A mineradora Vale (VALE3) poderá fazer uma distribuição extraordinária de dividendos, de US$ 2,4 bilhões, em virtude da venda de uma fatia de sua unidade de metais básicos, e parece que isso ainda não está precificado, disse o BTG em relatório nesta sexta-feira (18). A mineradora está “otimista com as perspectivas de desenvolver mais os ativos de cobre no Brasil, em especial perto de Carajás, mas isso ainda precisa de aprovação do Conselho”, comentaram os analistas do banco.
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Além disso, a Vale mantém os retornos de caixa como prioridade, lembraram os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner. O banco revisou suas estimativas e indicou que o papel negocia a quatro vezes a relação entre o Valor da Empresa (EV) e o Ebitda, com rendimento do fluxo de caixa livre de 9%. “Acreditamos que a companhia pode retornar cerca de 10% a 12% de rendimento aos acionistas na forma de dividendos e recompra de ações.”
“Há uma possibilidade concreta de dividendos especiais de US$ 2,4 bilhões”, conforme os analistas, associada à valoração e ao potencial de crescimento da Vale Base Metals (VBM), que estão subestimados, de acordo com a companhia.
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O banco reiterou sua recomendação de compra para os ADRs da Vale, com preço-alvo para 12 meses em US$ 18 cada, o que representa potencial de valorização de 46,7%. E indicou assimetrias no valor da ação, que está abaixo das mínimas verificadas no lockdown, e na capitalização de mercado de “apenas” US$ 50 bilhões – sendo metade disso relativa à Vale Base Metals.
“Inegavelmente, a Vale conseguiu um preço excelente por sua divisão de metais básicos, em 10 vezes o Ebitda de 2023”, comentaram os analistas. “Sentimos que a Vale está otimista com as perspectivas de desenvolver mais os ativos de cobre no Brasil, em especial perto de Carajás, mas isso ainda precisa de aprovação do Conselho. Após a conclusão do negócio, não descartamos a possibilidade de a Vale pagar dividendos extraordinários de cerca de US$ 2,4 bilhões”, escreveram. “Isso não parece estar precificado ainda.”
Os analistas acompanharam executivos da Vale em um road show realizado em Londres, Boston e Nova York, num momento de “elevada volatilidade e preocupações”.
A empresa está observando tendências de demanda estáveis na China – apesar do colapso do mercado imobiliário -, com os estoques de minério de ferro e aço em tendência de queda, o que pode explicar a permanência dos preços da commodity acima de US$ 100 por tonelada, avaliou o boletim.
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O relatório observa ainda que, passados os contratempos do primeiro semestre, o BTG está mais confiante de que a produção e os embarques, assim como a performance de custos, devem melhorar daqui para frente. No começo do ano, a atividade da gigante brasileira foi prejudicada pelas fortes chuvas sazonais que atingiram o terminal de Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão, por onde a Vale escoa o minério explorado na região Norte.
A Vale reconhece que há muito ceticismo na execução de seus planos, mas reforçou que o custo C1 (engloba mina, ferrovia e porto) deve cair para US$ 20-US$ 21 por tonelada até o final do ano. No final de julho, a mineradora anunciou a elevação do guidance de C1 para US$ 21,50 a US$ 22,50 por tonelada.
“A nossa impressão é de que o custo de caixa C1 do minério de ferro (cerca de US$ 23) no segundo trimestre e a revisão do guidance ofuscaram um trimestre aceitável e uma transição sólida dos metais básicos”, comentaram os analistas do BTG. No primeiro trimestre, o indicador ficou em US$ 23,6 por tonelada, alta de US$ 4,90 na comparação anual.
“A gestão reconhece que a recente apreciação do real tem impactado negativamente nos custos, mas indicou que os números estão atingindo o pico”. De acordo com o boletim, o CFO da Vale, Gustavo Pimenta, apontou que os custos ficaram nivelados nos últimos três anos, e a melhora nos volumes no S11D vai ajudar a diluir os custos de maneira geral daqui para frente.
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Quanto à produção de minério, o BTG disse que a questão é se a mineradora conseguirá convencer o mercado de que sua produção pode crescer de 310 milhões de toneladas para a faixa entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas até 2026. De acordo com o relatório, a Vale vem trabalhando com as autoridades para acelerar os processos de licenciamento. “A companhia está cautelosamente otimista sobre a aprovação da nova Lei das Cavidades, que permitiria um plano de mineração melhor para Carajás.”
“A Vale continua sendo um de nossos nomes preferidos para a exposição à reaceleração da economia chinesa, enquanto o governo se esforça para alcançar a meta de crescimento de cerca de 5% ao ano”, afirmaram os analistas.