- Aumento no número de casos da covid-19 eleva aversão ao risco nas bolsas mundiais
- Especialistas recomendam diversificação para blindar o portfólio contra uma segunda onda da doença
- Investidores não devem desfazer suas posições se a estratégia estiver bem posicionada no longo prazo
Setembro não foi um mês positivo para as bolsas mundiais. O clima de aversão ao risco voltou a assombrar o mercado com o temor de uma segunda onda da covid-19 e derrubou os principais índices acionários.
Leia também
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq acumularam perdas de 2,28%, 3,92% e 5,16%, respectivamente. Já na Europa, o DAX alemão e o FTSE 100 inglês e o PCAC francês recuaram, em ordem, 1,43%, 1,63% e 2,91%.
O mercado brasileiro também entrou na esteira negativa, fechou o período em queda de 4,80% e o Ibovespa retomou a faixa abaixo dos 100 mil pontos.
Publicidade
Neste momento, a maior preocupação dos investidores é com o número de casos aumentando e o risco de novos lockdowns ao redor do mundo. “A segunda onda tem um impacto muito grande no aumento da volatilidade dos papéis brasileiros, mesmo que o aumento de casos não seja aqui”, diz Márcia Guerra, gerente de investimento da Sicredi Vale do Piquiri.
Caso o cenário se confirme, os investidores podem ver a carteira de investimentos sofrer com novos prejuízos. De acordo com especialistas consultados pelo E-Investidor, a saída para evitar que isso aconteça é apostar na diversificação.
Felipe Peixinho, superintendente de produtos da Ágora Investimentos, explica que o investidor deve montar um portfólio descorrelacionado. Ou seja, com produtos que sejam independentes um do outro. “Isso não quer dizer que quando um sobe o outro cai, não é uma descorrelação negativa, mas que os motivos para que eles subam sejam diferentes”, afirma Peixinho.
Quem acredita que o cenário da segunda pode vai se concretizar, portanto, deve observar quais foram os ativos que se beneficiaram no começo da crise. “É importante aprender com a primeira queda e apostar nos produtos de novo, mas nunca montar uma posição 100% em um ativo só”, diz Guerra.
Quais investimentos se beneficiam com a crise
Segundo os especialistas, há diversos produtos que podem blindar o portfólio para os diferentes perfis dos investidores. Para quem é mais arrojado, por exemplo, o superintendente da Ágora recomenda os derivativos. “O ativo funciona como um seguro de carro. Se a pessoa for ‘roubada’, ele compensa a perda, mas se não acontecer nada ele ‘perde’ o valor que comprou o contrato”, diz.
Publicidade
Mas é importante ter atenção. Como essa aplicação é mais complexa, costuma ser recomendada para investidores experientes. “É uma forma de se proteger, mas é para uma parcela muito pequena dos investidores, pois não é qualquer contrato que vai dar certo”, diz o superintendente da Ágora.
Já para quem possui um perfil moderado ou arrojado, mas não possui muita experiência no mercado, a indicação são fundos atrelados ao dólar, metais preciosos, multimercado e a aplicação em Certificado de Operações Estruturadas (COE).
“Em momentos de crises globais, a moeda americana, ouro e prata tendem a se valorizar, pois são defensivos e de alta qualidade. Aumentar posição nesses ativos pode ser uma boa opção para quem enxerga o cenário mais conturbado”, afirma Peixinho.
Em relação aos fundos multimercados, por se tratar de um produto que aposta em diversas estratégias, o ativo é uma boa forma de proteção. “A uma gestão ativa de bons profissionais que ajustam o fundo para evitar grandes quedas”, diz Guerra, da Sicredi.
Publicidade
Sobre o COE, Peixinho frisa que a grande diferença é que o produto protege o capital. Isso significa que, se o ativo subir, a pessoa tem lucro, mas, se cair, não há prejuízo na operação e o valor aplicado é devolvido. “Essa é a beleza do COE, ele protege 100% o investidor.”
No caso de quem é mais conservador, existem produtos de renda fixa que trazem bons retornos para os investidores. Para isso, no entanto, a aplicação deve ser feita em um espaço maior de tempo. “Há títulos pré-fixados do tesouro de dois a três anos que devolvem cerca de 5% a 6%”, diz a gerente da Sicredi.
Não esqueça do longo prazo
Apesar da importância de se proteger no curto prazo, o pensamento dos investidores deve ser de longo prazo. Dessa forma, mesmo que um ativo sofra nos próximos meses, sua perspectiva ainda pode ser positiva e não há porque fazer mudanças na carteira.
Guerra explica que esse é o caso para quem tem ações de empresas consolidadas e bem fundamentadas, como as de e-commerce. “O investidor não pode sair vendendo quando vier a queda, pois é a hora errada.”
Peixinho concorda com essa visão e salienta que tomar decisões no olho do furacão é o pior momento, principalmente se o papel tem boa projeção. “As perdas são ajustadas ao longo do tempo em um portfólio consolidado no longo prazo”, afirma o superintendente da Ágora.
Publicidade
Portanto, os investidores não devem se desfazer de suas posições se os ativos caírem no curto prazo. “Quem investe há mais tempo já está acostumado com isso. Quem está começando agora tem que ficar atento para não cometer esse erro”, diz a gerente da Sicredi.