- CDB é um investimento de renda fixa em que o tomador empresta dinheiro a um banco
- Bancos pagando 110% do CDI geralmente não oferecem liquidez diária ao investidor
- O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) protege investidores de perdas em renda fixa bancária
Equilibrar risco dos emissores com o retorno dos ativos é um detalhe que o investidor deve levar em conta na hora de montar sua carteira de renda fixa com Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), para conseguir um rendimento de 110% do CDI. É neste retorno que a maioria desses títulos pagam igual a papéis de emissão bancária isentos de Imposto de Renda, como as Letradas de Crédito Imobiliários e do Agronegócio (LCIs e LCAs) – leia mais nesta reportagem.
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Levantamento com a corretora Warren Investimentos e assessorias One Investimentos, ligada ao BTG, e FMB Investimentos, vinculada a XP, mostra 19 CDBS que pagam acima de 110% do CDI, equilibrando o risco dos emissores com o retorno dos ativos. Uma lista com outros 24 produtos compartilhada pela Ágora Investimentos completa a lista com instituições com um pouco mais de risco, totalizando 43 produtos.
CDB é um investimento de renda fixa em que o tomador empresta dinheiro a um banco. Em troca, a instituição paga juros sobre o valor cedido. A rentabilidade pode ser pré-fixada ou pós-fixada, atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a taxa usada como referência para investimentos de renda fixa e gira em torno de 0,10 ponto porcentual abaixo da Selic.
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No geral, para pagar uma rentabilidade de 110% do CDI, os bancos não disponibilizam liquidez diária no papel, o que significa que o investidor não poderá retirar o dinheiro antes do vencimento. Instituições financeiras oferecem a alternativa de resgate para quem precisa vender o título antes da data combinada, mas somente mediante a um desconto, o que, de maneira geral, não fica interessante para quem busca retorno.
Assim, para levar a rentabilidade de 125% do CDI, como era o caso do CDB do Banco Master – título com melhor retorno da lista –, o investidor teria de levar o papel até o mês de maio de 2029, data do seu vencimento.
Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos, diz que produtos como o CDB são voltados para clientes que não têm o objetivo de fazer gestão ativa (ajuste da carteira conforme as condições do mercado) e que abrem mão de um portfólio que pode se beneficiar dos movimentos do momento. "Isso é diferente de produtos mais líquidos como títulos públicos e crédito privado", avalia. Aplicado no CDB, fica mais difícil para o investidor aproveitar a valorização do ativo antes do vencimento.
Nota de crédito do emissor do CDB
Com a Selic a 10,50% ao ano e o CDI pagando na média 0,10 ponto porcentual a menos (10,40%), esses 125% do CDI representam uma remuneração de cerca de 13,1% ao ano, pagos devido ao risco do Banco Master, instituição que tem uma nota de crédito (rating) BBB. O rating de crédito reflete a solidez financeira e a capacidade de um banco ou instituição financeira de honrar suas dívidas. Na classificação dos títulos é possível acessar a informação sobre o rating, assim como prazo, quantidade, preço unitário, carência e vencimento.
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A classificação de rating (.br) se inicia em AAA, passa por AA+, AA, AA-, A+, A, A-, BBB+, BBB, BBB- e segue até a letra D. Uma nota mais alta, como AAA, sugere maior segurança e menor risco de inadimplência, mas geralmente essas instituições mais seguras não oferecem as melhores rentabilidades a exemplo dos papeis acima de 110% do CDI. Na outra ponta, as notas indicam grande probabilidade de calote.
Segurança contra calotes
O risco da renda fixa bancária pode ser dirimido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade privada que protege os investidores contra possíveis perdas em investimentos. "CDBs são bons ativos para se investir. Dada essa proteção, é bem interessante para clientes mais conservadores", afirma Vitor Oliveira, especialista em renda fixa da One Investimentos.
