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Pão de Açúcar (PCAR3): como ficam as ações da empresa após a venda do Éxito

Ação disparou nesta segunda-feira (16), mas analistas ainda estão cautelosos

Pão de Açúcar (PCAR3): como ficam as ações da empresa após a venda do Éxito
Varejista Casino é controladora do Grupo Pão de Açúcar (GPA) no Brasil. Foto: Pixabay
  • O GPA está com uma uma situação de caixa que continua desafiadora, segundo analista, apesar de melhorar ligeiramente após as vendas de ativos implementadas recentemente
  • Já a Ativa Investimentos destaca, em relatório, que tem recomendação neutra para a ação devido ao ambiente de reestruturação que a empresa enfrenta, bem como as incertezas geradas pelo Grupo Casino

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) é um dos principais proprietários de supermercados do Brasil. Nesta segunda-feira (16), a ação da empresa encerrou o dia em alta de 9,54%, cotada a R$ 3,79. Foi a maior alta do dia, sob o impacto do anúncio, por parte do controlador francês Casino, da venda da rede colombiana Éxito.

O comprador é o Grupo Calleja, detentor da rede varejista de supermercados líder em El Salvador que opera sob a marca Super Selectos. A transação alcançou R$ 790 milhões, sendo realizada por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA). “A operação visa a venda da totalidade da participação remanescente do GPA no Almacenes Éxito S.A., correspondente a 13,31% do capital social do Éxito”, informou o GPA mais cedo.

Ao mesmo tempo, a rede promove uma reestruturação no Brasil: fechou 11 lojas na metade deste ano e embolsou R$ 330 milhões com a operação. O dinheiro foi imediatamente utilizado como reforço de caixa. A companhia busca a desalavancagem, que é diminuir o endividamento bruto total, atualmente em R$ 6 bilhões.

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De acordo com Bruno Benassi, especialista de Ações, Crédito e Fundos Imobiliários da Monte Bravo, as ações do GPA parecem precificar uma companhia que está em um processo desafiador de turnaround — termo que designa uma companhia em dificuldade e que busca recuperação.

O GPA está com uma uma situação de caixa que continua desafiadora, segundo o analista, apesar de melhorar ligeiramente após as vendas de ativos implementadas recentemente. “Enquanto a operação não mostrar números melhores, que indiquem que a operação pode ser mais rentável, vemos dificuldades para as ações da companhia”, destaca.

Neste momento, ele optou por não informar recomendação para a ação e preço-alvo, por uma questão de ajuste que está implementando em sua análise. Porém, lembra que o GPA fez um spin-off de duas operações (Assaí e Êxito), acabou com o Extra, criou o Minuto Pão de Açúcar, algumas outras operações (como a James) e começou um programa de revitalização de suas lojas.

“A saída de operações que eram mais rentáveis e tinham perspectivas de crescimento maior (Assaí e Êxito) foram positivas para os acionistas que mantiveram essas posições”, frisa, complementando que todas as decisões do GPA na tentativa de revitalizar as operações e com isso melhorar suas margens ainda não surtiram o efeito necessário, com a operação trabalhando com margens baixas e tendo dificuldade de ter um modelo de negócio sustentável.

Para o analista, a venda da participação no Éxito, junto com a venda de um terreno no Rio de Janeiro que abrigava uma unidade do Extra, por R$ 247 milhões, são medidas importantes, pois dão fôlego para a companhia atravessar esse turnaround. “Ainda assim, não nos parece suficiente, dada a atual situação da empresa.”

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Casino gera incertezas

Já a Ativa Investimentos destaca, em relatório, que tem recomendação neutra para a ação devido ao ambiente de reestruturação que a empresa enfrenta, bem como as incertezas geradas pelo Grupo Casino. “Nossa postura e nossa recomendação é de cautela para a ação. Para 2024, seguimos com o mesmo pensamento, mas atentos às movimentações de seu controlador”, afirma. O preço-alvo está em R$ 4, pouco mais do que a cotação desta segunda-feira, às 16h (R$ 3,82).

A corretora ressalta que o Casino possui diversas questões financeiras que tenta resolver, mas enquanto a solução não surge, os movimentos acabam por impactar as ações PCAR3 no Brasil. “Caso o Casino decida se desfazer das operações do GPA, o cenário muda e acreditamos que o mercado pode mudar sua percepção com a empresa”, frisa a Ativa em relatório.

A Toro Investimentos, por sua vez, também se mantém neutra para PCAR3, segundo o analista de ações Gabriel Costa. Isso porque o segmento core da empresa, de mercados premium, ainda não se provou consolidado e, mesmo com os movimentos recentes, a alavancagem se mantém elevada.

Ele afirma que o setor tem se mostrado altamente competitivo, com o segmento de atacarejo ganhando market share nos últimos trimestres. Deste modo, acredita que o plano de expansão de 300 lojas pelo GPA até o final de 2024 possui como grande entrave a expansão dos atacarejos, que possuem preços mais baixos e por vezes atraem os clientes dos demais modelos de mercados.

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