.
Confira as dicas que o E-Investidor separou para que você possa fazer reinvestimentos com maior segurança e ser capaz de alcançar as suas pretensões!
Quais são as principais oportunidades de reinvestimentos?
Existem oportunidades de reinvestimento tanto para renda fixa como variável, são várias alternativas diferentes para quem pretende reinvestir um ganho anterior.
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Por exemplo, o Tesouro Nacional tem títulos prefixados que pagam entre 11,44% e 11,64% ao ano, como o Tesouro Prefixado 2025 e Tesouro Prefixado com juros semestrais 2033.
Algumas empresas também anunciaram em tempos recentes que vão pagar dividendos aos acionistas, com cifras milionárias e até bilionárias. É o caso de Eletrobras (R$ 1,5 bilhão), Petrobras (R$ 10,3 bilhões) e Telefônica (R$ 300 milhões).
Contudo, fica um alerta! Os especialistas lembram que é preciso cautela ao migrar para o mercado acionário por ser um cenário mais imprevisível. Assim, é fundamental estudar e, se possível, buscar acompanhamento profissional ao fazer seus reinvestimentos.
Qual é a melhor forma de reinvestir: curto ou longo prazo?
A melhor forma de reinvestimento é a que supre as necessidades e objetivos do investidor, dentro dos prazos desejados de retorno. Isso é determinante na escolha das aplicações, já que reinvestir em aplicações de longo prazo proporciona rendimentos maiores, por exemplo.
Na hora de decidir, é importante levar em consideração o valor da taxa de juros atual, por exemplo, os juros altos podem favorecer alguns tipos de reinvestimentos mais conservadores, como a renda fixa.
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“Se puder diversificar também [os produtos], estará mais protegido ainda”, explica o sócio-gestor da Unniao Investimentos, Marcelo Serrano.
As opções de reinvestimento mais seguras
Para objetivos de curto prazo e perfil conservador, sem apetite a risco, Serrano sugere reinvestir na renda fixa. por exemplo os títulos públicos ou títulos bancários, como:
- CDB (Certificado de Depósito Bancário);
- LCI (Letra de Crédito Imobiliário);
- LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).
Nesse caso, esses investimentos são pós-fixados, em que a rentabilidade é determinada pela taxa Selic, atualmente em 2% ao ano, oferecendo, assim, “risco zero” de variação do patrimônio.
Já para investimentos de longo prazo, o gestor recomenda reinvestir nas Notas do Tesouro Nacional (NTNs), como o Tesouro IPCA+, com vencimentos mais espaçados, que pagam a remuneração da inflação mais uma taxa fixa.
“É importante lembrar que, se o investidor escolher o título pré-fixado ou título IPCA+, ele obrigatoriamente tem que entender que, se quiser sair antes do vencimento, ele está sujeito às condições do mercado”, adverte Serrano.
Também considerando os perfis mais conservadores, o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, indica os títulos com prazos mais curtos, como o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2030, por exemplo. Esticando os vencimentos, é possível aumentar a taxa de retorno.
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“Com mais apetite e recursos e prazo maior, dá para ir para títulos mais longos, evitando qualquer tipo de volatilidade. Os perfis mais agressivos podem investir em um IPCA+ 2040 ou 2055, que têm taxas maiores e mais atrativas”, diz Bevilacqua.
Como a liquidez influencia nos reinvestimentos?
Reinvestir nos títulos pré-fixados do Tesouro, como o IPCA+ não é recomendado para o curto prazo, como a reserva de emergência, apesar da liquidez diária, ou seja, o investidor pode sacar quando for necessário,
Isso acontece porque, dependendo das condições do mercado, o investidor pode ter algum prejuízo na hora de vendê-los.
“Quando fala de Tesouro IPCA+, essa taxa [de rendimento] é aplicada só no final. Pode ter flutuação. Eu não recomendo para quem vai precisar do dinheiro para reserva de emergência entrar neste tipo de título, porque se entra em um dia ruim, em um dia de circuit breaker, o título está despencando também”, alerta Bevilacqua.
Para os casos de necessidade de liquidez, a recomendação do estrategista-chefe da Levante é reinvestir no Tesouro Selic, que segue a taxa básica de juros. Caso o curto prazo não seja mais determinante, é possível alongar para que o retorno seja maior no final das contas.
Como reinvestir por meio de estratégias na renda variável?
Ao reinvestir na renda variável é preciso conhecer os riscos, logo, é recomendada para perfis mais dinâmicos e agressivos, aqueles que estão dispostos a se arriscar visando um rendimento maior.
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“Investidores que buscam retorno em tempo mais curto, mas com uma rentabilidade maior que a Selic, a alternativa é tomar um pouco de risco. Não necessariamente ir direto para a Bolsa”, explica o gestor da Unniao. Ele recomenda reinvestir em produtos mais curtos, como:
- Fundos multimercados;
- Fundos de inflação;
- Fundos de ações.
No caso de investidores menos conservadores, a recomendação de Serrano é reinvestir em produtos de médio e longo prazo, no mínimo um ano. Nesse caso, pode-se iniciar perdendo ou ganhando nos primeiros meses. Por isso, é importante ter paciência com o rendimento.
Já para quem opta pelo reinvestimento em ações, a sugestão é começar por companhias estáveis, que trazem maior segurança ao investidor. Bevilacqua lembra que o mercado acionário não é lugar para se aventurar com a ideia de que “vai ficar rico do dia para a noite”.
“O primeiro passo na Bolsa é sempre procurar empresas boas, consolidadas, sólidas, com modelo de negócio já testado. Sempre recomendo os grandes bancos, as empresas de transmissão de energia. São estáveis, pagam dividendos e têm volatilidade e risco menores”, diz o estrategista da Levante.
Os dois especialistas também lembram que a rápida recuperação da Bolsa após a forte queda no início da pandemia não deve alimentar certezas de que esse cenário vai se repetir.
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