O FGC garante o risco de calote até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira. Por isso, esses investimentos são considerados seguros até esse limite. Desde 2017 o Conselho Monetário Nacional (CMN) criou um teto de R$ 1 milhão a cada quatro anos, por CPF ou CNPJ, para as garantias pagas pelo FGC.
Por esse motivo, o especialista em renda fixa da Manchester Investimentos diz que as notas de crédito dos bancos deve ser uma preocupação maior para quem tem mais de R$ 250 mil investidos. "Neste caso é recomendável olhar os resultados financeiros das instituições e as notícias do setor para não ficar descoberto. Se o banco der calote, o investidor não recebe acima dos R$ 250 mil", comenta. Uma boa forma de diminuir os riscos também ocorre pela diversificação setorial, buscando investir em produtos emitidos por outro tipo de empresa.
Aposta em papéis pós-fixados?
O levantamento do E-Investidor também mostra CDB pagando 121% do CDI, outro com rentabilidade de 120,50%, um terceiro com 120% e mais um a 119% do CDI de instituições com rating semelhantes, BBB e BB+. Todos com investimento inicial de R$ 1 mil e vencimentos a partir de 2027. Geralmente, quanto maior o retorno, maior o prazo de investimento.
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Na ponta de baixo, aparecem os CDBs pagando 112% do CDI, o que, na prática, rendem algo em torno de 11,6% ao ano, com a taxa Selic a 10,50%. Esse títulos vêm de instituições com notas de crédito melhores, caso do C6 Bank, com rating A-.br .
Esse rendimento deverá cair um pouco até o final de 2024, pois o mercado espera uma taxa básica entre 9% a 10% ao ano em 2025.
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Schmitt, da Manchester, lembra que é importante olhar as projeções antes de investir. Para ele, o momento não seria o ideal para se prender em CDBs pós-fixados. "A gente tem um momento de mercado que a taxa Selic, o CDI, vai ser um pouco mais baixa, dado que haverá a troca da diretoria do Banco Central", comenta.
O mercado vem apostando as fichas num Banco Central propenso a taxas de juros mais baixas após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Os quatro votos favoráveis a um corte maior da Selic vieram de indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Oferta de CDBs muda rapidamente
É importante notar que a lista dos papéis analisados muda diariamente, já que muitos desses produtos têm uma quantidade pequena de títulos disponíveis por instituição. Um CDB do PagBank (AAA) a 117% do CDI e vencimento em agosto, por exemplo, só tinha uma unidade em oferta para quem pesquisasse o ativo nesta semana. Por outro lado, o Banco BMG, instituição com nota A de crédito, oferecia mais de 19 mil unidades do CDB 112% do CDI com vencimento em 7 de novembro de 2026, daqui a mais de dois anos.
O prazo de investimento, aliás, surge como uma variável importante de ser analisada ao investir num CDB, pois quanto mais tempo investido, menor a alíquota do imposto de renda a ser paga. O CDB possui tabela regressiva de Imposto de Renda. Quem aplica num papel de até 180 dias, como era o caso daquele CDB do Pagbank, teria de pagar um porcentual bem alto sobre o rendimento: 22,5%. "Até 180 dias os 110% viram 85,25% do CDI", reforça Vitor Oliveira, da One Investimentos.
Da mesma maneira, um investimento de e 181 a 360 dias, a mordida do Leão leva 20% do rendimento, transformando os 110% em 88%. Até 720 (com o imposto chegando a 17,5%), o rendimento líquido cai para 90,75% do CDI e, depois disso, com alíquota de 15%, a rentabilidade vai para 93,5% do CDI. Veja nesta matéria como calcular o rendimento líquido de impostos de um CDB.
Prazo da aplicação (em dias corridos) – Alíquota de IR
- Menos de 180 dias (6 meses): 22,5%
- De 181 a 360 dias (6 meses a um ano): 20,0%
- De 361 a 720 dias (um a dois anos): 17,5%
- Mais de 720 dias (dois anos): 15,0%
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