- Selic em baixa aumentou a busca dos investidores que desejam viver de renda por ações que pagam bons dividendos
- Louise Barsi recomenda ações que paguem pelo menos 6% de retorno em dividendos por ano para sobreviver com a renda extra
- Especialistas afirmam que não existe um valor fixo para viver desta forma e investidor deve tomar alguns cuidados, como saber escolher as ações e modificar a carteira regularmente
Viver de dividendos é o desejo de muitos investidores. Porém, existe um longo caminho a ser percorrido para transformar esse alvo em realidade, exigindo aprofundamento em educação financeira. Isso leva muitos a se perguntarem: será que é mesmo possível viver da renda de dividendos?
É realmente possível viver de dividendos?
Sim, é possível investir para viver de dividendos. “É totalmente viável viver dessa forma, mas é necessário muito planejamento e disciplina para atingir esse objetivo”, diz Felipe Romcy, sócio fundador e assessor de investimentos da Aplix Capital.
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Antes de começar a viver com a renda de dividendos, é preciso conhecer o dividend yield – o indicador que aponta qual é a porcentagem do pagamento recebido por ação.
Por exemplo, imagine que um papel esteja cotado a R$ 30 e que a empresa pagou R$ 1 por ação nos últimos 12 meses. Para realizar o cálculo, você precisa dividir o segundo valor pelo o primeiro e depois multiplicar por 100.
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Veja: (R$ 1 / R$ 30) x 100. No exemplo acima, o dividend yield é de 3,33% ao ano.
De acordo com Louise Barsi, sócia da AGF, para viver de dividendos é preciso buscar ações que pagam, no mínimo, 6% de retorno por ano. Ela relata que descobriu a “mágica dos juros compostos” quando começou a receber de seu pai, Luiz Barsi uma mesada de R$ 300 por meio de dividendos de uma ação. Dessa maneira, a filha entendeu como se planejar financeiramente para viver de dividendos.
Quanto devo investir para viver de dividendos?
Para viver de dividendos é preciso avaliar a sua realidade com o intuito de saber o valor mensal necessário para se sustentar. “Não há um valor fixo para viver de dividendos e varia de caso a caso, pois as necessidades financeiras são diferentes”, afirma Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo.
Se o seu custo de vida é de R$ 5 mil por mês – o equivalente a R$ 60 mil por ano -, para viver de dividendos é necessário realizar a conta do valor anual necessário e dividir pela rentabilidade de, no mínimo, 6% ao ano. Ou seja: R$ 60 mil / 0,06 = R$ 1 milhão .
Veja outros exemplos na tabela abaixo.
Custo mensal | Investimento em boas pagadoras de dividendos |
R$ 5 mil | R$ 1 milhão |
R$ 10 mil | R$ 2 milhões |
R$ 20 mil | R$ 4 milhões |
R$ 50 mil | R$ 10 milhões |
R$ 100 mil | R$ 20 milhões |
Portanto, o investidor que precisa de R$ 5 mil por mês deve ter R$ 1 milhão em ações de empresas com um dividend yield de 6% ao ano. Já quem precisa de R$ 20 mil mensais terá de investir R$ 4 milhões.
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Quem sonha com um desses montantes precisa realizar um planejamento que permita aportes mensais para atingir o valor e seguir firme na estratégia até alcançar o objetivo.
“O autoconhecimento para definir a meta de quanto é necessário é o básico para começar”, diz Romcy, frisando que quem já possui o patrimônio acumulado basta apenas montar uma carteira diversificada com papéis que pagam bons dividendos.
Como escolher boas ações para viver de dividendos?
Segundo os especialistas, as empresas que costumam pagar bons dividendos no Brasil são as companhias dos setores elétrico e financeiro. “São setores lucrativos e que adotam a política, pois não precisam realizar investimentos internos e sobre mais caixa”, diz o head da Monte Bravo.
Vale lembrar que não são todas as ações que pagam dividendos, pois algumas empresas reinvestem seus lucros para expandir os negócios enquanto outras remuneram os acionistas. Portanto, se você pretende viver de dividendos, é preciso estudar o mercado.
“Há setores muito lucrativos que as companhias não praticam os pagamentos. Não basta só a empresa ter boa performance, ela também tem que adotar a política de dividendos e os investidores devem ficar atentos a isso”, explica Madruga.
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Uma prova disso é que oito das 25 maiores empresas dos Estados Unidos em valor de mercado não pagam dividendos aos acionistas há dez anos (ou desde o IPO, no caso das que ainda não têm 10 anos de vida).
Qual é a melhor pagadora de dividendos?
Depende do momento. Como se trata de uma aplicação em renda variável, os valores dos pagamentos também oscilam. “A boa pagadora de dividendos hoje não necessariamente será no futuro”, ressalta Romcy.
Além de buscar melhores ações, o investidor que deseja viver de dividendos não deve apenas comprar o papel e “esquecer” o ativo em sua carteira.
Ou seja, é de extrema importância acompanhar constantemente como está a performance da empresa, pois o pagamento pode diminuir ou até ser suspenso dependendo do caminho que a situação financeira da companhia tomar.
O investidor que não ficar atento aos resultados internos da empresa pode ficar no prejuízo se houver alguma modificação na política do pagamento de dividendos. “Tem que reciclar a carteira de tempos em tempos”, afirma Romcy, da Aplix.
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Além disso, quem quer viver de dividendos, precisa estar atento à forma de pagamento. Há papéis que remuneram o acionista mensalmente, trimestralmente, semestralmente ou anualmente, é fundamental escolher as ações que pagam os dividendos na data em que o dinheiro será necessário.
“Por isso que não dá para comprar a ação e esquecer dela. Todos precisam verificar periodicamente se todas as questões ainda são favoráveis ao objetivo”, diz Madruga, da Monte Bravo.