- Ações da Oi desabaram com rumores de que Nelson Tanure adquiriu participação na empresa
- Analistas de mercado recomendam ao investidor ficar fora do papel
- Procurado, Nelson Tanure não comentou os fatos narrados na reportagem
As ações da Oi (OIBR3) desabaram 16,13% no pregão da última segunda-feira (26), aos R$ 1,04. Por trás da derrocada do papel da operadora de telefonia está a notícia de que o megaempresário Nelson Tanure atua nos bastidores da Trustee DTVM, veículo de investimento que, na semana passada, anunciou a posse de 5,14% do capital da companhia.
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Segundo apurou o Broadcast, Tanure tem o objetivo de controlar a empresa. Vale lembrar que o bilionário é conhecido por avançar sobre o capital de companhias com dificuldades financeiras e promover mudanças significativas. Contudo, sua atuação divide opiniões no mercado, angariando críticos e admiradores – leia mais nesta reportagem.
Dentro da Gafisa (GFSA3), por exemplo, ele é acusado pela acionista Esh Capital de esconder sua real participação na companhia e promover negócios supostamente desfavoráveis para a construtora. Ele também já foi multado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em R$ 1,5 milhão por deixar de comunicar sua posição de acionista controlador quando estava na Prio (PRIO3) e em R$ 130,2 milhões por abuso de poder de controle enquanto acionista majoritário da Verolme-Ishibrás.
Procurado, Nelson Tanure preferiu não comentar.
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“Ele é conhecido por suas estratégias de gestão bem agressivas e que em algumas vezes não trouxeram resultados positivos para o negócio”, diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto investimentos. “Sem dúvida, o mercado se lembra do movimento em Gafisa e de todos os conflitos envolvendo outros acionistas, bem como questionamentos por parte da CVM em alguns momentos, o que pode acabar impactando a fluidez do negócio.”
Lima destaca que a entrada de Tanure pode ser encarada como um elemento de incerteza adicional na Oi. Isto porque a chegada de um investidor com posição relevante pode levantar questões sobre possíveis mudanças na governança corporativa da empresa de telefonia, o que, em um primeiro momento, abala a confiança de investidores no papel.
“Se o investidor estiver disposto a investir na Oi, pode ser prudente não concentrar um grande porcentual do portfólio, especialmente em um caso com tantas incertezas”, diz Lima.
Perdas severas no curto prazo
Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, acredita que a Oi ainda corre o risco de sofrer perdas severas no curto prazo, porque em caso de uma tomada de controle, pode ser necessário a realização de novas emissões de ações. Essas ofertas provocariam uma diluição substancial dos atuais acionistas.
“Esse movimento tornará possível a aquisição de ações, por parte de Tanure, com um menor desembolso de capital. Em seguida, acreditamos que o empresário poderá realizar a venda de ativos da companhia por preços bem inferiores ao valor justo”, diz Belitardo.
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Já Alexandre Pletes, head de Renda Variável da Faz Capital, não vê a aproximação do megaempresário necessariamente como um problema. Contudo, os conflitos mais recentes na Gafisa preocupam os investidores. Pletes ressalta os apontamentos da Esh Capital sobre transações entre partes relacionadas, supostamente realizadas na construtora.
“O mercado enxerga como um possível risco à governança, já machucada, da Oi”, diz o especialista. “A OIBR3 não passa no nosso crivo de empresas para se investir, por diversos aspectos, como o processo de recuperação judicial, governança, volatilidade, entre outros. Desta forma, preferimos ficar de fora do papel.”
Plano de recuperação judicial da operadora
Em 6 de fevereiro, a Oi apresentou a nova versão do plano de recuperação judicial da companhia. A estratégia inclui, entre outras ações, eventuais aumentos de capital, contratação de novas linhas de crédito e venda de ativos, como as participações na ClientCo e V.tal.
No terceiro trimestre do ano passado, último balanço financeiro disponível, a operadora apresentou prejuízo R$ 2,8 bilhões. Entre janeiro e setembro de 2023, o resultado negativo foi de R$ 4,9 bilhões.